O que é livre arbítrio? Definição por diferentes áreas do conhecimento

O conceito de livre arbítrio é explorando e analisado por religiosos e pesquisadores há séculos, mas ainda permanece um pouco nublado.

O que é livre arbítrio - definição por diferentes áreas do conhecimento

Segundo o dicionário, o livre arbítrio é a possibilidade de “tomar decisões por vontade própria, seguindo o próprio discernimento e não se pautando numa razão, motivo ou causa, estabelecida”.

O conceito é utilizado é definido por várias religiões ao longo da história, mas também é tema de discussão entre filósofos e cientistas. Dessa maneira, a definição por extrapolar a do dicionário, dependendo da vertente de análise.

Vamos, então, conhecer algumas das diferentes definições utilizadas.

Livre arbítrio na religião

O que é livre arbítrio - definição por diferentes áreas do conhecimento
BBC

Apesar de falar sobre o poder de escolha que Deus oferece aos humanos, a Bíblia não menciona a expressão livre-arbítrio. O texto fala frequentemente sobre o desejo do Criador de ver as pessoas seguindo suas escolhas, desde que respeitando seus mandamentos. Caso eles sejam descumpridos, serão responsabilizados apropriadamente.

Ao mesmo tempo, o texto também menciona a predestinação, ao dizer que algumas pessoas são escolhidas para seguir o caminho de Deus, mesmo antes do nascimento. Isso parece criar uma espécie de contradição, mas o texto defende que o indivíduo ainda é livre para fazer escolhas, por mais que Deus tenha consciência delas previamente.

Ainda no campo religioso, Santo Agostinho escreveu o Livre Arbítrio em 395. Na obra, o religioso discute teses sobre a liberdade das escolhas humanas e diferencia os conceitos de liberdade e livre-arbítrio.

Para Santo Agostinho, a liberdade é fazer o bom uso do livre-arbítrio, enquanto esse consiste nas escolhas entre bem e mal. Dessa maneira, o conceito estaria mais associado ao sentido de vontade.

Já no Espiritismo, o conceito é definido pela liberdade do Espírito de fazer ou não alguma coisa. Como a doutrina não acredita em atos predeterminados, cada pessoa é responsável por suas escolhas, ao longo da vida.

Neurociência

O que é livre arbítrio - definição por diferentes áreas do conhecimento
The Harvard Gazette

Há alguns anos, cientistas tentam mapear a atividade cerebral para compreender processos de tomada de decisão e livre arbítrio. Em alguns deles, foi possível perceber que o cérebro já demonstrava decisões alguns segundos antes da consciência delas serem demonstradas.

Em 2008, o psicólogo Benjamin Libet mostrou que áreas responsáveis pela coordenação motora já apresentavam atividade antes das decisões serem tomadas pelos voluntários. Já em 2011, um novo estudo analisou 12 voluntários entre 22 e 29 anos de idade e percebeu uma diferença de sete segundos entre os processos. Durante esse tempo, foi possível registrar atividade cerebral na região do córtex polo-frontal, ligada à realização de múltiplas tarefas.

Apesar do estudo não ter sido o primeiro a tentar compreender o livre arbítrio no cérebro, foi a primeira vez que uma diferença de tempo tão grande foi percebida entre a atividade cerebral e consciência da realização do ato.

Livre arbítrio e consciência

O que é livre arbítrio - definição por diferentes áreas do conhecimento
Adventist Review

Segundo o psicólogo Jonathan Haidt, da Universidade da Vírginia (EUA), os julgamentos morais também são feitos de maneira quase automática pelo cérebro. Isso porque algumas decisões são resultado de um processo evolutivo de milênios. Nesse caso, por exemplo, pode-se incluir a rejeição ao incesto, já que o processo tinha efeitos diretos na geração de genes menos saudáveis.

Sendo assim, como o cérebro já sabe o que fazer antes de qualquer coisa, é como se a decisão já tivesse sido tomada antes mesmo do indivíduo tomar consciência. É aí, então, que entram as atividades cerebrais que visam contextualizar e dar coerência para as decisões.

É nesse processo, então, que o cérebro pode convencer o indivíduo que a decisão foi resultado de um processo de livre arbítrio.

Nesse contexto, o ganhador do prêmio Nobel de economia de 2002, Daniel Kahneman, defende que as decisões são resultado de processos emocionais. Ou seja, mesmo quando há um processo de racionalização, na verdade é a emoção que está motivando as escolhas, baseado em sentimentos anteriores.

Fontes: A Igreja de Jesus Cristo, Significados, Veja

Imagens: Law of One Society, BBC, The Harvard Gazette, Adventist Review

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