Em 22 de fevereiro de 1997, a imagem de uma ovelha ganhou as primeiras páginas dos jornais de todo o mundo e apareceu em inúmeras telas de televisão. Nunca antes outro espécime desse tipo alcançou tanta fama como Dolly, a ovelha clonada no Instituto Roslin da Universidade de Edimburgo.
Dizia-se na época que esse avanço traria novas estratégias de combate às doenças. No entanto, 25 anos depois, surge outra polêmica relacionada à clonagem de animais. Qual é o legado de Dolly e da técnica que a trouxe ao mundo? Vamos saber mais neste artigo.
Como é feita a clonagem de animais?
Existem várias técnicas de clonagem, mas geralmente é feito usando um núcleo de célula do animal a ser clonado, que é então injetado em um óvulo doador. O ovo é então cultivado em laboratório e depois transferido para um embrião. Este é então posto no útero de uma mãe de aluguel.
De acordo com pesquisadores, o material genético do animal que se deseja clonar pode ser guardado praticamente indefinidamente antes do processo de clonagem.
Isso se deve ao uso de criopreservação ou congelamento em temperaturas extremamente baixas. Desse modo, um animal de estimação clonado é, simplesmente, um gêmeo genético idêntico, separado por anos, décadas, talvez séculos.
Quais as implicações éticas neste processo?
As organizações de bem-estar animal, por outro lado, têm sérias reservas em relação à indústria. Uma série de investigações científicas, por exemplo, revelaram que os animais clonados são mais suscetíveis a doenças.
Outros criticam a alta taxa de insucesso da indústria, citando o enorme número de clones que não nascem saudáveis e em forma. De acordo com uma pesquisa publicada pela Universidade de Columbia em Nova York em 2018, a taxa média de sucesso é de apenas 20%. Para permitir várias tentativas, você precisará de um grande número de mães de aluguel.
Outros especialistas também apontam para o grande número de animais em abrigos esperando para serem adotados e comentam que desperdiçar milhares de dólares em clonagem é nada menos que um desperdício.
Casos de clonagem de animais de estimação
Quando os cães foram clonados pela primeira vez, os cientistas estavam preocupados que os clones envelhecessem mais rápido do que os cães naturais. Mas na maioria dos casos, os clones são tão saudáveis quanto os seus clones.
Desse modo, o primeiro clone de cachorro foi criado em 2005 – um galgo afegão chamado Snuppy na Coreia do Sul. Snuppy viveu cerca de 10 anos antes de morrer de câncer. Os galgos afegãos vivem cerca de 11 anos.
Em 2015, os cientistas deram um passo adiante ao clonar três novos filhotes de Snuppy. Em um artigo na revista Nature sobre a pesquisa, os cientistas afirmaram que os cães pareciam saudáveis e normais e seriam monitorados ao longo dos anos.
A clonagem da Princesa
Um dono de animal de estimação que pagou pela clonagem de seu pet, disse à BBC o que experimentou no processo. O ex-policial americano aposentado John Mendola vivia feliz com sua cadela “Princesa” quando a diagnosticaram com câncer terminal em 2017. Foi então que ele decidiu cloná-la.
Para isso, Mendola recorreu à primeira empresa a clonar animais de estimação; aliás hoje é a única que oferece esse serviço. A empresa de biotecnologia ViaGen, com sede no Texas, começou a oferecer a clonagem aos americanos em 2015.
Um ano depois, usando o material genético em uma cadela de aluguel, ela deu à luz dois clones de descendentes. Os filhotes eram geneticamente idênticos à Princesa.
Mendola chamou esses dois cães de ‘Princesa Ariel’ e ‘Princesa Jasmine’. Incluindo as manchas e pêlos de ambos os cães, explica Mendola. tudo era praticamente o mesmo que a princesa. Ele até afirmou que até mesmo seu comportamento era o mesmo da princesa, que era de um raça híbrida chamada Shih Apso.
Discussões e regulamentações sobre a clonagem de animais
Enquanto o debate sobre clonagem continua hoje, a demanda por clonagem de animais de estimação está aumentando dia a dia. Tanto que a ViaGen diz que clona cada vez mais animais de estimação a cada ano e desde 2015 já fez centenas de clonagens anuais.
A empresa cobra para clonar um cão 50 mil dólares, e para clonar gatos o valor é 30 mil dólares. Se o clone for de um cavalo, o valor sobe para 85 mil dólares .
No Brasil, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados aprovou no início de 2022, o Projeto de Lei (PL) 5010/13. A proposta regulamenta a pesquisa e o mercado de clonagem de animais no Brasil.
Com origem no Senado, o texto abrange espécies silvestres e domésticas de interesse zootécnico, como bovinos, búfalos, cabras, bodes, ovelhas, cavalos, asnos, mulas, porcos, coelhos e aves. Ele tramita no Congresso desde 2007.
Ademais, a legislação em debate permite que a clonagem de animais no Brasil também seja feita com espécimes silvestres. Contudo, para isso será preciso a autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
O texto ainda deve passar por análise das comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
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