Poliglota é alguém que fala três idiomas ou mais. Certamente, dominar vários idiomas é o sonho de muita gente. Provavelmente você já leu Crime e Castigo e pensou “eu preciso saborear isso no russo original” ou mesmo leu Cem Anos de Solidão, e desejou ser um profissional do castelhano, por exemplo.
Primeiramente, a palavra poliglota vem do termo grego poluglōttos, onde “polu” é igual a “muitos” e “glōttos”, é igual a “língua/linguagem”. Consequentemente, quando alguém fala duas línguas é considerado bilíngue. Em contraste, quando alguém domina três línguas ou mais, essa pessoa é considerada poliglota.
Acima de tudo, ser um poliglota não é simples. Isso porque para aprender um novo idioma requer anos de dedicação e envolvimento, então várias línguas exige ainda mais esforço. Consequentemente, a idade é um grande aliado. Aliás, quanto mais velho, mais tempo a pessoa teve para se aprimorar nas linguagens.
Além disso, aprender línguas na infância faz toda a diferença. Basicamente, após a puberdade, os hormônios dificultam a reprodução de um sotaque mais autêntico. Mas, claro, sempre é tempo de aprender, mesmo que não se tenha tanta facilidade quanto nessa fase inicial da vida.
Poliglota X Superpoliglota
Primeiramente, como já foi dito, poliglota é aquele que fala várias línguas, sendo que no minimo mais de três. Apesar disso, existe uma categoria acima dessa: os superpoliglotas. Também chamados de hiperpoliglotas, estas são pessoas que dominam pelo menos seis línguas diferentes.
Os termos superpoliglota e hiperpoliglota, aliás, foram definidos em 2003, pelo linguista britânico Richard Hudson. Basicamente, hiperpoliglotas são diferentes de bilíngues ou poliglotas. Isso porque essas pessoas testam os limites do cérebro e ajudam a ciência a entender como funciona a mente humana.
Depois da puberdade, o cérebro começa a ficar mais estável e menos flexível, por isso a dificuldade de aprender línguas novas depois de certa idade. Apesar disso, alguns pesquisadores acreditam que os hiperpoliglotas conseguem prolongar essa plasticidade.
Inclusive, vale lembrar que para falar outros idiomas, são exigidas tarefas do cérebro como: percepção auditiva, controle motor, memória semântica, sequenciamento de palavras.
Portanto, para assimilar um novo idioma, o cérebro precisa entender as estruturas do som e das palavras. Esse aprendizado, aliás, percorre pelos hemisférios esquerdo e direito do cérebro.
Apesar disso, o maior mérito de um hiperpoliglota, para os cientistas, é muito simples: acumulação de experiência. Ou seja, simplesmente memórias guardadas com mais fluidez depois de muito estudo.
Mente elástica
Primeiramente, o córtex pré-frontal é uma área do cérebro que conta com a ajuda da memória ativa. Apesar disso, existe pouco espaço na memória ativa. Ou seja, informações novas chegam e as velhas vão para a memória de longo prazo.
Por causa disso, a memória de longo prazo tem um espaço maior e é mais flexível. Basicamente, ela ajuda a aprender várias línguas.
A genética, certamente, é outro fator decisivo na hora de aprender várias línguas. Segundo cientistas da Universidade de Münster, na Alemanha, a habilidade em aprender idiomas envolve diferenças genéticas nos neurotransmissores do hipocampo, a área que transforma informações temporárias em permanentes. Portanto, a velha e batida vontade de aprender.
Basicamente, é possível aprender a organizar as informações no cérebro e a traçar caminhos para encontrá-las. Para isso, é necessário ter a velha e boa vontade de aprender. Consequentemente, é possível expandir a capacidade de guardar informações sem precisar de um QI acima da média. A memória de longo prazo parece aumentar de acordo com a vontade de cada um.
Como se tornar poliglota
O primeiro passo para se tornar um poliglota é aceitar que erros serão naturais. Dessa maneira, a principal recomendação é não mirar na perfeição, mas sim na capacidade de compreender e ser compreendido.
A princípio, é ideal dominar as fases mais básicas. Os principais livros e aplicativos de aula de idiomas sugerem as frases iniciais, mas dependendo da intenção da prática, pode ser interessante pesquisar uma lista para uma área específica. Quem quer usar o inglês para compreender textos de medicina, por exemplo, pode ter que se aprofundar num conhecimento mais particular.
