Ensaio nu ajudou essa mulher a aceitar as queimaduras graves em 57% de seu corpo

Ela viu o pai ateando fogo na mãe e tentou salvá-la, mas acabou com queimaduras graves em 57% do corpo. Esse ensaio a ajudou a aceitar as cicatrizes.

O episódio mais triste da vida de Amanda Carvalho, de 19 anos, aconteceu em 2014. Na época, ela viu o pai ateando fogo na mãe na garagem de casa. Foi na tentativa de salvar a vida da mãe que ela acabou com queimaduras graves em 57% e passou um mês na UTI.

De acordo com amanda, o casamento dos pais sempre foi problemático. Ele agrediu a mãe dela por qualquer motivo durante 20 anos. Eles estavam separados há algumas semanas, mas como a avó paterna morava na casa ao lado da família, ele ainda tinha acesso facilitado à casa onde Amanda, a mãe e suas três irmãs viviam.

Naquela manhã, enquanto a mãe se preparava para sair para o trabalho, o pai entrou e ateou fogo nela. Amanda, era a única das filhas que estava acordada e viu tudo acontecer. Ela tentou desesperadamente tirá-lo de cima da mãe, mas a gasolina acabou espirrando nela e o fogo a atingiu.

Amanda só lembra de ter corrido para o banheiro e de acordar no hospital. A mãe morreu na hora, com 80% do corpo queimado e ela, apesar das queimaduras e da deformidade que elas causaram em seu corpo, sobreviveu. O pai, como ficou sabendo mais tarde, se enforcou depois do crime.

Queimaduras e recuperação

Do ponto de vista físico, a recuperação de amanda foi rápida. Em pouco tempo ela já estava morando com as irmãs na casa da tia e retornou às suas atividades. Psicologicamente, no entanto, a moça se culpava do que aconteceu, achava que poderia ter feito mais e não conseguia aceitar sua aparência.

Amanda não conseguia se olhar no espelho, cortou as roupas sem mangas de sua vida e chegou a se fingir de surda para não conversar com as pessoas na rua e ouvi-las perguntando sobre o que havia acontecido com ela e qual tinha sido o motivo das queimaduras.

Ela, que nunca havia se aceitado muito bem, sem se achando magra demais, com os seios pequenos demais e insatisfeita com seus cachos, agora se sentia ainda pior quanto a sua aparência por chamar atenção na rua. A curiosidade das pessoas e o olhar de pena ou de desprezo a irritavam muito.

De frente para o espelho

Com a terapia, aos poucos Amanda começou a entender que nada tinha sido culpa dela. As próprias queimaduras e mais da metade de seu corpo indicavam que ela havia feito o possível para tentar salvar a vida da mãe.

Sobre a aceitação de sua própria imagem, no entanto, demorou um pouco mais e foi bem mais dolorosa. Ela se forçava a se encarar no espelho e a se observar. Ela se obrigada a colocar cropped para sair e a sorrir quando alguém perguntava o que havia causado as queimaduras no corpo.

De forma geral, Amanda escolheu o confronto consigo mesma para se aceitar e retomar o controle de sua vida e sua autoestima. Aliás, o primeiro ensaio fotográfico nu que fez foi um dos principais gatilhos para essa aceitação.

Fotografia e aceitação

Conforme Amanda, ela sempre amou fotografar e um ensaio nu artístico que viu no Instagram, feito por uma professora a emocionou muito. A partir disso, ela teve a ideia de usar a fotografia ao seu favor.

O mesmo fotógrafo que fotografou a professora topou fazer o ensaio com ela, que amou a experiência. Quando recebeu as fotos, Amanda ficou oras se olhando e resolveu fazer outros ensaios, com outros fotógrafos.

À medida que ela postava as fotos no Instagram, outras meninas começaram a entrar em contato com ela falando sobre aceitação e amor próprio. Foi então que amanda percebeu que estava não só se ajudando, mas ajudando outras pessoas a gostarem de si mesmas.

Como ela mesma conta, se antes tinha vergonha de suas queimaduras, hoje ela sente orgulho. Elas fazem parte dela, da história dela e de quem ela se tornou. Para Amanda, as suas cicatrizes hoje são como um escudo e fizeram dela uma pessoa muito mais forte.

Uma história e tanto, não? Agora, falando sobre exemplos de autoestima e aceitação, você precisa conferir também: Artista espanhola transforma estrias e outras “imperfeições” femininas em arte.

Fonte: Uol

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