O que é ser feliz? Se você tem redes sociais já deve ter percebido a grande “vitrine da felicidade” que elas oferecem. A web possui uma série de artefatos dedicada a mostrar o que chamamos de “felicidade”, mas que ninguém sabe definir muito bem em que consiste; embora alguns pareçam aproveitá-la todos os dias ou, pelo menos, essa é a impressão que se esforçam para compartilhar em seus perfis públicos.
Claro, não há dúvida de que as redes sociais dedicam muito espaço a um tema que vem ocupando e preocupando a humanidade desde as cavernas. No entanto, de certo modo, estas plataformas têm contribuído para gerar uma visão distorcida da felicidade.
Essa visão é a de uma sociedade preocupada com a felicidade, mas angustiada por não conseguir alcançá-la. As redes não mostram, mas às vezes parecemos um exército de ratos correndo desesperadamente em uma roda de felicidade que não nos leva a lugar algum. Aliás, isso é o que muitos pesquisadores chamam de ditadura da felicidade.
O que é a ditadura da felicidade?
Para especialistas, essa exposição intensa de “pessoas felizes” o tempo todo virou um discurso perverso que acaba levando aqueles que não o cumprem a se sentirem inadequados.
Então, mesmo inconscientemente, a insatisfação se espalha por não responder como esperado ao mandato de ser feliz imposto pela ditadura da felicidade, regime em que nos encontramos presos quando nos desconectamos de uma vivência saudável de nossos projetos vitais, nosso prazer ou nosso estilo de vida.
Qual é o problema e por que temos que nos livrar dela?
De acordo com o psicólogo David Salinas autor do livro “A Ditadura da Felicidade”, em entrevista à BBC, ele afirma que ‘cada um pode entender a ditadura da felicidade como algo distinto. Eu entendo como uma imposição sociocultural, segundo a qual parece que é preciso sempre estar bem e não se permite que as pessoas fiquem mal”.
Nesse sentido, buscar a felicidade não é necessariamente algo ruim. Reservar tempo para fazer as coisas de que mais gostamos ou vivenciar situações que nos divertem são uma boa fonte de satisfação e bem-estar.
O problema surge quando isso é feito com a expectativa de que essas ações nos façam felizes, pois isso pode nos levar a um estado de decepção que diminui a satisfação obtida. Ou ainda, quando no sentimos obrigados a realizar determinadas atividades para tentar alcançar um estado de satisfação que o outro afirma que alcançou.
Então, temos que ser infelizes?
Toda essa crítica dos pesquisadores não significa que temos que ser infelizes. Contudo, é importante notar que a ‘ditadura da felicidade’ promove o individualismo, enquanto a própria ciência relaciona a felicidade ao comportamento coletivo e pró-social.
Além disso, a ideia de ser feliz tornou-se uma obsessão. No entanto, se nos afastarmos dela e voltarmos o olhar para os outros, talvez tenhamos uma chance de alcançar o verdadeiro bem-estar e a satisfação em nossas vidas; conseguindo, assim, escapar da ‘ditadura da felicidade’.
Fontes: BBC, Vida Simples, Quindim, Dom Total, Diário do Comércio
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