Além disso, conhecer um estrangeiro que domina a língua ajuda muito. A maioria das pessoas pode não ter esse tipo de contato acessível, mas hoje em dia é possível fazer amigos virtuais em aplicativos especializados na troca de informações entre estudantes de línguas. Assim como os aplicativos que ensinam idiomas, esses são ótimas ferramentas no processo de aprendizado.
Para quem tem condições, investir numa viagem internacional também pode ser uma boa. Isso porque nada melhor do que a imersão num contexto em que o idioma é nativo para pegar nuances da comunicação.
Confira 6 famosos poliglotas históricos
1 – L.L. Zamenhof
Primeiramente, este médico e linguista era fluente em russo, polonês, alemão, ídiche e francês. Além disso, ele também estudou latim, grego, hebraico e aramaico. Ele também se dedicou ao idioma artificial volapük. Ou seja, ele ficou famosos pela criação de um idioma que se tornou o mais bem sucedido do mundo.
Zamenhof acreditava que forçar imigrantes a aprender o idioma local os colocava em desvantagem quando competiam com os falantes nativos. Consequentemente, um idioma artificial poderia fornecer uma base neutra adequada para a comunicação e nivelar o aprendizado para todos.
2 – Elizabeth I
A Rainha Virgem possuía habilidades linguísticas. Ela aprendeu com maestria francês, flamengo, italiano, espanhol, latim, grego e córnico. Apesar disso, o seu grande legado é como tradutora. Ela traduziu Cicero, Sêneca e Calvino para o inglês e também traduziu o trabalho religioso de Katherine Parr Prayers or Meditations para o latim, francês e italiano quando ela era apenas uma adolescente.
3 – Friedrich Engels
O filósofo alemão é conhecido pelo seu trabalho crítico sobre o capitalismo, desenvolvido com Karl Marx. Apesar disso, ele também era conhecido como um linguista que dominava diversos idiomas: russo, italiano, português, gaélico irlandês, espanhol, polonês, francês, inglês, dialeto de Milão, gótico, nórdico antigo e saxão antigo. Supostamente ele aprendeu árabe em 3 semanas.
4 – Alexander Argüelles
Alexander Argüelles é um linguista que domina cerca de três dúzias de idiomas, fala a maioria deles fluentemente e ainda estudou muitos outros. Sua maior motivação para aprender alemão foi a literatura. Além disso, ele desenvolveu um método intenso, estudando 16 horas por dia, transcrevendo os idiomas e fazendo uma imersão nos sons, nas estruturas e nas dinâmicas do idioma escolhido.
De acordo com ele, qualquer pessoa estudada deveria aprender no mínimo 6 idiomas, priorizando:
- as línguas clássicas de sua civilização;
- os idiomas vivos das culturas mais expandidas;
- inglês, o idioma internacional;
- um idioma exótico de sua escolha.
5 – Kató Lomb
Kató Lomb faleceu, em 2003, com quase 100 anos de idade. Ela foi um das primeiras intérpretes simultâneas do mundo e conseguiu aprender 16 línguas. Depois de estudar química e física, ela se jogou no inglês, com a intenção de se tornar professora do idioma. Ela escolheu livros e dicionários diversos, leu o máximo que pode em inglês e aprendeu basicamente praticando.
Além de sua língua nativa, ela falava o húngaro: búlgaro, romeno, polonês, russo, eslovaco, ucraniano, dinamarquês, inglês, francês, alemão, italiano, espanhol, hebreu, latim, japonês e chinês. Em seu livro É assim que aprendi idiomas, Lomb menciona ter entrado diretamente em uma aula avançada de polonês e falar para o professor que ela não tinha nenhum conhecimento prévio.
6 – J.R.R. Tolkien
Tolkien é famoso por incluir idiomas artificiais nos seus livros. O Senhor dos Anéis e o O Hobbit, são provas de que essas línguas inventadas possuem uma gramática e semântica comparáveis com idiomas que evoluíram naturalmente. Tudo começou com a mãe de Tolkien, que o ensinou latim, francês e alemão desde pequeno. Consequentemente, isso o levou a estudar outras ao longo de sua vida.
O seu favorito era o finlandês, que o inspirou a criar quenya, uma língua culta dos elfos. Da mesma forma, o seu amor por galês o influenciou a criar o sindarin, o segundo idioma mais complexo que ele inventou. Além disso, ele não acreditava que alguém devesse aprender um idioma por sua razão prática ou econômica, mas apenas por puro amor.
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Fontes: Mosalingua Super Interessante +Babbel
Imagens: BetterLyf, Complete University Guide
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