O Auto da Compadecida – História e personagens da obra

Mesmo anos após o lançamento do filme e do livro, O Auto da Compadecida ainda é um dos clássicos da cultura nacional.

O Auto da Compadecida - História e personagens da obra

O Auto da Compadecida é uma peça de teatro brasileira escrita pelo paraibano Ariano Suassuna. A priori, a obra mistura elementos folclóricos da cultura brasileira, sobretudo do nordeste, com a estrutura do auto, um gênero tradicionalmente medieval. Além do livro, a obra ganhou uma adaptação para o cinema, que também fez muito sucesso.

Para começar, é necessário explicar que o auto é um gênero medieval que conta com elementos cômicos e moralizantes. Ou seja, trata-se de um tipo de texto curto e engraçado, mas que guarda em si uma lição de moral ou ensinamento. Desse modo, o que Suassuna faz é trazer este gênero para a realidade brasileira e adaptar os elementos do auto para o sertão do nordeste.

Inicialmente, a obra foi lançada em 1955. No entanto, a peça só foi encenada um ano depois, em Recife. Além das características dos gêneros teatrais, a obra possui um enredo voltado para o catolicismo e as crenças religiosas populares, bastante comuns no sertão do nordeste, onde a história se desenrola.

Sendo assim, a peça foi escrita como uma pantomima, teatro de rua, e também possui fortes influências do gênero literatura de cordel. Por seu grande sucesso, a peça de Suassuna foi adaptada para o cinema em 2000, com direção de Guel Arraes e um elenco com vários atores famosos do cinema nacional como: Lima Duarte, Denise Fraga, Selton Mello, entre outros.

Personagens de O Auto da Compadecida

Fonte: Memória Globo

Antes de falar sobre o enredo de O Auto da Compadecida, é importante conhecer quais os personagens. Vamos lá!

Palhaço

Primeiramente, começamos com o palhaço, que seria o narrador da história. Além de anunciar que a história vai começar, ele comenta diversos fatos que acontecem ao longo do enredo. Desse modo, ele consiste em um personagem metalinguístico, já que ele comenta sobre a obra à medida em que a obra se desenrola.

João Grilo

O Auto da Compadecida- História e personagens da obra de Ariano Suassuna

De modo geral, João Grilo se tornou um dos personagens mais icônicos da literatura e do cinema nacionais. Apesar de muito pobre, o protagonista usava sua esperteza para garantir sua sobrevivência. Mesmo ganhando pouco, ele trabalha para o padeiro.

No filme, o personagem é interpretado por Matheus Nachtergaele.

Chicó

Chico

Ao lado de seu melhor amigo João Grilo, Chicó é outro protagonista da obra. Assim como o companheiro, é muito esperto e se utiliza disso para sobreviver. No entanto, a maior característica do rapaz é ser um contador de causos o que faz com que seja comparado ao narrador popular. Apesar da amizade, acaba morrendo de medo quando João Grilo o coloca em situações inusitadas.

No filme, o personagem é interpretado por Selton Mello.

Padre João

Este é o pároco que conduz a paróquia de Taperoá, cidade em que se desenrola o enredo. Mesmo sendo religioso, é muito avarento e tira vantagem do dinheiro que os fiéis pagam à Igreja para garantir sua aposentadoria.

No filme, o personagem é interpretado por Rogério Cardoso.

Sacristão

Assim como o padre João, trabalha na paróquia de Taperoá e também é corrupto. Isso porque, ele aceita subornos, inclusive de João Grilo.

Bispo

Bem como os demais membros da Igreja, o bispo é corrupto, aceita subornos e só pensa em usar o dinheiro da paróquia para enriquecer. No filme, o personagem é interpretado por Lima Duarte.

Padeiro

Fonte: Memória Globo

Apesar de ser chamado apenas de padeiro na peça, no filme ele é chamado de Eurico. Sendo assim, o personagem representa a burguesia que está preocupada apenas com enriquecer. Inclusive, ele se aproveitava do trabalho de seu funcionário João Grilo. Por ser rico, ele tem muita influência na cidade e na Igreja.

No filme, o personagem é interpretado por Diogo Vilela.

A mulher do padeiro

Fonte: Memória Globo

Assim como o marido, a personagem só ganha nome no filme, no qual é chamada de Dora. Apesar de se dizer santa, ela trai o marido. Além disso, é muito avarenta e só ama verdadeiramente seus cachorros.

