O Codex Gigas ( que em tradução livre significa ‘código gigante’) é o maior manuscrito medieval existente no mundo, com um comprimento de 92 cm.
Além disso, ele é chamado de ‘Bíblia do Diabo’ por causa de uma imagem muito incomum no interior do livro e da lenda em torno de sua criação.
Mas, será que esta misteriosa bíblia gigante realmente foi escrita pelo próprio Diabo?
A princípio, o livro data do início do século XII no mosteiro beneditino na antiga Boêmia, que é hoje uma região da atual República Tcheca. Ele contém a Bíblia Vulgata completa, bem como outras obras populares, todas escritas em latim. Entre o Antigo e o Novo Testamento há uma seleção de outras obras de referência medievais populares.
Quer saber a lenda por trás desse manuscrito curioso? Confira, a seguir.
A lenda do Codex Gigas
Segundo a lenda, o Codex Gigas foi escrito por Herman, o Recluso, um monge maldito que fez um pacto com o Diabo. Antes da concepção do livro, Herman havia cometido um grande pecado, e seu abade decidiu trancá-lo e deixá-lo para morrer de fome como punição.
Em um esforço para salvar sua própria vida, o monge prometeu escrever um códice maciço que exaltasse o mosteiro, com a ressalva de que ganharia sua liberdade após a conclusão do texto. O abade concordou e Herman teve um ano para realizar a tarefa.
Herman começou imediatamente a trabalhar e escreveu incessantemente por meses, mas ainda não estava nem perto de terminar. Um texto tão grande poderia facilmente levar três décadas para ser escrito à mão; um ano simplesmente não era tempo suficiente.
Sem esperanças, Herman voltou-se para Lúcifer na noite anterior ao dia em que o livro deveria estar pronto. O Diabo concordou em ajudar o monge a terminar o códice, mas Herman deveria entregar sua alma a Satanás em troca. Uma barganha foi feita, então Hermam finalizou a obra durante a noite e posteriormente, recebeu o perdão e a liberdade.
O que está escrito na Bíblia do Diabo?
O Codex Gigas contém a tradução da Vulgata da Bíblia cristã (a principal tradução latina do texto), mas que compreende apenas a metade do enorme livro.
Ademais, o manuscrito também contém mais quatro livros: dois dos escritos de Josefo Flávio sobre a história do judaísmo, uma enciclopédia chamada Etymologiae e um texto médico de Constantino, o africano. Embora o Códice seja escrito principalmente em latim, ele também contém uma variedade de outros alfabetos, como hebraico e eslavo.
As partes originais do Codex são consideravelmente mais escuras. Nelas há um relato sobre confissão e pecado seguido por ilustrações de página inteira do Céu e do Diabo.
Depois disso, vêm várias páginas dedicadas a conjurações e feitiços, que se acredita fazerem parte de um ritual de exorcismo. Os estudiosos sugerem que essas instruções eram usadas para banir o mal das pessoas que sofriam de doenças.
Por que o livro é incompleto?
Em suma, diz-se que as páginas perdidas do texto são perigosas demais para a humanidade. Enquanto o Codex Gigas ocupa 310 páginas, acredita-se que ele continha originalmente algo entre 320 e 322 páginas.
Curiosamente, as seções que estão faltando no livro não se desgastaram simplesmente, pois os arquivistas notaram que alguém rasgou as páginas de maneira intencional.
Essa descoberta levou a intermináveis especulações sobre o conteúdo das passagens que sumiram. Os estudiosos acreditam que algumas das páginas listaram as regras do mosteiro onde o livro foi originalmente escrito, mas também observam que essas regras teriam apenas duas páginas, no máximo.
Por outro lado, alguns acreditam que as páginas foram destruídas porque seu conteúdo era perigoso demais, enquanto outros pensam que foram roubadas para um propósito secreto e maligno.
Por que o livro possui o desenho de Satanás?
Uma das características mais surpreendentes do Codex Gigas é a propagação de duas páginas que contém enormes ilustrações de uma cidade divina (que potencialmente representa o Céu ou Jerusalém) e o próprio Diabo.
A ilustração do Diabo tem garras afiadas e vermelho-sangue em suas mãos e pés, chifres enormes e uma língua bifurcada. Seu tamanho ultrapassa facilmente os vários níveis da cidade divina, que talvez represente simbolicamente o poder do Diabo.
Além disso, algumas pessoas acreditam que esse desenho serviu de inspiração para o nome coloquial do texto, “A Bíblia do Diabo”, embora outros atestem que o título vem do suposto envolvimento do Diabo na criação da obra.
Por fim, estima-se que as mais de 300 páginas exigiram as peles de 160 animais, que alguns especulam que vieram de cabras, bezerros, burros ou talvez uma mistura dos três. Atualmente, o livro se encontra preservado na Biblioteca Nacional da Suécia, em Estocolmo.
A Bíblia do Diabo em números
Século 13: o texto foi criado
22 centímetros de espessura (aprox.)
50 centímetros de largura (aprox.)
90 centímetros de comprimento (aprox.)
75 quilogramas de peso
160 peles de animais necessárias para criar todas as páginas
357 anos desde que foi visto pela última vez em Praga
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