Múmias, o que são? Como eram feitas, importância e curiosidades

No Egito Antigo, para preservar os corpos dos seus mortos, os egípcios faziam a mumificação, transformando os corpos em múmias.

As múmias são cadáveres de pessoas que foram preservados com produtos químicos. Mas, apesar das múmias do Egito serem as mais famosas, elas não foram as únicas. Pois outras civilizações como os Incas do Peru e povos antigos da Austrália, também costumavam mumificar seus mortos. Ademais, o povo egípcio preparou múmias durante mais de 3 mil anos, cujos métodos foram mudando ao longo dos séculos.

Inicialmente, durante o Novo Império (séculos XVI a.C. a XI a.C.), apenas reis e nobres mortos eram mumificados. Em suma, o processo de mumificação levava setenta dias e, durante esses dias, os trabalhadores funerários preparavam todo o corpo do cadáver. Dessa forma, todos os órgãos internos do corpo eram retirados, inclusive o cérebro.

Em seguida, os órgãos eram guardados em jarros e todo o corpo era preparado para ser enfaixado e colocado em um caixão esculpido e pintado. Já as pessoas mais pobres, quando morriam não eram mumificadas, apenas tinham seus corpos secos com sal e envoltos em tecidos grosseiros.

No entanto, era comum mumificar alguns animais domésticos, especialmente os gatos que eram bastante apreciados pelos egípcios. Enfim, as múmias tinham um significado religioso para os egípcios antigos. Pois acreditavam que os mortos precisariam de seus corpos para chegar ao outro mundo, ou seja, preservando o corpo, a alma continuaria viva.

Por fim, a origem da palavra múmia é da época em que os primeiros viajantes árabes visitaram o Egito. Pois, ao verem os corpos cobertos por uma resina preta, os árabes acharam que se tratava de betume (componente do piche). Então, chamaram os cadáveres de ‘mumiya’, que em árabe significa betume.

O que são múmias?

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As múmias eram apenas corpos de seres humanos ou, em alguns casos de animais, que se mantinham preservados muito tempo após a morte. Normalmente, quando alguém morre, começa o processo de decomposição do corpo, que o reduz a um esqueleto em apenas alguns meses. No entanto, o período de decomposição pode variar, geralmente, dependendo do ambiente o processo começa dentro de poucas horas após a morte do indivíduo.

Em suma, durante a primeira fase do processo, os órgãos que contêm enzimas digestivas, como o intestino, por exemplo, começam a digerir a si mesmo. Posteriormente, acontece a putrefação, que é a decomposição da matéria orgânica pelas bactérias. Ademais, esse tempo pode ser diferente em ambientes temperados, onde a putrefação começa três dias após a morte.

Já em ambientes mais quentes e úmidos, o processo tende a se acelerar, pois o calor e a água favorecem a reprodução acelerada das bactérias. Agora, se o ambiente for extremamente frio e seco e não houver muito oxigênio, as bactérias não conseguem sobreviver, o que fará com que o corpo leve milhares de anos para se decompor por completo.

Dessa forma, é possível que circunstâncias naturais também produzam múmias. Por exemplo, corpos que são preservados em geleiras, nas profundezas de pântanos de turfa (local sem oxigênio) e no chão árido dos desertos. Nesse último caso, enterrar um corpo na areia quente, sem qualquer estrutura protetora, a areia vai absorver os fluídos corporais, deixando o corpo completamente dissecado. Este processo natural de mumificação foi usado pelos egípcios antigos nas épocas pré-dinásticas.

O que é mumificação?

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Os egípcios antigos eram politeístas, acreditavam em vários deuses e na vida eterna após a morte, além de acreditar que o espírito voltaria para tomar seu corpo. Dessa forma, para poder abrigar o cadáver adequadamente, os egípcios construíram as pirâmides. E para preservar o corpo, inventaram o processo de mumificação, através do estudo da anatomia e de substâncias químicas.

