Os pigmeus são povos africanos que também recebem o nome de povos da floresta, em razão dos ambientes em que vivem. Outra das principais características típicas do grupo é a baixa estatura, chegando a um máximo de 1,50 m.
A origem do nome vem do grego Pygmaios, que indicava a medida de um “côvodo” de altura. A medida equivale a cerca de 66 cm e era utilizada por várias civilizações antigas, com base no tamanho médio do braço.
Por algum tempo, o termo era considerado pejorativo na denominação do grupo, mas acabou sendo ressignificado. Isso aconteceu especialmente a partir da ação de grupos de ativistas que se apropriaram de termo de forma positiva. Além disso, nenhum outro nome nunca foi proposto para nomear o grupo.
História dos pigmeus
Durante a Antiguidade, algumas civilizações consideravam o nanismo como uma condição de sorte e prosperidade. Os egípcios, por exemplo, relacionavam a condição aos deuses anões Ptah e Behs. O culto às figuras se estendeu ao longo do Médio Rio Nilo em meados de 3000 aC e se espalhou pela região do Mediterrâneo no primeiro milênio antes de Cristo.
Dessa maneira, a influência também acabou sendo levada a culturas greco-romanas, que usavam anões como símbolos divinos.
Já durante a Idade Média, o nome pigmeu aparecia na relação de seres humanos e animais, como nas definições de raças ditas mais monstruosas. Ao mesmo tempo, lendas falavam sobre seres de baixa estatura que viviam em florestas e cruzavam o caminho de viajantes.
Somente a partir do período do neocolonialismo o nome ganhou uma nova conotação. Nessa época, então, os povos indígenas das florestas tropicais africanas ganharam o nome de pigmeus. A definição, no entanto, tinha base no racismo, pois relacionava esses povos a macacos.
Alguns teóricos, por exemplo, diziam que os grupos eram o elo perdido da evolução entre esses animais e humanos, a partir de conceitos de evolucionismo biológico e teorias raciais. Com base nisso, europeus tentavam justificar hábitos de abuso, violência e escravidão.
Características
Em comparação com a média de altura de humanos, os pigmeus são considerados baixinhos. Isso porque, em homens, a altura média é de apenas 1,45 m, enquanto as mulheres são ainda menores, atingindo até 1,35 m. Para eles, no entanto, o tamanho é uma vantagem, já que garante a agilidade durante a movimentação pelas selvas africanas.
Além disso, são marcados por tons de pele marrom-avermelhados e cabelos escuros e encaracolados. Os traços físicos reúnem cabeça arredondada, nariz volumoso e achatado, além de pernas curtas, braços longos e abdomes salientes.
Origem
Os povos pigmeus são naturais das florestas de regiões tropicais e equatoriais da África. Desde sua descoberta, a cerca de 2 mil anos, estão em países como Angola, Camarões, Gabão, Namíbia, Ruanda e Zaire, por exemplo.
Apesar de classificados dentro de um mesmo grupo, eles possuem divisões particulares. Cada subgrupo possui traços culturais particulares, bem como língua e hábitos de caça diferentes. Atualmente, as sociedades de pigmeu incluem Aka, Baka, Mbuti e Twa.
As principais teorias sobre as características físicas peculiares surge da relação desses povos com os ambientes em que vivem. De acordo com as linhas de estudo de maior destaque, a pouca incidência de luz nas florestas ofereceu pouca vitamina D aos corpos, gerando ossos mais fracos e, por isso, menores.
No entanto, algumas vertentes de estudos (e lendas) defendem que os pigmeus já foram altos. Segundo essas variações da história, os descendentes do grupo foram expulsos de suas terras e tiveram que viver nos ambientes de privação solar, gerando transformação dos traços físicos.
Sociedade dos pigmeus
Ainda que cada subgrupo tenha características particulares, a maior parte dos pigmeus vive em pequenos grupos com menos de cem pessoas. Eles constroem cabanas temporárias em clareias de florestas e vivem ali até que os alimentos da região fiquem escassos.
