Por mais que muita gente por aí ainda insista em dizer que o Holocausto não existiu, os fatos, provas, destroços e, principalmente, os relatos dos sobreviventes de Auschwitz e de outros campos de concentração. Uma dessas provas incontestáveis são as memórias de Andor Stern, o único brasileiro sobrevivente ao campo de concentração mais falado nesse período obscuro da história.
Aos 90 anos de idade, Andor, ou André (versão brasileira de seu nome); o sobrevivente de Auschwitz contou com detalhes – no programa Conversa com Bial, da Rede Globo, na terça-feira 9 – o inferno que viveu durante o tempo que foi prisioneiro dos nazistas.
Aliás, a história de Andor se trata de uma infeliz coincidência. Nascido no Brasil, ele foi para a Hungria, com os pais, quando tinha dois anos de idade. Seu pai era médico e, devido ao trabalho, foi transferido para Mumbai, na Índia, em 1930.
O pesado do campo
Depois disso, ao invés de voltar para o Brasil, sua família ficou na Hungria. Basicamente, eles estavam no lugar errado, na ocasião errada e, assim que o Brasil declarou guerra ao Eixo, em 1942, Andor e seus pais se tornaram prisioneiros. Ele tinha entre 14 e 15 anos quando foi preso pela primeira vez e levado para o campo.
“Garoto bom, forte, fui escolhido para trabalhar em uma fábrica de gasolina artificial e material explosivo”, contou Andor sobre sua função em Auschwitz.
“O ser humano tem uma resistência incrível (…). Eu pesava 28 kg. Como conseguia levantar nas costas um saco de cimento?”.“Eu jantava virtualmente. Deitava no chão e imaginava armários de pães, frios, geleias, bolos e montava meu sanduíche. Fazia isso todos os dias”.
A chegada dos americanos
O brasileiros sobrevivente de Auschwitz conta que, com o final da guerra, os judeus prisioneiros simplesmente foram abandonados à própria sorte. Ele foi encontrado por soldados americanos em um vagão, junto com outros pessoas, em 1º de maio de 1945.
De dia 24 de abril, até a data do resgate, ele e os demais judeus não comeram nem beberam absolutamente nada. Andor lembra que, ao ser pesado pelos enfermeiros americanos, pesava 28 kg (aos 17 anos).
Conforme o sobrevivente, a primeira coisa que os soldados fizeram ao encontrar o vagão foi oferecer comida a eles. Os que comeram acabaram se dando muito mal, já que o estômago, vazio há muitos dias, não aceitava alimentação. Ele, por outro lado, não tinha mais força para nem comer.
Recuperação e liberdade
Andor conta que os resgatados foram levados a hospitais, onde começaram a se recuperar. “Levou alguns dias para me dar conta de que estava livre”, comentou.
Em um mês sob os cuidados americanos, Andor passou de 28 kg para 55 kg. A alimentação que recebiam era pastosa, devido ao tempo de inanição, mas era farta e todos podiam comer o quanto quisessem. Ele, no entanto, tinha muita vergonha de ficar pedindo comida no início, já que estava com dificuldades para andar e não queria incomodar as enfermeiras a todo momento.
Mas, sem dúvida, o momento mais emocionante do relato do sobrevivente de Auschwitz foi quando ele falou sobre a percepção de liberdade diária.
“Eu levanto de manhã, de uma cama limpinha, com o banheiro me esperando com sabonete, toalha felpuda, gaveta cheia de camisa. (…) Pego o meu carro porque eu trabalho ainda. Vou pelo caminho que eu quero. Meu amigo, eu sou livre”.
Confira, na íntegra, a entrevista do sobrevivente de Auschwitz no Conversa com Bial:
https://www.youtube.com/watch?v=2kDfjUlyP3E
Emocionante, não? Você já tinha ouvido alguma relato de sobreviventes dos campos de concentração? O que mais toca você sobre esse período da história? Não deixe de comentar!
E, falando em campos de concentração, você deveria conferir ainda: Como era a morte nas câmaras de gás nazistas?
Fonte: Alagoas 24h, Uol, Passou na TV
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