A história bíblica narra que Jesus de Nazaré morreu crucificado, mas o que de fato aconteceu com a cruz de Jesus? Em primeiro lugar, é importante compreender que a crença cristã afirma que Ele foi crucificado a partir da ordem de um prefeito romano na Judéia.
Ou seja, pela ação de Pôncio Pilatos, Jesus passou por uma jornada até o calvário. No geral, a sucessão de eventos que levou à crucificação chama-se Paixão, e integra importantes datas da Semana Santa.
Porém, a crucificação também é considerada um importante evento no Cristianismo. Nesse sentido, se consolidou como o principal símbolo de fé por representar a devoção ao Cristo, considerando que esse é o símbolo máximo de seu sacrifício pelos seres humanos na narrativa bíblica.
O que aconteceu com a cruz de Jesus?
Primeiramente, a verdadeira cruz de Jesus é chamada de Vera Cruz no linguajar popular. Assim, existem inúmeras instituições religiosas que afirmam ter pedaços desse importante símbolo cristão.
No geral, essa afirmação está pautada sobre textos do século 3 e 4. Em resumo, esses textos narram a descoberta em Jerusalém do pedaço exato da cruz em que Jesus Cristo foi executado. Por essa perspectiva, a madeira da cruz teria sido espalhada no mundo pelos fiéis do Cristianismo, alcançando as igrejas.
Porém, ainda que possa haver verdade nesses textos, pois foram escritos por historiadores antigos, existem controvérsias. De maneira frequente, os historiadores modernos duvidam da veracidade desses textos, pois supõem que várias coisas podem ter acontecido com a cruz original. Como exemplo, costuma-se citar que a mesma cruz onde Jesus foi crucificado tenha servido para outras execuções.
Nesse sentido, a história da Vera Cruz entre os homens parece ter surgido como uma forma de manter a proximidade entre os fiéis e Jesus Cristo. Desse modo, as relíquias e objetos religiosos ocupam o papel de instrumentos de fé, criando um sendo de verdade às crenças.
A Lenda Dourada e os textos históricos
Por mais de três séculos, a história do que aconteceu com a cruz de Jesus esteve oculta, pois não haviam menções em relatos cristãos. Ou seja, após a morte de Jesus e seu sepultamento no que hoje é a Cidade Velha de Jerusalém, a cruz deixou de ser citada como um elemento da narrativa bíblica.
Entretanto, os historiadores Gelásio de Cesaréia e Tiago de Voragine retomaram esse símbolo religioso no século 4. Basicamente Gelásio publicou em um livro sobre a tal descoberta da cruz original em Jerusalém. De acordo com essa versão, a Santa Helena seria responsável por ter encontrado a cruz de Jesus.
Desse modo, Santa Helena é conhecida como uma figura católica, mas também foi mãe do imperador romano Constantino. Nesse sentido, vale ressaltar que esse imperador foi responsável por impor o cristianismo como religião oficial do império na época do seu governo.
Em contrapartida, Tiago de Voragine criou a chamada “Lenda Dourada” em um livro homônimo. Em resumo, essa obra do século 8 mostra Santa Helena em uma missão para encontrar a cruz de Cristo, após ter sido enviada por seu filho. Entretanto, ao chegar próximo ao Monte Gólgota, onde Jesus aparentemente havia sido crucificado, a mãe do imperador encontrou três cruzes.
Porque eram idênticas, Helena decidiu colocar uma mulher doente em cada cruz para descobrir qual era a verdadeira. Assim, uma das mulheres disse que havia sido curada quando encostou em uma das cruzes. Como consequência, Helena determinou que aquela era a autêntica e compartilhou a descoberta com seu filho.
Porém, existem versões que narram que a santa foi mais objetiva. Desse modo, teria analisado somente qual das cruzes apresentava sinais de crucificações com pregos, pois os documentos bíblicos dizem que Jesus foi a única vítima desse método no dia da execução.
Como a cruz de Jesus chegou às igrejas?
A princípio, historiadores analisam que essas narrativas sobre a cruz de Jesus estão associadas ao desejo dos fiéis em conectar-se com relíquias do Cristo. Porque não existiram colecionadores desses itens, muito da história original se perdeu com o tempo.
Assim, na medida que houve a expansão do cristianismo no mundo, a busca pela conexão física com itens religiosos cresceu. Além disso, considera-se que a adoração a itens religiosos, bem como figuras, surgiu por consequência da cultura de mártires associadas às religiões.
Ou seja, a busca pela Vera Cruz surgiu do interesse dos fiéis em ter contato com a fonte de suas crenças. Ademais, a curiosidade pelo poder dos milagres narrados nos livros religiosos e o desejo de alguns em ver para acreditar nos acontecimentos também motivou a difusão de narrativas sobre a cruz de Jesus.
Relíquia e símbolo histórico
Comumente, parte da cruz que esteve acompanhando Helena em sua missão está em Roma. Por outro lado, dizem que a outra parte encontra-se em Jerusalém, e a tradição conta que grande parte dos restos mortais está na Basílica de Santa Cruz, na Itália.
Além dessa igreja, outras instituições afirmam ter um pedaço da cruz original. Como exemplo, pode-se citar as catedrais de Cosenza, Nápoles e Gênova, na Itália. Porém, o mosteiro de Santo Toribio de Liébana na Espanha é conhecido por ter a maior peça representativa desse símbolo.
No geral, historiadores e teólogos continuam na busca pela Vera Cruz. Mais do que um símbolo religioso, a cruz de Jesus é um documento da narrativa bíblica do mundo, sendo estudada dentro e fora dos círculos cristãos.
Apesar disso, a cruz continua sendo um importante símbolo do Cristianismo. Em especial, representa o sacrífico de Jesus Cristo pelos seres humanos. Por fim, também está associada com a a ressureição e renovação, pois foi através do calvário que Ele retornou à Terra.
E aí, gostou de conhecer sobre a cruz de Jesus? Então leia sobre: Antigo Testamento – história e origem das escrituras sagradas.
Fontes: Correio Braziliense | BBC | G1 | Aventuras na História
Imagens: Aventuras na História | Correio Braziliense | Freepik