Certamente você já ouviu falar ao menos uma vez de pau-brasil. A árvore foi o primeiro recurso natural explorado pelos portugueses assim que chegaram por aqui, no descobrimento, no século XVI. A exploração, que acontecia por meio do escambo com indígenas, foi tão importante que acabou gerando o nome do nosso país.
O pau-brasil, ou Paubrasilia echinata, pode ter de 10 a 15 metros de altura e foi extremamente abundante na Mata Atlântica. Com um tronco cinza-escuro relativamente fino, a árvore foi explorada principalmente por gerar uma tinta vermelha muito utilizada na coloração de tecidos.
A princípio, era chamado de ibirapitanga. Isso porque “ybirá” significa “árvore” e “pintanga” representa “vermelho”, em tupi-guarani. Para os colonizadores, a árvore se chamava bersil, sinônimo de brasa. Além de ser chamada de pau-brasil, ela também ganhou nomes como como pau-vermelho, pau-de-pernambuco, arabutã, ibirapitã, muirapiranga, orabutã, pau-rosado e pau-de-tinta.
História
Além de ser comercializado por causa do corante utilizado para tingir tecidos, o pau-brasil tinha outras utilidades. A árvore podia ser utilizada para construir objetos variados, como móveis e caixas. Assim, foi vista como potencial mercadoria de exportação para a Europa. Rapidamente, a exploração teve início.
A primeira pessoa autorizada a explorar a madeira foi Fernão de Loronha, ou Fernando de Noronha. Em 1501, ele ganhou direito de explorar o território e logo ganhou domínio da ilha de São João. A ilha é a mesma conhecida atualmente pelo nome do explorador. Logo após conquistar a capitania, também ganhou o direito de explorar a árvore.
A primeira exportação de pau-brasil para Portugal, entretanto, só foi registrada dez anos depois. Em 1511, cinco mil toras da árvore foram exportadas no navio Bretoa. No mesmo ano, a autorização de Fernão de Loronha foi transferida para Jorge Lopes Bixorda. Dois anos depois, a autorização foi ampliada para todos interessados, mas com uma condição. Agora, quem explorasse a madeira devia pagar 20% de impostos à Portugal.
Exploração de pau-brasil
Antes do processo de colonização do Brasil ser iniciado, na década de 1530, os portugueses focavam na exploração da terra. Na época, eles ocupavam apenas o litoral e atuavam por meio de feitorias. A princípio, as feitorias foram instauradas em Cabo Frio, Porto Seguro e Igarassu (atual Pernambuco).
As árvores de pau-brasil, entretanto, não eram encontradas umas próximas às outras. Dessa maneira, os portugueses contratavam indígenas para que eles encontrassem e derrubassem as árvores. Uma vez que eles eram nativos, tinham muito mais conhecimento do território e conseguiam localizá-las com maior facilidade.
Alguns povos indígenas, no entanto, tinham relações hostis com os portugueses. Para complicar ainda mais, os exploradores enfrentavam franceses que queriam contrabandear pau-brasil. Para isso, expedições como a de Paulmier de Gonneville, em 1503, negociavam com indígenas a fim de também obter lucro com a descoberta recente.
Nome
Existem várias teorias e hipóteses sobre o surgimento do nome pau-brasil. Apesar disso, atualmente existe um consenso que diz que “brasil” é uma referência à resina avermelhada encontrada na madeira. Segundo as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starlin, o termo vem do latim brasilia, que significa vermelho, ou cor de brasa.
A partir de 1512, o nome da madeira começou a ser utilizado para se referir ao território recém descoberto. Com a mercadoria chegando oficialmente na Europa, o termo ganhou força e, mais tarde, se tornou o nome oficial do país.
De acordo com historiadores, na Europa medieval, já havia uma árvore conhecida por nomes como brecilis e brezil. A árvore era semelhante ao pau-brasil, mas originária da Ásia. Assim como a nossa madeira, essa também era utilizada para tingir tecidos ainda nos séculos XII e XIII.
Curiosidades
Extinção: Em 1928, acreditava-se que o pau-brasil já não existia no país, com crescimento espontâneo. Apesar disso, um estudante encontrou uma árvore que deu origem a Estação Ecológica da Tapacurá, atualmente administrada pela Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Pena de morte: Por volta dos anos 1700, cortar árvores de pau-brasil podia gerar pena de morte. Ainda que o crime fosse grave, muita gente negociava a planta por cerca de 240 réis o quintal (unidade de peso equivalente a aproximadamente 60 kg).
Dia nacional: Em 1978, o pau-brasil foi declarado patrimônio nacional, com a Lei nº 6.607. Além disso, a lei determinada que o dia 3 de maio seria dia oficial da árvore, única protegida em todo o país. Mais tarde, houve uma tentativa de fazer o mesmo com o ipê-amarelo, mas não foi aprovada.
Saúde: Um estudo da Universidade Federal de Pernambuco ainda em andamento analisa a atuação de compostos da árvore em determinados tipos de tumores. Em testes com ratos, houve redução de até 87% de incidência das condições.
Violino: Em 1775, François Tourte criou o primeiro arco de violino com a madeira da árvore. Até hoje, acontece a exportação para Alemanha, França e EUA, onde se fabricam instrumentos que podem custar até 10 mil dólares.
Fontes: Brasil Escola, Mega Curioso
Imagem de destaque: Estudo Kids