No filme, a personagem é interpretada por Denise Fraga.

Antônio Morais

Fonte: Memória Globo

Já este personagem se trata de um dono de terras cheio de dinheiro, que se usava do poder e riqueza para amedrontar os mais pobres.

No filme, o personagem é interpretado por Paulo Goulart.

Rosinha

Fonte: Memória Globo

Filha de Antônio Morais e mantém um caso com Chicó. No filme, a personagem é interpretada por Virgínia Cavendish.

Severino do Aracajú

Fonte: Memória Globo

Este, por sua vez, trata-se de um cangaceiro cujos pais foram mortos pela polícia, e, por isso, passou a viver de crime.

No filme, o personagem é interpretado por Marco Nanini.

Cangaceiro

Capanga de Severino.

Compadecida

Fonte: Memória Globo

Trata-se da própria Nossa Senhora, além de ser a verdadeira heroína da história. De modo geral, é uma figura boa e caridosa que defende os pobres e intercede pelas pessoas durante o julgamento final. Ela afronta o próprio diabo para defender os rapazes.

No filme, o personagem é interpretada por Fernanda Montenegro.

Emanuel

Fonte: Memória Globo

Trata-se do próprio Jesus Cristo, que além de aparecer como figura divina, também aparece como homem comum. Além disso, ele é um homem negro, o que causa espanto nos demais personagens da peça. Apesar de bom, é representando sem misericórdia.

No filme, o personagem é interpretado por Maurício Gonçalves.

Encourado

Fonte: Memória Globo

Aqui, trata-se do próprio diabo. Apesar de mau, ele tenta imitar Emanuel, por inveja. Mesmo sendo o promotor do julgamento, acaba sendo derrotado pela misericórdia da Compadecida e de Emanuel. No filme, o personagem é interpretado por Luís Melo.

Resumo do enredo

Fonte: Memória Globo

O auto começa quando Chicó e João Grilo tentam convencer o padre a benzer o cachorro da mulher do padeiro, Dora. No entanto, o pároco se recusou e o animalzinho morreu. Por isso, o padeiro e sua esposa exigiram que o religioso realizassem o enterro do pet.

A fim de tirar proveito da situação, João Grilo contou ao padre que o cão havia deixado um testamento deixando dinheiro para o mesmo. Como era ganancioso, o pároco aceitou participar da celebração. No entanto, João Grilo inventou a história para tirar dinheiro do padeiro e ficar com parte do valor.

Sendo assim, Chicó e João Grilo entraram na Igreja para entregar o dinheiro prometido ao pároco. No entanto, foram interrompidos por uma gritaria e tiros que, descobriu-se, era um ataque do cangaceiro Severino. Desse modo, o homem atira e mata os personagens: bispo, o padre, o sacristão, o padeiro e a mulher.

O cangaceiro também tentou matar os dois amigos, no entanto, João Grilo bolou um plano. Sendo assim, ele entrega a Severino uma gaita supostamente abençoada por Padre Cícero e que seria capaz de ressuscitar os mortos. Então, para que o homem acreditasse, ele dá uma facada no amigo que, na verdade, estava com uma bexiga de sangue de animal escondido no bolso.

Desfecho surpreendente

Chicó entra no plano e finge que está morto. Desse modo, o cangaceiro toca a gaita e o rapaz finge que voltou à vida. Como o cangaceiro acreditou, os rapazes o convenceram de levar um tiro para morrer e ver Padre Cícero no céu e depois voltar à vida com a gaita. Severino acredita e, por isso, é morto.

No entanto, enquanto fugiam com o dinheiro, Chicó e João Grilo foram surpreendidos com o capanga do cangaceiro que descobriu o plano. Desse modo, durante a confusão, eles são baleados e mortos. Assim, o que se segue é a cena de todos os personagens no céu sendo julgados pelo Encourado, que queria levá-los para o inferno.

Apesar disso, a Compadecida intercede por eles e permitem que voltem à vida. Assim, novamente na Terra, eles entregam todo dinheiro à Igreja e Chicó convence Antônio Morais a permitir que ele se case com sua filha, Rosinha. Atualmente, O Auto da Compadecida é considerado uma das maiores obras da literatura nacional e sua adaptação virou um clássico do cinema.

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Fontes: Guia do Estudante, Educação Globo, Infoescola

Imagens: Memória Globo

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