“Garotas do meu Brasil varonil”, é hora de dizer adeus. Morreu nessa quinta-feira (26 de março), por volta de 5h da manhã, o ator Jorge Loredo, de 89 anos, que há anos dava vida ao personagem Zé Bonitinho, sempre pronto a dar “um tostão de sua voz” nos palcos. Segundo a assessoria de imprensa do humorista, a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.
Loredo, aliás, já estava internado na Utinidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Lucas, no Rio de Janeiro, desde o dia 3 fevereiro. Segundo nota divulgada pela assessoria, ele lutava, há anos, contra uma Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e não resistiu a um efisema pulmonar.
O ator, que nasceu no dia 7 de maio de 1925 e completaria 90 anos em 2015, foi criado em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Mesmo com a infância e a juventude marcadas por doenças graves para a época – osteomielite na perna, aos 12 anos; tuberculose, aos 20; – e depois de ter enfrentado até mesmo uma temporada internado em um sanatório, Loredo conseguiu trilhar sua carreira de forma brilhante, sempre voltada ao humor.
Carreira
O personagem “Zé Bonitinho”, aliás, nasceu inspirado em um colega do ator, que se achava um grande galã. Em 1960, o personagem finalmente estreou na televisão, no programa “Noites Cariocas”, na extinta TV Rio. Nessa época, inclusive, os textos de Loredo eram roteirizados por ninguém menos que Chico Anysio.
Mas, mesmo com o sucesso absoluto de Zé Bonitinho e seus bordões, personagem encenado até pouco tempo por Loredo no programa A Praça é Nossa, do SBT; o ator teve outros personagens marcantes. No final dos anos 50, por exemplo, o humorista ficou muito famoso com seu mendigo filósofo, que interpretava na TV Rio no programa “Rio cinco para as cinco’; e depois na “A praça é nossa”, com Manoel de Nóbrega, a quem o mendigo se apresentava com o bordão “Como vai, meu nobre colega?”. O personagem usava fraque e cartola, bem esfarrapados, monóculo e luvas. O figurino, segundo contava Loredo, foi tirado de um filme de Charles Laugthon que fazia o papel de um mendigo aristocrata.
Na carreira de Loredo ainda apareceram outro “tipos” marcantes, como um italiano que não podia ver televisão porque queria quebrá-la; o profeta Saravabatana que andava com uma cobra que dava consultas a mulheres; e o professor de português que tinha a voz do Ary Barroso.
Cinema
Mas, engana-se quem acha que Loredo fez sucesso apenas na TV. O ator chegou a participar de filmes como “Sem essa aranha”, de 1970; “O abismo”, de 1977; “Tudo bem”, de 1978; todos dirigidos por grandes nomes do cinema nacional. Seu último trabalho a telona foi em “Chega de saudade” (2008), de Lais Bodansky. Em comum, quase todos esses filmes trazem trejeitos de seu personagem mais famoso, ou incorporaram o vestuário e acessórios vistosos de Zé Bonitinho.
Abaixo, a filmografia completa do ator:
2011 – O Palhaço
2010 – A Suprema Felicidade
2008 – Chega de Saudade
2006 – Quando o Tempo Cair
2005 – Câmera, Close
1978 – Tudo Bem
1977 – O Abismo
1970 – Sem Essa, Aranha
1967 – A Espiã Que Entrou em Fria
1962 – As Testemunhas Não Condenam
1960 – Sai Dessa, Recruta
1959 – Um Caso de Polícia
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Com informações de O Globo e G1