Caso você tenha por volta de 35 anos e foi alfabetizado no Brasil, provavelmente, conhece a cartilha Caminho Suave. O livro didático mais famoso do Brasil não é mais utilizado nas escolas brasileiras, porém ainda tem muitos admiradores.
Ele foi publicado em 1948 por Branca de Alves Lima, vendendo 40 milhões de cópias até o momento. O livro também se atualizou, tento ao todo 132 edições.
Nos últimos dias, aliás, ele acabou voltando a ser comentado por simpatizantes. O presidente Bolsonaro e outros representantes do governo, por exemplo, estão entre eles.
Entenda, nessa matéria, mais sobre a história da cartilha e também o motivo pelo qual ela foi retirada das escolas de todos os Brasil.
História
Em primeiro lugar, precisamos falar da autora do livro, Branca Alves de Lima, que foi uma importante professora do século passado no Brasil. Ela, em consequência de sua experiência, acabou inventando uma forma bastante didática para alfabetizar crianças. Em suma, tal método ligava sílabas e letras a imagens de objetos do nosso dia a dia.
O método era bastante simples e trazia como, por exemplo, a sílaba “ca” associada a imagem de um “cachorro”. A ligação neural era feita de forma fácil, agilizando o processo de alfabetização.
Essa técnica ficou conhecido como “alfabetização por imagem”, o que desperta um grande sentimento de nostalgia em quem foi educado com ela.
Posteriormente Branca chamou a atenção do governo após muitos de seus alunos do interior de São Paulo, aprenderem com método. O Ministério da Educação acabou adotando em boa parte das escolas públicas brasileiras. Foram mais de 40 anos com o livro e milhões de brasileiros alfabetizados com a ajuda do livro.
A cartilha Caminho Suave acabou perdendo seu posto em 1996, quando o MEC acabou retirando o livro do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Surpreendentemente, o principal motivo foi que novos estudos psicolinguísticos e sociolinguísticos, mostraram que apenas associar a imagem não é a melhor opção para se aprender a ler e escrever.
Novos métodos foram utilizados e dessa forma, novos livros teriam que ser adotados nas escolas públicas de todo o Brasil.
O “fim” da cartilha Caminho Suave
Primeiramente, é preciso explicar mais um pouco sobre os métodos de alfabetização. Eles são divididos em dois grandes grupos onde temos os sintéticos e os analíticos. Os métodos sintéticos partem das menores estruturas e vão para as maiores, como, por exemplo, aprender as vogais, depois as sílabas e depois palavras. Já os analíticos fazem basicamente o contrário, partindo de textos e frases, dividindo-as em sílabas e letras posteriormente.
Apesar de a cartilha Caminho Suave fazer um mix dos métodos, tudo era muito superficial, causando uma baixa qualidade no ensino. As principais críticas ao livro estava em seu vocabulário pobre e sem muitos exemplos, fazendo com que muitas coisas ficassem de fora do aprendizado do aluno. Em suma, aprender frases separadas ou palavras separadas, fazia com que o aluno não se interessasse pela leitura.
Essas metodologias começaram a receber críticas 1980, principalmente pela baixa qualidade na alfabetização da população. As pessoas sabiam escrever o próprio nome e ler algumas coisas simples, porém não conseguiam interpretar textos minimamente complexos.
A partir dessas reflexões surgiu o construtivismo, onde se defendia que o aluno como o centro de tudo e o professor como mediador. O professor seria uma parte importante, produzindo mais conhecimento para o aluno que apenas regras simples de leitura. Aprender determinadas regras e símbolos, não era significado que o aluno poderia ler um poema, uma carta, etc.
Apesar disso, até hoje ela é vendida em livrarias como uma opção mais simples para pessoas com dificuldade de aprendizado. Atualmente o livro ainda vende 10 mil cópias anuais, além de acompanhar novidades como baralho e caderno de atividades.
E aí, o que achou da matéria? Caso tenha gostado, é provável que também goste dessa: 10 melhores canais infantis educativos do Youtube
Imagem de destaque: Muzees