Quando uma pessoa está apaixonada, ela experimenta um dos estados emocionais mais positivos e estimulantes, embora obviamente isso tenha que ser recíproco. Aliás, alguns estudos apontam que em mais de uma ocasião esse estágio do amor foi definido como uma espécie de doença mental transitória, pois, as pessoas ficam obcecadas e perturbadas com o objeto do desejo.
Por outro lado, existem realmente algumas patologias relacionadas ao amor. Vamos conferir algumas delas neste artigo.
Amor patológico
O que é essa doença relacionada ao amor?
Em muitas ocasiões, tem sua origem em algum outro problema psicológico anterior, em um vazio ou déficit emocional causado no passado, ou na infância e que ainda persiste na pessoa.
Em geral, trata-se também de pessoas com baixa autoestima, insegurança e medo de serem abandonadas, que procuram compensar essas deficiências emocionais e íntimas com a pessoa por quem estão obcecadas. Com efeito, o parceiro ou parceira em questão torna-se uma espécie de ‘droga’ ou entorpecente.
Sintomas
- Ciúmes excessivo que gera brigas e desgastes;
- Não conseguir reduzir ou parar de prestar a atenção no parceiro;
- Abandonar objetivos, atividades, interesses pessoais, vivendo em função do outro;
- Sintomas de abstinência quando a pessoa sente que está longe emocional ou fisicamente do outro, ou ainda sob risco de abandono, como taquicardia, tensão muscular, bem como sudorese, insônia, etc.
Tratamento
A coisa principal e mais importante para sair de um amor patológico é ser capaz de reconhecer o problema e ter a vontade de erradicá-lo. Da mesma forma, enfrentar o problema e estar atento aos comportamentos que o alimentam é essencial. Então, feitas essas etapas, algumas dicas que podem ser úteis para lidar com isso são:
- Coloque alguma distância com a pessoa desejada;
- Tente entender que não é sua posse;
- Tenha empatia e tente entender como o outro se sente;
- Realize atividades nas quais você não depende da outra pessoa;
- Aprenda a confiar em si mesmo e trabalhar a autoestima e o amor próprio;
- Não tenha receio ou vergonha de buscar ajuda psicológica.
Erotomania ou síndrome de De Clèrambault
O que é essa doença relacionada ao amor?
Em suma, a erotomania é uma forma de delírio paranóico em que o paciente tem a absoluta convicção de que tem uma relação de amor impossível’ com uma pessoa geralmente de posição social mais elevada ou que é de alguma forma inatingível. Assim, estudos afirmam que ela impõe constante e persistentemente atenção sexual indesejada a alguém.
Sintomas
O principal sintoma da erotomania é a crença resoluta e delirante de que outra pessoa está apaixonada por você. Seu comportamento, portanto, inclui esforços persistentes para entrar em contato por todas as formas possíveis, offline e online. Aliás, essas pessoas podem representar uma ameaça para o alvo de afeto.
Além disso, a erotomania pode começar repentinamente e os sintomas geralmente são duradouros, ou seja, podem persistirem por meses ou anos.
Tratamento
A Erotomania geralmente é uma condição crônica, mas, com tratamento adequado, a remissão dos sintomas delirantes pode ser alcançada em até 50% dos casos.
No entanto, o tratamento do transtorno delirante pode ser difícil porque as pessoas afetadas são incapazes de ver que suas crenças e ilusões são infundadas, de modo que poucas pessoas afetadas procurarão tratamento por conta própria.
Clorose
O que é essa doença relacionada ao amor?
Por fim, a clorose é uma patologia que teve seu auge durante os séculos XVI a XIX. Aliás, muitos pintores retrataram a doença em algumas pinturas, sobretudo, nas obras de inúmeros mestres holandeses.
No início era considerada uma anemia por deficiência de ferro e atualmente não é apresentada em textos médicos, isso não se explica pelo tratamento de sais ferrosos, nem porque agora é menos comum.
Assim, acreditava-se que sua principal causa podia estar relacionada ao mito da virgindade, com desejos e sentimentos reprimidos.
Sintomas
Os sintomas observados pelos médicos na época foram:
- Palidez que se estendia por todo o corpo;
- Pele com uma coloração amarelo-esverdeada;
- Tensão e lassidão nas extremidades;
- Sangramento nasal, palpitações, dores de cabeça, sonolência, inchaço da face e edema nos tornozelos;
- Distúrbios do apetite, tanto por excesso (obesidade), por ingestão de coisas nocivas (por exemplo, terra) ou por falta (anorexia);
- Sintomas de tristeza, nervosismo, hipocondria, bem como vontade de chorar, falta de libido;
- Tonturas, amenorreia e ondas de calor.
Tratamento
Na época, os tratamentos que foram feitos para curar esta doença foram:
- Sangramento, em alguns casos com sanguessugas;
- Recomendações dietéticas;
- Pílulas de ferro;
- Escalda-pés;
- Descargas elétricas no útero;
- Casamento ou gravidez.
Fontes: Núcleo de Stress, Psicológos Berrini, Psicólogo Terapia, Omens, BBC
Bibliografia
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