Em folclores e lendas do mundo inteiro é possível encontrar seres de forma humanoide, mas com tamanhos bem maiores. Esses gigantes podem ser retratados como criaturas burras e selvagens ou espertas e civilizadas, dependendo da mitologia.
A presença deles é tão antiga que está até mesmo na Bíblia, por exemplo. Entretanto, provavelmente a mitologia que mais utilizou – e popularizou – gigantes é a mitologia nórdica. Nela, eles são inimigos dos deuses e travam batalhas lendárias com Thor.
Fora da mitologia, essas criaturas também estão presentes na literatura fantástica moderna. Elas fazem parte de séries populares como As Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis, ou Harry Potter, de J.K. Rowling. Eles também marcam importantes contos de fadas, como em João e o pé de feijão.
Gigante irlandês da vida real
Apesar de popularizados em lendas, houveram pessoas no mundo real que foram associadas a gigantes. É o caso, por exemplo, de Charles Byrne, que chegou a medir 2,31 de altura. Sua altura, no entanto, não era motivo de lendas ou feitos heroicos.
Apesar de desconhecido na época, Byrne era vítima de gigantismo provocado por um tumor na glândula pituitária. Hoje a condição é facilmente detectada por meio de exames ainda não descobertos no fim século XVIII.
Por viver num período em que o diferente era visto com muito espanto e ignorância, Byrne se tornou motivo de muito interesse na região. Nascido em 1761, em Dummullan (Irlanda do Norte), o garoto já chamava atenção desde a infância por crescer mais do que o normal.
Em sua adolescência, pessoas de toda a região visitam a vila para visitar o gigante local. Byrne, no entanto, tinha medo do interesse acima da média por seu corpo. Por causa disso, inclusive, chegou a pedir que seu corpo fosse enterrado num caixão de chumbo e jogado ao mar.
O pedido aconteceu pois ele temia que seu corpo fosse desenterrado após sua morte e exposto ou utilizado de formas degradantes.
Medo e morte
O cientista escocês John Hunter, por exemplo, já demonstrava interesse em Byrne ainda em vida. Considerado pai da cirurgia moderna, ele ofereceu dinheiro para que Byrne lhe cedesse o corpo, após a morte.
Horrorizado, o jovem gigante acabou encontrando tranquilidade no consumo de álcool. Além disso, Byrne também fora acometido com tuberculose na mesma época. A soma dos problemas fez com que ele fosse morar nas ruas, abandonado, morrendo em dois meses.
Seu desejo foi parcialmente realizado, uma vez que foram colocadas pedras dentro de seu caixão, jogado ao mar. Entretanto, alguns anos depois o esqueleto do gigante irlandês apareceu na coleção privada de John Hunter.
O corpo de Charles Byrne ficou exposto por dois séculos no Museu Hunteriano, até que foi enviado para o Colégio Real de Cirurgiões.
Esqueletos gigantes
Além do esqueleto de Charles Byrne, muito se especula na internet sobre a existência de outros corpos gigantes encontrados em escavações arqueológicas
Em dezembro de 2014, o site World News Daily Report publicou um artigo em que declarava que o Instituto Smithsonian estaria envolvido numa conspiração para esconder a existência de gigantes reais. O artigo mencionava a existência de fotos e documentos reunidos desde o início do século XX.
Entretanto, uma análise de vários fatores do texto pode revelar que, na verdade, o artigo era falso. A menção ao Instituto Americano de Arqueologia Alternativa, por exemplo, só existe dentro do próprio artigo ou páginas que fazem referência a ele. O fato pode ser encarado como referência de que a organização existe realmente.
Além disso, tecnicamente o governo dos EUA só possui documentos classificados como confidenciais datando a partir da Primeira Guerra Mundial. Isso porque o isolamento do país no início do século não gerava a necessidade de confidencialidade. Sendo assim, é improvável que a medida tenha surgido em descobertas arqueológicas.
No geral, as imagens de gigantes atreladas à conspiração têm duas origens distintas: ou são falsas ou relatam casos de gigantes do início do século – ou anterior -, assim como o caso do gigante irlandês.
Lendas de gigantes indígenas
Os gigantes também são parte presente de diferentes povos indígenas ao longo da história. De acordo com mitologias de nativos norte-americanos do Tennessee, por exemplo.
De acordo com o livro História dos índios Choctaw, Chickasaw e Natchez”, de Horatio Bardwell Cushman, o termo nahullo, utilizado para descrever homens brancos, surgira para nomear uma raça de gigantes rival dos nativos.
Da mesma forma, os Comanches relatavam que haviam homens brancos de três metros de altura na região, no passado. A lenda encontra paralelos em diferentes mitologias de nativos norte-americanos, mas também aparece em contos de povos da América Latina.
Fontes: Só Científica, BBC, Snopes
Imagens: Man Myth Magic, Turtlegang NYC, Gaia, The Conversation, Smithsonian Magazine