Certamente, você já imaginava que o Brasil é um país violento. Mas você sabia que a o território brasileiro abriga 17 das 50 cidades mais perigosas do mundo? Desse modo, a violência e o crime infelizmente se tornaram uma característica marcante da identidade nacional e internacional do país.
Embora os números do Brasil sejam menores em comparação com vários países da América Central e do Caribe, ele ocupa o terceiro lugar na América do Sul, em termos de taxas de homicídio, ficando atrás apenas da Venezuela e da Colômbia.
Todavia, o aumento da criminalidade já não causa tanto espanto, visto que o Brasil tem uma das maiores desigualdades sociais e econômicas do continente. Além disso, outros fatores como as rotas do narcotráfico de países vizinhos como Colômbia, Peru e Bolívia – os três maiores produtores de cocaína do mundo – eventualmente, contribuíram para tornar o país o celeiro do crime organizado e da violência generalizada.
Tipos de violência
Antes de conhecer as cidades mais perigosas do Brasil, precisamos enxergar a violência no país não apenas como uma questão política, mas também como uma questão de saúde pública. Nesse sentido, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) definem que violência é: “o uso intencional de força física ou poder, por ameaça ou ação, contra si mesmo, outra pessoa ou um grupo ou comunidade, que tem como resultado ferimento, morte, sofrimento psicológico, mal desenvolvimento ou privação”.
Dessa maneira, a violência é classificada em três categorias:
- Em primeiro lugar está a Violência Autoinfligida. Ela é praticada contra si mesmo, tendo como consequência a automutilação ou suicídio por exemplo.
- Em segundo lugar, está a Violência Interpessoal, intrafamiliar e comunitária. Esse tipo é praticado contra outra pessoa, seja ela familiar, conhecido ou desconhecido. Assim, crimes como abuso sexual e feminicídio que podem ocorrer no ambiente familiar, são chamados de violências interpessoais intrafamiliares. Por outro lado, o estupro, o homicídio e o latrocínio (roubo seguido de morte) são chamados de violências interpessoais comunitárias, pois ocorrem fora do âmbito doméstico. Ademais, a violência interpessoal comunitária é subdividida em diversos subtipos, como violência política, de gênero, no trânsito, no campo e etc.
- E em terceiro lugar temos a Violência Coletiva que está dividida em social, política e econômica, como por exemplo atuação do crime organizado por meio de facções e milícias.
Natureza do ato violento
Quanto à natureza do ato violento, a OMS classifica em cinco tipos que incluem:
- Violência física
- Abuso psicológico
- Abuso sexual
- Abandono
- Negligência
- Privação de cuidados
Dados da violência no país
Historicamente, a onda de violência no Brasil vem crescendo desde a década de 1970. Sobretudo, foi em 2017 que ocorreu o auge desse indicador, ou seja, naquele ano houve uma explosão na taxa de homicídios onde 65.602 pessoas foram assassinadas no país. Por conseguinte, com a criação do Ministério de Segurança Pública, um ano depois, em 2018, as estatísticas sobre segurança passaram a ser compilados em um único sistema integrando dados dos governos Federal, estadual e municipal.
De acordo com o Atlas da Violência 2019, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, nos anos posteriores, houve uma tendência de queda nas mortes violentas, mas não o suficiente para o Brasil deixar de integrar a lista de países mais perigosos do mundo.
Perfil das vítimas
Quanto ao tipo de crime, no Brasil os homicídios são a principal causa de óbito das vítimas de mortes violentas. Já com relação ao perfil das vítimas, primordialmente são jovens do sexo masculino, com faixa etária entre 15 e 29 anos. Assim, outro dado importante é que a maior parte das vítimas de homicídio é composta por homens solteiros e de baixa escolaridade.
Além disso, observa-se que desigualdade racial também é presente nos indicadores sociais de violência. Em 2018, pretos e pardos foram 75,7% das vítimas de homicídio. Da mesma forma, com relação ao assassinato de mulheres é perceptível a mesma assimetria, pois 68% das mulheres assassinadas no Brasil, em 2018, eram negras.
Com efeito, o levantamento também aponta que entre 2007 e 2017, houve um crescimento de 30,7% nos homicídios de mulheres no Brasil. Ademais, houve um forte crescimento nos últimos dez anos nas denúncias de homicídios contra a população LGBTQI+. Nestes casos, mais de 70% das ocorrências os autores do crime são do sexo masculino, enquanto que a maioria das vítimas é de homossexuais ou bissexuais do sexo feminino.
Cidades mais perigosas do Brasil
Segundo dados do Ipea, baseados nos indicadores de mortes violentas de 2019, as 10 cidades mais violentas do Brasil com base na quantidade de homicídios para cada 100 mil habitantes, são:
1. Maracanaú (CE) 145,7
2. Altamira (PA) 133,7
3. São Gonçalo do Amarante (RN) 131,2
4. Simões Filho (BA) 119,9
5. Queimados (RJ) 115,6
6. Alvorada (RS) 112,6
7. Marituba (PA) 100,1
8. Porto Seguro (BA) 101,6
9. Lauro de Freitas (BA) 99
10. Camaçari (BA) 98,1
Estados mais violentos do Brasil
Conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020, abaixo estão listadas as taxas de homicídios para cada 100 mil moradores em ordem da maior para a menor, em dez estados brasileiros no ano de 2019:
Amapá: 49,1
Sergipe: 42,1
Rio Grande do Norte: 40,7
Pará: 40,5
Bahia: 39,2
Pernambuco: 36,3
Roraima: 35,0
Rio de Janeiro: 34,6
Alagoas: 34,2
Acre: 33,6
Cidades mais seguras do Brasil
Em seguida, confira as cidades com as menores taxas de homicídios do Brasil, com números de 2019, entre as que contam com mais de 100 mil habitantes;
1. Jaú (SP) 2,7
2. Indaiatuba (SP) 3,5
3. Valinhos (SP) 4,7
4. Jaraguá do Sul (SC) 5,5
5. Brusque (SC) 5,8
6. Jundiaí (SP) 6,1
7. Limeira (SP) 7,7
7. Americana (SP) 7,7
7. Bragança Paulista (SP) 7,7
10. Santos (SP) 7,8
Estratégias para prevenir a violência
Em conclusão, a ONU, com base em evidências científicas sobre a eficiência de intervenções para prevenir violência , destaca as seguintes estratégias para combater este problema:
- Criar e implementar programas de identificação, cuidado e apoio com o propósito de acolher as vítimas;
- Estimular relações seguras, estáveis e saudáveis entre crianças e seus pais e cuidadores;
- Desenvolver habilidades de vida principalmente em crianças e adolescentes;
- Modificar normas culturais e sociais sobretudo as que apoiam a violência;
- Promover igualdade de gênero a fim de prevenir a violência contra mulheres;
- Reduzir a disponibilidade do uso danoso de drogas lícitas, primordialmente o álcool;
- Por fim, a ONU recomenda reduzir o acesso a armas, bem como facas e pesticidas.
Então, agora que você já sabe quais são as cidades mais perigosas do Brasil, não deixe de conferir: Maus-tratos contra animais é crime. Saiba como denunciar!
Fontes: Maiores e Melhores, Exame, Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Embrasil, Veja
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