Todo mundo já ouviu falar que as reservas de água doce potável da Terra, aquela que utilizamos para beber, cozinhar, tomar banho e assim por diante; estão ameaçadas. E, mesmo que ela cubra 70% da superfície do planeta, a água doce só corresponde a 3% de toda água que temos disponível.
Isso significa, resumidamente, que existe um risco real de cidades que podem ficar sem água em um futuro bem próximo. Aliás, para sermos mais justos, mais de 1 bilhão de pessoas já enfrentam problemas de acesso à água doce e potável e, para outros 2,7 bilhões de habitantes, ela falta pelo menos durante pelo menos um mês todos os anos.
Projeções da ONU, por exemplo, calculam que a demanda por água doce pode superar o abastecimento em 40% em 2030. Logo, podemos imaginar o quanto a questão o abastecimento hídrico é delicado e o quanto medidas para conter o uso abusivo e o desperdício de água são urgentes.
Abaixo, por exemplo, você confere algumas cidades que estão na “berlinda” da falta de água potável por completa em alguns anos.
Essas são as cidades que podem ficar sem água:
1. Cidade do Cabo
Essa pode ser a primeira cidade do mundo a ficar em água potável no mundo. Os reservatórios que abastecem a cidade de mais de 4 milhões de habitantes operam com menos de 20% de sua capacidade atualmente.
A evitar o colapso do encanamento municipal, a cidade impôs um limite de consumo de 50 litros diários de água por pessoa, com multas pesadas a quem exceder o limite.
2. São Paulo
A cidade brasileira já enfrentou uma crise hídrica entre os anos de 2014 e 2015, quando seu reservatório principal, o sistema Cantareira, chegou ao menor nível da história.
Para não deixar a cidade completamente sem água, foi preciso que o abastecimento fosse tirado do que os especialistas chamam de “volume morto”, que é a água que fica abaixo dos canos de captação; e reduziu a pressão nas bombas. Essa condição só foi resolvida em dezembro de 2015, quando as chuvas voltaram e o nível da Cantareira voltou a um volume aceitável.
Segundo a ONU, mais que a forte seca que atingiu a região naquela época, as autoridades estaduais são responsáveis pela crise devido à falta de investimentos e de planejamentos adequados. O pior de tudo é que eles não descartam uma nova crise, muito mais intensa e decisiva nos próximos anos.
3. Bangalore
A expansão imobiliária da cidade indiana, depois dela se tornar um centro de tecnologia, acabou desencadeando problemas sérios com os sistemas hídrico e de saneamento. Segundo o governo federal indiano, atualmente, a cidade desperdiça metade de sua água potável devido ao mau estado do encanamento antigo, que precisa de reformas urgentes.
E, como sabemos, assim como na China, as cidades indianas contam com sérios problemas de poluição das águas; por isso não pode se dar ao luxo de desperdiçar água potável assim. Inventários dos lagos da cidade revelam, por exemplo, que 85% deles contam com água que poderia ser usada apenas para irrigação e resfriamento industrial. Nenhum deles tem água potável, nem adequada para o banho, por exemplo.
4. Pequim
Segundo o Banco Mundial, é considerada escassez hídrica quando os moradores de uma localidade recebem menos de 1 mil m³ de água por pessoa. Em 2014, em Pequim, seus mais de 20 milhões de habitantes receberam apenas 145 m³. É por isso que essa está entre as cidades que podem ficar sem água pelo mundo.
Só para que você tenha ideia da gravidade do problema na China, o país abriga 20% da população mundial, mas conta apenas com 7% da água doce do mundo. A expectativa, segundo a Universidade de Columbia, nos Estados Unidos; é de que as reservas do país caiam 13% até 2009 (levando em consideração os níveis do ano 2000).
Como se isso já não fosse suficiente, a poluição é outro grande problema da região. Em 2015, por exemplo, 40% da água de superfície de Pequim estava poluída e imprópria até mesmo para o uso agrícola ou industrial.
Para tentar lidar com a situação, as autoridades chinesas fizeram projetos de desvio de cursos d’água e programas educacionais. Os preços da água para as indústrias também aumentaram, devido à grande demanda hídrica.
5. Cairo
Apesar de ter sido o grande impulsionador do desenvolvimento das grandes civilizações do passado, o rio Nilo está enfrentando uma série baixa em seu nível nos últimos tanto. Tanto que Cairo é uma das cidades que podem ficar sem água futuramente.
Só para que você tenha ideia do que isso representa, 97% da água do Egito vem do Nilo, que também é o destino de uma quantidade crescente de resíduos agrícolas e residenciais sem tratamento. O país, aliás, é o 8ª do mundo em mortes ligadas à poluição hídrica entre as nações de renda nível médio-baixa, ou seja, quando a renda bruta per capita fica entre o equivalente a R$ 3.335 e R$ 13.113.