As cabanas são feitas com folhas e galhos de árvores e podem abrigar o grupo inteiro, ou divisões menores, de até 30 pessoas. Em média, elas possuam de 2 a 3 metros de distância e são baixas como os próprios pigmeus, raramente ultrapassando 1,50 m de altura.
O líder do grupo, geralmente o caçador mais hábil ou mais velho é responsável pelas principais decisões da aldeia. A construção das cabanas, entretanto, é uma função feminina. No passado, a missão era exclusiva delas, mas o passar dos tempos provocou algumas transformações no hábito.
Apesar disso, elas ainda gozam de extrema importância dentro da sociedade. A monogamia, por exemplo, é um traço tão forte para pigmeus que até mesmo estudiosos tem dificuldade de explicar a intensidade da prática.
No âmbito religioso, eles costumam crer num ser criador superior, representado pela selva. Além disso, acreditam que as almas das boas pessoas transformam-se em estrelas após a morte, enquanto as ruins vagam pela selva e amaldiçoam os vivos com pragas e doenças.
Importância da caça
alguns cachorros, que contribuem para a principal atividade de subsistência das aldeias: a caça.
Além disso, eles também vivem da fabricação de mel, da pesca, colheita de frutos e raízes e da venda de cerâmica artesanal.
A caça é feita com o uso de lança ou arco e flecha e tem como principal alvo espécies de antílopes, pássaros, búfalos, elefantes, macacos e alguns outros animais menores, como porco-espinho, por exemplo.
O dia da caça é tão importante, que os pigmeus se abstêm de relações sexuais tanto nesse dia como no dia anterior. Além disso, eles começam o dia com rituais de canto, dança e batuque, na intenção de atrair sorte para a missão. Cada caçador também passa por uma cerimônia de gratidão e purificação com a queima de algumas ervas e uma oração. Depois que o fogo é apagado, então, as cinzas são jogadas sobre o corpo com pinturas de caça.
Parte do grupo de caçadores tem a missão de fazer barulhos que distraem os animais, enquanto outros criam armadilhas e outros ficam responsáveis por matar ou capturar os animais.
No fim da caçada, então, os homens são recebidos com uma nova festa, para celebrar o alimento da natureza.
Pigmeus e natureza
A relação com a natureza é uma das principais características do estilo de vida dos pigmeus. Ainda que cacem para sobreviver, eles retiram dela apenas o que acham necessário e não aceitam nenhum tipo de desperdício no dia-a-dia.
Isso porque a natureza é vista como um ser superior que deve ser protegido e cuidado. Além dos alimentos, a natureza também dá o necessário para construir abrigos e ferramentas de sobrevivência.
Os animais caçados, por exemplo, não podem ser guardados ou acumulados para o consumo posterior, pois a natureza possui o necessário para quando eles tiverem fome.
Outros costumes culturais
Além da caça, a dança é uma das atividades mais comuns na rotina dos povos pigmeus. Isso porque eles consideram o hábito uma forma de prestar gratidão por tudo o que conseguem fazer.
Nesse momento, portanto, todos os membros da aldeia devem participar da atividade, que também serve para unir os povos. Além disso, eles também adotam o hábito de fazer reuniões noturnas para compartilhar lendas e histórias sobre os antepassados.
Extinção
Ainda que vivam em grupos autossustentáveis, os pigmeus sofrem com inúmeras ameaças. Além de problemas de saúde e de nutrição, as principais condições negativas tem origem na destruição das florestas naturais e na exploração das regiões.
Frequentemente, povos pigmeus são obrigados a sair de seus territórios por conta da ação de exploradores de madeiras. A prática não só destrói os ambientes naturais, mas também gera a escravização de algumas aldeias dentro dos processos de exploração da floresta.
Muitas vezes, o abuso não fica restrito a condições trabalhistas, envolvendo práticas de violência como estupro e canibalismo dos indivíduos.