A bizarra verdade por trás da lavagem cerebral

Mito ou verdade? Entenda porque a chamada “lavagem cerebral” pode ser muito mais perigosa do que as pessoas costumam imaginar.

Lavagem cerebral é um termo muito conhecido. Ele evoca imagens aterrorizantes de pessoas que não tem mais controle sobre suas próprias ações ou pensamentos, sendo forçadas a fazerem coisas que jamais fariam normalmente.

Ainda existem os incrédulos, que dizem que isso não passa de balela, mas a verdade é que a lavagem cerebral é muito mais real do que se imagina. Aqui separamos alguns aspectos que podem provar sua veracidade. 

Entenda a verdade por trás da lavagem cerebral:

1 – Era uma ferramenta comunista

O controle da mente, algo que por muito tempo não era uma preocupação palpável. Mas foi na década de 1950 que começou a se tomar conta de discussões sociais.

Especialmente nos Estados Unidos, quando neste mesmo ano o periódico Miami Daily News publicou a seguinte manchete: “Táticas de Lavagem Cerebral Forçam os Chineses a Fazerem Filas no Partido Comunista”.

O jornalista Edward Hunter, que mais tarde se revelou um agente da CIA, descreveu o uso de antigos segredos para transformar pessoas comuns em fantoches comunistas, enviados para a batalha em nome de Mao Zedong.

Usando a tradução literal de xi-nao (em mandarim) que seriam “lavar” e “cérebro”, fazendo com que não demorasse muito para o público estadunidense começasse a pensar que estavam realmente vendo isso acontecer.

Frank Schwable, um coronel, foi abatido na Coreia em 1952, e no ano seguinte, ele e outros prisioneiros de guerra confessaram, de repente, os mais terríveis crimes de guerra, desde de o uso de germes até ataques a civis inocentes.

Ao final da guerra, cerca de 5 mil ex-prisioneiros relataram histórias parecidas. Apesar de os militares dos EUA negarem que tais confissões fossem verdadeiras ainda fica o questionamento, por que tantas pessoas contam histórias semelhantes?

2 – Tortura e lavagem cerebral têm praticamente o mesmo resultado

Ao mesmo tempo que as pessoas falavam e murmuravam sobre o assunto, psiquiatras e militares tentavam descobrir o que realmente havia acontecido com tantos de seus soldados que o fizessem confessar crimes tão terríveis.

Aos poucos, concluíram que eles não tinham sofrido lavagem cerebral mas, sim, torturas. O psiquiatra Robert Jay Lifton, que trabalhou com veteranos militares e estudou médicos nazistas, apresentou uma lista com oito pontos que definiam o que o governo de Mao chamava “reforma do pensamento”.

Essa reforma trabalhava pensamentos que o governo considerava essenciais para que as pessoas se encaixassem no que acreditavam ser o modelo ideal para que obtivessem total controle sobre a população.

3 – Experimentos que moldaram o que conhecemos como lavagem cerebral hoje

Um psiquiatra escocês, um hospital canadense e o financiamento do governo: um conjunto que mudaria por completo inúmeras vidas no final dos anos 50.

Ewen Cameron trabalhava no Allan Memorial Institute de Montreal, tentando descobrir como alguém poderia ter toda a sua personalidade, memórias e mentes “apagadas” por completo e substituídas por crenças diferentes. Para sua pesquisa, trabalhou com pacientes desavisados, os conduzindo de maneira absolutamente inconsciente.

O caso de Velma Orlikow foi destacado pelo The Guardian. Velma foi ao hospital buscar ajuda para sua depressão pós-parto e escreveu diários sobre suas experiências. Desde os tratamentos de eletrochoque de alta voltagem até a administração de LSD, que faziam com que os pacientes chegassem a esquecer habilidades básicas, ela descreveu que era “como se seus ossos estivessem derretendo”.

