O Bandido da Luz Vermelha foi um criminoso que atuou durante a década de 60, em São Paulo. Sua atuação consistia basicamente em assaltos à residências na capital paulista, mas também envolveu homicídios.
Ao todo, ele foi condenado em 88 processos diferentes, incluindo 77 roubos, quatro homicídios e sete tentativas de homicídio. Dessa maneira, a soma total de suas penas chegou a 351 anos, 9 meses e 3 dias de prisão em regime fechado.
Sua história chamou tanta atenção, que entre 23 de outubro de 1967 e 3 de janeiro de 1968, o jornal Notícias Populares publicou 57 matérias especial numa série sobre a vida do criminoso
Infância e juventude
João Acácio Pereira da Costa – nome real do Bandido da Luz Vermelha – nasceu em 20 de outubro de 1942, na cidade de São Francisco do Sul (SC). Ao lado do irmão, o garoto foi criado por um tio, após a morte dos pais.
No entanto, essa criação era de frequentes maus-tratos e torturas psicológicas. De acordo com relatos do próprio Bandido da Luz Vermelha para a polícia, ele e o irmão eram obrigados a fazer trabalhos forçados em troca de comida. Por causa disso, então, ele decidiu ir para as ruas, onde precisava praticar pequenos crimes para sobreviver.
Ainda que ele tenha conseguido ganhar algum dinheiro em trabalhos como engraxate, a vida de crime continuava a chamar a atenção. Inclusive, seu envolvimento em roubos era tão frequente, que ele chegou a ficar conhecido entre policiais.
Carreira como Bandido da Luz Vermelha
Durante um tempo, o Bandido da Luz Vermelha chegou a arrumar empregos formais, mas não deram certo. No primeiro deles, foi demitido após ser flagrado pelo patrão enquanto beijava a filha dele. Já no outro, usou o terno de um cliente da tinturaria em que trabalhava para ir ao cinema e também foi flagrado.
Com a união das frustrações nos empregos e o reconhecimento da polícia de Joinville, ele decidiu mudar-se para Curitiba. No entanto, não ficou ali por muito tempo e mudou-se para a Baixada Santista.
A partir daí, então, passou a fazer viagens frequentes para a capital, onde realizava roubos em residências de luxo. O apelido Bandido da Luz Vermelha surgiu a partir do uso de uma lanterna com luz avermelhada, utilizada para assustar as vítimas.
A carreira de crimes em São Paulo durou mais de cinco anos, com dezenas de crimes, incluindo assaltos, estupros e homicídios. Na época, o Bandido da Luz Vermelha era um dos homens mais temidos e procurados do estado.
Prisão e condenação
Após um período de roubos em São Paulo, ele decidiu voltar para Curitiba, mas acabou preso. Em 7 de agosto de 1967, a polícia descobriu que o homem estava vivendo com uma identidade falsa, sob o nome Roberto da Silva.
De acordo com publicações do jornal Notícias Populares, na época, havia “um verdadeiro exército de policiais” buscando pelo criminoso. Certos da fuga do Bandido de São Paulo, a polícia entrou em contato com autoridades paranaenses, suspeitando que o homem teria retornado para o estado.
Dessa maneira, o Bandido da Luz Vermelha acabou sendo detido, com várias malas cheias de dinheiro, e levado à julgamento. Pela soma da condenação em 88 processos, ele recebeu uma pena de 351 anos, 9 meses e 3 dias de prisão.
Liberdade
Apesar da condenação a lei brasileira não permite que ninguém fique detido na cadeia por mais de 30 anos. Sendo assim Bandido da Luz Vermelha deveria ser solto em 23 de agosto de 1997, mas foi impedido por uma liminar concedida pelo então segundo vice-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, o desembargador Amador da Cunha Bueno Neto.
Segundo o magistrado, a sociedade não poderia ficar à mercê dos crimes do condenado. A liminar, entretanto, foi revogada três dias depois e a liberdade foi concedida.
A princípio, ele voltou para Curitiba para morar com o irmão, mas encontrou muitas divergências familiares. Depois, tentou morar com o tio – o mesmo acusado de maus-tratos durante sua infância -, onde também não conseguiu se fixar.
Morte do Bandido da Luz Vermelha
Em 5 de janeiro de 1998, o Bandido da Luz Vermelha acabou assassinado em um bar de Joinville, com um tiro na cabeça. O homem, que estava em liberdade há pouco mais de quatro meses, morava de favor na casa do pescador Nelson Pinzegher.
Durante uma briga no ar, Luz Vermelha teria cometido assédio sexual contra a mãe e a mulher do pescador. A partir daí, o irmão de Nelson, Lírio Pinzegher, decidiu intervir mas foi agarrado e ameaçado com uma faca.
Foi aí, então, que Nelson atirou na vítima, alegando defesa do seu irmão. A Justiça de Joinville acatou a alegação de legítima defesa e o homem foi absolvido, em novembro de 2004.
Fontes: Folha, Aventuras na História, Memória Globo, IstoÉ, Jovem Pan
Imagens: Folha de São Paulo, Santa Portal, Vice, versar, History, BOL