A estimativa da ONU é que o Egito e, especialmente, a cidade de Cairo, enfrente uma grande crise hídrica em 2015.
6. Jacarta
A capital da Indonésia, na região costeira do país, enfrenta a ameaça de ser submersa pelo oceano. Até agora, 40% da cidade já está abaixo do nível do mar, segundo o Banco Mundial.
Sem contar que metade dos 10 milhões de habitantes sem acesso a água encanada acaba cavando poços ilegais. Isso acaba esvaziando as reservas subterrâneas da região.
Para completar, os aquíferos de Jarcarta não serão reabastecidos pelas chuvas, uma vez que o concreto e o asfalto – que tomam conta da cidade -, impedem que a água seja absorvida pelo solo.
7. Moscou
Um quarto das reservas de água doce do mundo estão no Rússia, mas o país enfrenta sérios problemas de poluição devido ao legado industrial da União Soviética. Por causa disso, o abastecimento hídrico nacional está correndo sérios riscos, especialmente na capital, Moscou, onde 70% do abastecimento vem de reservas de superfície.
Autoridades russas afirmam que entre 35% e 60% de todas as reservas de água potável do país não atendem os padrões sanitários mínimos para suprir as necessidades da população.
8. Istambul
A Turquia já vive o que os especialistas chamam de estresse hídrico, uma vez que o abastecimento per capita (por pessoa) caiu abaixo de 1,7 mil m³ em 2016. E a previsão não é nada boa: a perspectiva é de que a situação piore muito até 2030.
Em Istambul, nos últimos anos, algumas áreas passaram a enfrentar períodos de falta de água nos meses mais secos. Os níveis dos reservatórios da cidade caíram abaixo de 30% da capacidade no início de 2014.
9. Cidade do México
Ficar sem o abastecimento de água é algo quase corriqueiro para os 21 milhões de habitantes da capital mexicano. Estima-se que um em cada cinco habitantes só desfrute do abastecimento de água por algumas horas por semana. E, para 20% da população, o acesso à água encanada só é possível em parte do dia.
A cidade chega a importar 40% de sua água de fontes distantes, mas não conta com nenhuma operação de larga escala para reciclar a água que já foi utilizada, por exemplo. Sem contar que até 40% da água seja perdida por problemas da rede.
10. Londres
Apesar contar com uma precipitação anual de 600 milímetros, menos da metade de Paris e cerca de metade da média de Nova York; Londres atende 80% da demanda de seus rios.
Mas, segundo a prefeitura, ela está entre as cidades que podem ficar sem água nos próximos anos. A cidade está próxima do limite de sua capacidade de abastecimento e deve enfrentar sérios problemas de abastecimento em 2025 e séries crises em 2040.
11. Tóquio
A capital do Japão sofre com sérios níveis de precipitação, semelhante ao da cidade americana de Seattle, apelidada “cidade chuvosa”. O problema é que as chuvas na região japonesa se concentra em apenas quatro meses do ano. Logo, é preciso coletar e armazenar a água para suprir as temporadas de seca.
Na região, 750 edifícios públicos e privados já contam com sistemas de coleta e de reuso da água das chuvas. No entanto, mais de 30 milhões de habitantes de Tóquio depende de reservas de superfície para 75% de seu abastecimento.
Atualmente, investimentos na rede têm como meta reduzir pelo menos 3% do desperdício da água potável.
12. Miami
Miami está localizada no estado americano da Flórida, um dos cinco mais chuvosos do país. Apesar disso, essa é uma das cidades que podem ficar sem água nos próximos anos, uma vez que a água do Oceano Atlântico acabou contaminando o aquífero Biscayne, a principal fonte de água potável da região; devido ao resultado não previsto para o projeto de drenagem de seus pântanos.
O problema foi detectado nos anos 30, mas a água do mar ainda se infiltra na cidade, especialmente devido à elevação do nível do mar cada vez mais acelerada da região, que supera as barreiras subterrâneas instaladas nas últimas décadas.
A falta de água e os problemas que acabamos de citar, já estão se espalhando pelas cidades vizinhas a Miami, como Hallande Beach. Nesse lugar, por exemplo, foi preciso fechar seis de seus oito poços por causa da invasão da água salgada.
E então, o que você está fazendo para polpar água em seu dia a dia? Ou você ainda não se preocupa com a possibilidade de faltar água potável em nossas torneiras algum dia? Não deixe de comentar.
Agora, falando na necessidade de reaproveitar a água, você vai se impressionar com esse outro post: O que acontece quando você coloca ostras em um aquário com água suja?
Fontes: G1, MSN