O Doodle do Google dessa quinta-feira, 14 de março, foi em homenagem a Carolina Maria de Jesus. Para quem não sabe, essa é uma das mais consagradas escritoras brasileiras pelo mundo e uma de nossas primeiras escritoras negras.
A obra que tornou Carolina Maria de Jesus famosa em pelo menos 40 países foi Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, lançado em 1960. Só para que você tenha ideia do sucesso da escritora, seu livro foi traduzido em 14 línguas.
Como já mencionamos, 40 países tiveram o prazer de conhecer a obra-prima da brasileira, que se tornou um dos livros brasileiros mais conhecidos fora do país.
Quarto de Despejo
Em Quarto de Despejo, Carolina Maria de Jesus conta sobre o cotidiano precário na favela em que vivia em São Paulo, e onde criou seus três filhos. Sua narrativa, que tratava sobre as realidades do dia a dia e da situação de vida de seus vizinhos e conhecidos, se tornou referência da escrita feminina no Brasil.
Mas, nem tudo foram flores para a autora. Quando seu livro ganhou destaque na literatura, seus vizinhos passaram a hostilizá-la (e aos seus três filhos), acusando Carolina Maria de Jesus de colocar suas vidas em um livro sem prévia autorização. Conforme contou, os moradores da redondeza chegaram a esvaziar nela e em sua família o conteúdo de seus penicos.
O livro de Carolina Maria de Jesus, aliás, surgiu de anotações em um caderno, que usava como diário. Suas anotações começaram em 1955, e falavam sobre sua vida nesse período, como sua experiência como catadora de livro e as dificuldades do cotidiano.
A vida de Carolina Maria de Jesus
Mineira da cidade de Sacramento, a escritora nasceu em 14 de março de 1914. Filha de pais analfabetos, ela viveu em uma comunidade rural. Ela foi fruto de um relacionamento extra conjugal de seu pai, que a maltratou durante toda a infância.
Somente aos sete anos Carolina Maria passou a frequentar a escola, obrigada por sua mãe. Na época, a esposa de um fazendeiro rico da região decidiu custear os estudos da menina. Mas, sua vida estudantil foi interrompida ainda no segundo ano do ensino fundamental.
Depois da morte de sua mãe, em 1927, Carolina Maria de Jesus decidiu mudar para a cidade de São Paulo. Ela construiu a própria casa usando madeira, lata, papelão e todo o tipo de material reciclável. Foi também dessa forma, como catadora, que ela se sustentou e sustentou aos seus filhos durante muitos anos.
Aos 33 anos, em 1947, quando estava grávida e desempregada, ela passou para a então favela de Canindé, na zona Norte de São Paulo, que já não exite mais.
De catadora à escritora
A vida de Caroline começou a mudar um pouco depois de sua mudança para Canindé, quando ela passou a trabalhar na casa do cardiologista Euryclides de Jesus Zerbini, médico precursor da cirurgia cardíaca no País.
Ele permitia que futura autora usasse sua biblioteca particular para ler em seus dias de folga, o que começou a desperta a autora que existia dentro dela.
Mas Quarto de Despejo não foi a única obra de Carolina Maria de Jesus. Ela também lançou Casa de Alvenaria, Pedaços de Fome e Provérbios.
A escritora faleceu aos 62 anos, em São Paulo, em 13 de fevereiro de 1977. Ela foi vítima de insuficiência respiratória.
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Imagens: Arch Day, Cult, M de Mulher, PT, Deviante