Giordano Bruno: quem foi o místico queimado na fogueira da Inquisição?

Considerado o ‘mártir da ciência moderna’, conheça a história de Giordano Bruno, místico que foi queimado vivo em 1600 pela Inquisição Romana.

Giordano Bruno: quem foi o místico queimado na fogueira da Inquisição?

Filósofo, astrônomo, matemático e ocultista italiano cujas teorias anteciparam a ciência moderna, Giordano Bruno foi um nome importante da história.

As mais notáveis teorias entre suas pesquisas foram suas teorias do universo infinito e da multiplicidade de mundos, nas quais ele rejeitou a astronomia geocêntrica tradicional (a terra no centro do universo) e intuitivamente foi além da teoria heliocêntrica copernicana (o sol no centro do universo); Aliás, esta ainda mantinha um universo finito com uma esfera de estrelas fixas.

Embora fosse um dos filósofos mais importantes do Renascimento italiano, as várias declarações científicas de Bruno geraram oposição. Em 1592, após um julgamento, ele foi preso por oito anos antes de ser morto.

Quando, no final, ele se recusou a se retratar, foi queimado vivo na fogueira pela Inquisição Romana, por heresia. Veja a história completa dele, a seguir.

Quem foi Giordano Bruno?

Giordano Bruno: quem foi o místico queimado na fogueira da Inquisição?

Giordano Bruno nem sempre teve esse nome. Ele nasceu como Filippo em 1548, filho de um soldado a serviço do Reino de Nápoles. Aos dezessete anos, já tendo mostrado sinais de avanço intelectual e interesse em aprender.

Dessa forma, ele chegou a ingressar na Ordem Dominicana – numa época em que muito do conhecimento da Europa católica ainda se restringia aos mosteiros.

Lá ele mostrou seus dons como um verdadeiro gênio e mudou seu nome para Giordano em homenagem a seu tutor de metafísica. Ironicamente, ele esteve com o Papa para mostrar suas habilidades de memória e matemática depois de se tornar padre em 1572.

Abalo em sua vida religiosa

Como muitas mentes brilhantes, Bruno às vezes questionava tudo o que lhe era dito. Então, ele começou a desenvolver suas próprias teorias, que começaram a abalar sua fé absoluta nas doutrinas da Igreja Católica.

Infelizmente para ele, isso aconteceu em um momento de imensa agitação religiosa na Europa que levou à violenta Inquisição Romana, um determinado expurgo de qualquer “herege” que discordasse dos ensinamentos do Papa.

Depois de onze anos com os dominicanos, Bruno foi investigado por inquisidores de Veneza sob a acusação de jogar fora imagens dos santos e mostrar livros proibidos a outros noviços. Quando foi informado de que a acusação estava para ser proferida contra ele, ele abandonou seu hábito monástico e fugiu de Nápoles.

Suas viagens o levaram da Suíça a Paris, da Inglaterra, da Alemanha a Praga e de volta à Itália. Mas, aonde quer que fosse, uma natureza intrigante e um orgulho intelectual feroz o colocavam em conflito com os acadêmicos locais, a quem ele insultava e caricaturava amargamente.

Teorias de Giordano Bruno

Depois de passar pela França, Bruno levou o heliocentrismo copernicano para a Inglaterra e participou de um célebre confronto verbal na Universidade de Oxford em 1584,onde ele não conseguiu nenhum convertido para suas posições teológicas ou intelectuais.

Ao longo de sua vida, ele escreveu e publicou textos sobre poesia, peças, livros sobre a arte da memória, tratados filosóficos e ensaios expondo suas teorias do universo infinito.

Aliás, suas tentativas de encontrar um meio adequado de medir e calcular o infinito o levaram diretamente à sua formulação da teoria atômica. Como cientista, ele abraçou o modelo copernicano do sistema solar, no qual a Terra gira em torno do Sol; no entanto, ele é mais famoso como um defensor da teoria do universo infinito.

As perambulações de Bruno chegaram a um fim abrupto logo depois que ele retornou à Itália no final de agosto de 1591. Após uma breve estada em Veneza, ele se mudou para Pádua por cerca de três meses.

Posteriormente, ele voltou a Veneza para se hospedar com o patrício veneziano Giovanni Mocenigo, a quem divulgou os “segredos” da sua mnemotécnica e filosofia. Alarmado com algumas das opiniões de Bruno, Mocenigo denunciou-o à Inquisição de Veneza em 22 de maio de 1592.

Julgamento pela Inquisição Romana

Giordano Bruno: quem foi o místico queimado na fogueira da Inquisição?

A Inquisição Romana levou sete anos para concluir o caso de Bruno, porque a Igreja estava tendo dificuldade em encontrar razões legítimas para condená-lo.

Em última análise, com base em relatos de testemunhas oculares e obras escritas de Bruno, Giordano Bruno foi acusado de muitas heresias, incluindo: ter opiniões contrárias à fé católica; sustentando opiniões errôneas sobre a Trindade, Encarnação, Cristo e transubstanciação; lidar com magia e adivinhação e negando a virgindade de Maria.

O julgamento de Bruno foi supervisionado pelo cardeal Bellarmine, que exigiu uma retratação total. Bruno recusou e pediu para apelar ao Papa; no entanto, o Papa Clemente VIII também foi a favor de um veredicto de culpado.

Foi uma decisão difícil para a igreja, que não queria martirizar Bruno, principalmente porque muitas de suas convicções não eram muito sérias e muitas outras pessoas tinham as mesmas crenças. No entanto, eles decidiram acusar Bruno por se recusar a confessar seus ‘crimes’ de heresia.

Para evitar uma grande cena pública, Bruno foi morto na madrugada. Sua língua foi pregada para impedi-lo de falar, porque ele era famoso por ser um grande orador que conseguia comover as pessoas apenas com suas palavras. Além disso, a Igreja temia que ele pudesse reunir apoiadores a seu lado.

Morte na fogueira

Giordano Bruno: quem foi o místico queimado na fogueira da Inquisição?

Em 17 de fevereiro de 1600, os inquisidores lançaram Giordano Bruno na fogueira no local de execução da cidade, no atual Campo de ‘Fiori. Suas cinzas foram jogadas no rio Tibre para que nada restasse de seu corpo.

Portanto, não havia nenhuma parte dele para coletar – nada que mais tarde pudesse se transformar em relíquia. A Igreja Católica esperava que a eliminação de todas as evidências de Bruno o impediria de alcançar o status de mártir.

Hoje, no entanto, ele é visto não apenas como um visionário e gênio, mas também um mártir da ciência e da liberdade de expressão – um sacrifício que é tão relevante hoje quanto era em 1600.

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