Quando os pacientes chegavam a um estado quase vegetativo, eram reintegrados e expostos a repetidas mensagens, por horas a fio, centenas de milhares de vezes. Quando os pacientes começavam a se machucar no meio das sessões, Cameron os colocava em coma induzido por até um mês, continuando a reproduzir as mensagens.

O médico morreu em 1967, nas décadas seguintes as famílias de ex-pacientes buscaram ações legais contra aqueles que financiaram suas experiências cabulosas.

4 – Estudantes que sofreram lavagem cerebral para se tornarem nazistas

Para quem está “de fora” a lavagem cerebral parece algo fácil de ser percebida, mas não. Um bom exemplo disso é a história do professor Ron Jones, da Califórnia, que em 1967 provou o quão sorrateira ela pode ser.

De acordo com o The Guardian, o professor quis fazer um experimento com seus alunos, de quanto tempo levaria para transformar sua turma de história em um estado nazista, resultado: demoraram poucos dias.

Ron começou instruindo os alunos a se sentarem e respirarem de maneira particular e a ficarem atentos ao responderem perguntas. Em seguida foi a vez de implementar uma saudação específica e a seleção de estudantes para uma força policial secreta especial.

Em questão de dias, os alunos fizeram cartazes e cartões de sócio, se atropelando mutuamente por ações que não estavam de acordo com os ensinamentos de Jones, forçando outras pessoas a se unirem à “Terceira Onda“.

Inclusive, alguns alunos até agiram como guarda-costas e, quando o professor disse que eles faziam parte de um movimento nacional, aí é que as coisas saíram do controle. Amizades foram destruídas, brigas começaram e os pais se manifestaram.

E foi só quando Jones convocou uma assembleia e mostrou aos alunos algumas filmagens de comícios de Hitler e nazistas, que eles perceberam o que tinha acontecido. Do começo ao fim, foram necessários cinco dias para transformar uma sala de aula comum do Ensino Médio em um estado totalitário.

Ron Jones foi preso e liberado dois anos depois, proibido de voltar a lecionar. A história foi tão impactante que serviu de base para a criação do filme “A Onda” (2008).

5 – Relacionamento abusivo também é lavagem cerebral

A lavagem cerebral não é apenas sobre prisioneiros de guerra e conflitos em larga escala. É tão frequente em relacionamentos quanto jamais se imaginaria. É uma forma de abuso e acontece, essencialmente, quando uma pessoa controladora começa a manipular as crenças do parceiro.

Esse parceiro pode começar a pensar que suas opiniões e pontos de vista estão errados, que são os únicos culpados por situações que não tem absolutamente nada a ver com eles e que qualquer coisa que seu manipulador diga é 100% verdade em 100% do tempo.

Lisa Aronson, uma pesquisadora da Universidade de Massachusetts Amherst, disse ao Business Insider que isso acontece geralmente quando um parceiro controla todos os aspectos da vida do outro. Mas tudo mesmo!

Aronson estudou casais em que um parceiro recusa ao outro o “luxo” da privacidade; casais em que um mantém o outro acordado a noite toda, em completa exaustão; parceiros que controlam todo dinheiro e finanças; relacionamentos em que um convence o outro de que estão sob constante vigilância.

Esse tipo de abuso resulta em abstinência, perda de identidade, chegando a níveis tão profundos de distúrbios de personalidade que torna extremamente difícil a pessoa oprimida simplesmente se reconhecer dentro de uma situação abusiva.  

Cinco itens que nos dão muito o que pensar, não? Além desses tantos outros aspectos da vida em sociedade nos fazem refletir sobre quem nós somos, o que fazemos, o que emitimos e como podemos (e devemos) nos portar, falar e relacionar com o outro, sempre em busca de sermos a melhor versão de nós mesmos, pensando no bem comum e individual.

Agora, falando sobre coisas que podem acontecer com o cérebro, vale a pena conferir ainda: O que acontece com o cérebro de quem usa cogumelos alucinógenos?

Fonte: Grunge

Outras postagens