Em suma, a mumificação pode ser um fenômeno natural, como mencionado anteriormente, ou pode ser um processo artificial de preservação de um corpo. Nesse caso, a putrefação ocorre mais lentamente, podendo levar muitos anos, como é o caso das múmias. Mas, para isso, é necessário eliminar a ação das enzimas (lípases, proteases e amilases) e de micro-organismos responsáveis pela decomposição.

Ademais, as primeiras múmias conhecidas datam de 3.000 a.C., quando apenas monarcas tinham esse privilégio. Somente 800 anos depois que o processo foi estendido para qualquer pessoa que pudesse pagar. Onde, além dos humanos, animais de estimação também podiam ser mumificados, como uma forma de homenagem ao animal. Enfim, as últimas múmias encontradas são do século 4 d.C., acredita-se que devido a influência romana e o avanço do cristianismo, a prática de mumificação foi encerrada.

Qual o objetivo das múmias?

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Era costume dos egípcios transformarem os mortos em múmias, tratando o corpo com substâncias químicas e esse processo levava 70 dias. Segundo a religião deles após a morte, o espírito era conduzido pelo deus Anúbis até o tribunal de Osíris. Ao chegar lá, o espírito era julgado na presença de outros 42 deuses.

Em suma, o coração do morto era pesado em uma balança, que tinha como contrapeso uma pena. Dessa forma, se o coração fosse mais leve do que a pena, ele receberia a permissão dos deuses para voltar à vida e retomar seu corpo. Entretanto, se o coração pesasse mais do que a pena, o espírito seria devorado por uma deusa com a cabeça de jacaré. De acordo com a religião egípcia, os deuses eram antropozoomórficos, ou seja, metade homem, metade animal.

Processo de mumificação

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Durante o processo de mumificação, os egípcios usavam algumas substâncias, tais como:

  • Natrão – consistia em uma mistura de diversos sais, como cloreto de sódio, carbonato de sódio, bicarbonato de sódio e sulfato de sódio.
  • Betume – se trata de um líquido viscoso escuro, composto por diferentes tipos de hidrocarbonetos.
  • Mirra – é uma resina proveniente de árvores do gênero Commiphora.
  • Bálsamo de cedro e cominho – líquido extraído dessas plantas, cujo odor é agradável.
  • Cera de abelha

Primeiramente, durante um ritual religioso, o corpo era lavado com água para purificá-lo. Em seguida, todas as vísceras eram retiradas. Então, uma incisão era feita na região do tórax e abdômen para remover o coração, fígado, os rins, a bexiga, o baço, os pulmões, o intestino e o estômago. Ademais, esses órgãos eram colocados em vasos separados, chamados de canopos.

Em seguida, o cérebro era retirado pelo nariz com o auxílio de pinças metálicas, mas antes, era aplicado um ácido via nasal que o derretia facilitando todo o processo. Depois, o cérebro era jogado fora. Por fim, o corpo era preparado para secar, para isso, era coberto com natrão que desidratava o corpo e matava as bactérias. E assim, era deixado por 40 dias.

Por fim, após os 40 dias, o corpo estava desidratado e sem odores, então, era preenchido com serragem, ervas aromáticas e alguns textos sagrados. Concluído o processo, o corpo era enfaixado com bandagens de linho branco da cabeça aos pés, seguido de uma cola especial. Finalizando, a múmia era decorada com uma máscara e com desenhos adequados ao tipo de vida e status social que o morto tinha. Então, o corpo era colocado em um sarcófago (tipo de caixão) e abrigado em pirâmides, caso fosse um faraó. Ou sepultado em mastabas, túmulos utilizados por nobres e sacerdotes.

Curiosidades sobre as múmias

1 – Alto Preço

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Por ter um preço muito alto, o processo de mumificação não era feito em pessoas mais pobres. Pois custava em média cerca de 30 quilos de prata. Atualmente, há empresas especializadas que cobram cerca de US$ 70 mil dólares para transformar entes queridos e animais de estimação em múmias.

