Para saber o que significa fake news, basta consultar a origem do termo, em inglês. De forma direta, fake quer dizer falso, e news, notícias. Ou seja, são notícias falcas publicadas com a intenção de sustentar algum ponto de vista ou prejudicar a imagem de um alvo específico.
Como forma de atingir um número maior de pessoas, elas costumam apelar para pontos que ativam emoções fortes no leitor. Dessa maneira, antes mesmo que questionar a veracidade do conteúdo, o espectador já está contaminado e consumido pelo material falso.
Além das fake news na forma de texto, também é comum que elas sejam criadas como imagens. Muitas vezes, inclusive, o formato é ainda mais eficiente, já que precisa de menos tempo e menos atenção para ser consumido e compartilhado.
Origem
Mundialmente, o termo ganhou mais destaque a partir das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em 2016. Na época, vários textos falsos sobre Hillary Clinton foram criados e compartilhados por eleitores e simpatizantes de seu rival político, Donald Trump.
Mas isso não significa que as fake news são um conteúdo recente na história. De acordo com o Dicionário Merriam-Webster, as mentiras em forma de notícia já eram populares, mas recebiam o nome de false news, antes da popularização do termo fake.
Antes das notícias falsas serem compartilhadas de forma digital, escritores já utilizam informações falsas em comunicados para prejudicar rivais. Da mesma maneira, manifestos e propagandas também começaram a serem entregues para a população muito antes do século XX.
Além disso, manipulações de imagens já eram comuns em outros momentos da história. O regime soviético, por exemplo, alterava fotos de Stalin para remover alguns de seus inimigos políticos das imagens,
Máquina de produção de fake news
O mercado de produção de fake news costuma ser mantido por pessoas e empresas de muita influência. Em períodos eleitorais, por exemplo, equipes especializadas podem ser contratadas por candidatos, na intenção de obter votos ou prejudicar adversários.
Na maior parte das vezes, as equipes de produção são compostas de pessoas com alguma experiência em jornalismo, marketing ou publicidade, o que significa que as fake news passam pelas mãos de pessoas com experiência em notícias verdadeiras. Além disso, policiais e outros agentes de segurança ou especialistas em tecnologia podem ser inclusos para garantir a proteção da origem dos dados.
Isso porque, por conta dos aspectos falsos dos textos, é comum que os IPs (uma espécie de endereços digitais dos computadores) sejam alterados, para dificultar o acesso à origem do material. Da mesma forma, o próprio registro das fontes de notícias falsas pode passar por adulterações.
Investigações
Segundo uma investigação do jornal Correio Braziliense, é comum que o CPF dos próprios alvos das mentiras das fake news esteja atrelado aos registros de origem dos textos. Isso não significa que os casos tratam de autodepreciação, mas sim de falsificação de documentos, a fim de impedir que as vítimas deem prosseguimento em processos ou investigações.
Em sites e redes sociais, também é comum encontrar estratégias semelhantes. Os designs das páginas de notícias falsas costumam imitar o de sites populares, seja de notícias ou de conteúdos próximos ao do falso. Já nas redes sociais, perfis mentirosos mantêm contato com outras contas, a fim de transparecer um ar de verdade.
De acordo com um levantamento feio por veículos de comunicação do Brasil, entre 2017 e 2018 o engajamento em sites de jornais tradicionais caiu em cerca de 17%. Por outro lado, a interação com sites responsáveis por propagar fake news tiveram crescimento de mais de 60%.
Principais riscos das fake news
Legitimação de violência
A partir da reação em massa diante das fake news, comportamentos violentos podem ser legitimados. Além de ataques realizados online pra justificar episódios de violência para uma vítima, por exemplo, esses casos podem chegar a gerar tragédias sem volta. Em 2014, por exemplo, moradores do Guarujá lincharam uma mulher, depois que ela foi falsamente acusada de bruxaria na internet.
Na Índia, em 2018, pelo menos cinco pessoas morreram depois que um grupo persegui homens acusados de sequestro, com base em notícias mentirosas.
Problemas de saúde pública
A partir do crescimento de informações falsas, a população pode ser colocada em perigo. Em 2018, por exemplo, o Ministério da Saúde precisou reforçar campanhas de vacinação contra sarampo para responder as informações mentirosas que circulavam nas redes sociais. Isso significa, portanto, que a disseminação das fake news é capaz de afetar o sistema de saúde do país, oferecendo risco à toda população.
Preconceitos
Discursos de ódios a minorias sociais são frequentemente reforçados por notícias falsas compartilhadas nas redes. Em Roraima, por exemplo, moradores locais começaram a atacar imigrantes venezuelanos com paus, pedras e bombas a partir do contato com mentiras online. Além disso, o Ministério da Educação precisou esclarecer publicamente, em 2016, sobre mentiras espalhadas com conteúdos homofóbicos ligados ao órgão.
Como combater
Combater a propagação de mentiras online é um grande desafio, mas não significa que não há como evitar fake news. Dessa maneira, o primeiro passo é ter cautela antes de compartilhar qualquer tipo de conteúdo.
Atualmente, sites especializados em checar informações ajudam nessa missão. A Agência Lupa, por exemplo, é resultado da parceria entre Revista Piauí, Fundação Getúlio Vargas e rede Um Brasil.
No ar desde 2015, o site analisa notícias de circulação nacional e internacional, pontuando verdades e mentiras nas informações. Além disso, existem outras classificações mais precisas, que indicam informações exageradas, precipitadas, contraditórias, dentre outros.
Outro sites, como Aos Fatos e Boatos.org também oferecem serviços semelhantes, a fim de garantir a veracidade dos conteúdos compartilhados online.
Fontes: Wizard, Mundo Educação, Mais Bolsas, Educa Mais Brasil, Brasil Escola
Imagens: Science Mag, Esporte Clube Pinheiros, cortex, Jusbrasil, The Conversation, G1, Helpdemia