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Ankh – Origem e significado da cruz egípcia ao longo dos anos
A cruz egípcia, chamada de ankh, tem sua origem datada em milhares de anos, mas mantém-se presente em várias culturas ainda hoje.
Por P.H Mota
Ankh é o nome dado à cruz egípcia que carrega uma porção de significados desde que foi criada, sendo o principal deles a imortalidade. É por causa disso, inclusive, que o desenho está presente numa série de gravuras e hieróglifos egípcios, a partir da 5ª Dinastia.
O símbolo foi criado por povos africanos e é considerado a primeira cruz da história. Dessa maneira, a atribuição da cruz a significados como vida, morte e até mesmo ressureição teriam sua origem a partir do ankh.
Desenhos ou reproduções da cruz egípcia eram colocados em sarcófagos e túmulos a fim de garantir a vida após a morte para entidades nobres. No Egito Antigo, acreditava-se que a jornada de uma pessoa em vida era apenas uma parte de sua história e o ankh ajudava a manter a existência eterna.
Anatomia e forma do ankh
Uma vez que pode ter sido a primeira cruz simbólica, o ankh traz um formato bem semelhante ao dessa figura. A diferença, entretanto, está no topo da haste vertical, onde há uma espécie de alça.
Essa alça existe como símbolo de um cordão entrelaçado que visa representar a oposição e a união dos conceitos de masculino e feminino. Somente a partir dessa dualidade, então, seria possível criar a vida. Na mitologia, a interpretação ia ainda além, representando a união de Ísis e Osíris, divindades atribuídas à fertilidade.
Durante o período do Egito Antigo, o ciclo de cheias do Nilo também era associado a conceitos como vida, morte e reencarnação. A partir dessa noção, a haste vertical que se segue abaixo do laço, portanto, seria o fruto da união entre os lados diferentes.
Simbolismo
Ainda no Antigo Egito, a cruz egípcia era diretamente associada aos deuses Atum e Ra, ligados ao sol. Isso porque o astro também era associado à origem da vida.
Além de Ra, uma importante associação de ankh era feita com o deus Osíris. Isso porque essa era a divindade associada com a vida após a morte. Da mesma maneira, o símbolo também era conectado à deusa Ma’at, que representava o conceito de verdade e justiça.
Como traz um laço responsável por simbolizar a dualidade do homem e da mulher, muitas vezes a cruz também foi associada à fertilidade. Além do encontro dos opostos no próprio laço, por vezes esse símbolo foi associado ao órgão reprodutor feminino, enquanto a haste vertical era atribuída ao órgão masculino.
Nessas versões, a haste horizontal entre os dois opostos seria o símbolo das crianças, frutos do encontro entre os dois lados.
Cruz egípcia
Instituída como cruz original e símbolo de fertilidade e vida eterna, o ankh acabou servindo de inspiração e referência para o desenvolvimento de outros desenhos de cruz ao longo da história. Na história da fé cristã, por exemplo, a associação da cruz com a morte de Cristo passou a ser um importante símbolo para cristãos no Egito.
A princípio, os primeiros cristãos ainda não utilizam a cruz como representação de sua fé. No lugar, era comum que o peixe fosse mais associado ao cristianismo em Roma, uma vez que a cruz era associada à morte, dor e tortura.
A partir de meados dos anos 300 d.C., a cruz cristã ganhou força como símbolo religioso. Foi nesse momento, então, que o ankh passou a ser utilizado com menos frequência, tendo o laço superior substituído pela continuidade da haste vertical.
Ankh em outras culturas
Apesar de ser um símbolo originalmente egípcio, o ankh esteve presente em várias outras culturas. Mesmo que tenha sido oficialmente pela cruz cristã em diversas manifestações, os egitos convertidos – conhecidos como cristãos cópticos – mantiveram a adoração da cruz egípcia como símbolo de fé.
Mais tarde, movimentos ocultistas do final do século XIX começaram a se apropriar do símbolo. O movimento também foi copiado por grupos e seitas hippies e esotéricas a partir do fim da década de 60. Seguidores de algumas escolas de bruxaria também valorizam o ankh como símbolo de saúde, fertilidade e proteção. A Ordem Rosa-Cruz também utiliza o símbolo como forma de representar a união entre o céu e a terra.
No Brasil, a cruz egípcia ganhou popularidade em meados dos anos 70, com a Sociedade Alternativa criada por Raul Seixas, Paulo Coelho e outros. O selo do grupo trazia uma versão do ankh com alguns degraus na parte inferior, na intenção de simbolizar os degraus da iniciação.
Dessa maneira, mesmo que tenha sido introduzido por uma sociedade de um passado milenar, o ankh ainda carrega valor para vários grupos contemporâneos. Na maioria das vezes, inclusive, não perdeu a essência de associação ao ciclo da vida, mesmo que seja erroneamente associado a estereótipos negativos e demoníacos por grupos que desconhecem seu simbolismo.
Fontes: Waufen, Saindo da Matrix, Spectrum Gothic, Afrokut
Imagens: Descobrir Egipto Viagens, Wallpaper Access, Cleopatra Egypt Tours, moyo Afrika, Descobrir Egipto Viagens