2 – Múmias medicinais

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Acredita-se que entre 400 d.C. e o século XIX, as múmias eram usadas como remédios, pois os europeus da época acreditavam que o betume usado na mumificação tivesse efeitos medicinais. Mas, na verdade, era inútil, já que os egípcios misturavam com resina. No entanto, na Idade Média essa crença ainda era forte, portanto, na falta de múmias, eles usavam os corpos desidratados de criminosos. Inclusive, havia a melificação, em que os corpos eram mumificados em mel para serem usados em medicamentos.

3 – Mantendo a beleza depois de morto

Antigo Egito

Como era costume dos egípcios prepararem o corpo para a pós vida, era muito importante ter uma boa aparência para causar uma boa impressão. Para isso, o corpo dos homens era pintado de vermelho e o das mulheres de amarelo. E os olhos eram substituídos por cebolas, posteriormente, passaram a ser substituídos por pedras ou vidro. Além disso, os cabelos eram trançados com lã ou substituídos por perucas e as unhas eram pintadas com henna. Curiosamente, o kajal ou lápis de olho à base de carvão, que são usados até hoje, são heranças das maquiagens egípcias.

4 – Inspiração

Uol

De acordo com antropólogos, o processo de mumificação usado pelos egípcios teria sido inspirado pela região desértica, onde os corpos eram naturalmente transformados em múmias. Dessa forma, os egípcios começaram a acreditar que a decomposição dos corpos não era algo natural, portanto, deveria ser evitado. Mas, apenas depois de 800 anos a remoção dos órgãos foi incorporado ao processo.

5 – Posição dos braços

Arqueologia Egípcia

A posição em que os braços das múmias eram colocados não era aleatória, na verdade é importante e indica o período em que o processo ocorreu. Por exemplo, braços cruzados sobre o peito, eram usados pela realeza e na era pré-dinástica os rostos eram cobertos com as mãos ao cruzar os braços na altura dos cotovelos. Já durante o Império Médio do Egito (2050 a.C. e 1710 a.C.), os braços eram colocados na lateral do corpo.

Enfim, durante o período de Ramsés II, os braços eram cruzados sobre a parte inferior do corpo, enquanto que braços cruzados com as mãos nos ombros eram usados no período posterior da história egípcia. Sendo assim, durante o período do Império Novo, os braços cruzados eram usados apenas pela realeza.

6 – Opções mais baratas

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Como as classes mais pobres não tinham como bancar o alto custo da mumificação, a opção mais barata era um processo de desidratação sem retirar os órgãos internos. Já os mais pobres, simplesmente enrolavam o corpo do morto e o deixava no deserto para secar. Ademais, as cavidades eram lavadas com solvente e o corpo era enterrado em um cemitério.

7 – Vasos canopos

Antigo Egito

Os vasos canopos, onde eram guardados os órgãos removidos da múmia, representavam os quatro filhos de Hórus. Dessa forma, cada vaso tinha uma cabeça diferente, um babuíno, um chacal, um humano e um falcão. Além disso, a forma como eram colocados na tumba mostravam os pontos cardiais, associados às deusas Ísis, Néftis, Neit e Serket.

8 – A maldição da múmia

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Ao longo da história, maldições envolvendo as múmias foram criadas, cujo objetivo era evitar a ação de saqueadores de túmulos e o desrespeito aos mortos. Dessa forma, eram escritos advertências contra a abertura de tumbas egípcias, onde eram citadas as qualidades sobrenaturais das múmias. Sendo assim, uma das maldições mais famosas é a do túmulo do rei faraó Tutancâmon, e o fato do financiador das escavações ter morrido por uma doença transmitida por mosquito, incentivou ainda mais a propagação do mito.

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Fontes: Britannica, Fascínio Egito, Brasil Escola, História do Mundo, Aventuras na História, Mega Curioso

Imagens: Arqueologia Egípcia, Notibras, Portal Vaticano, Pinterest, Bsb Times, Antigo Egito, Uol

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