As mulheres no antigo Egito estavam à frente de seu tempo. Elas não só podiam governar o país, mas também tinham muitos dos mesmos direitos humanos básicos que os homens. Desse modo, uma das primeiras mulheres faraós foi Hatshepsut, que começou seu governo por volta de 1500 a.C.
Hatshepsut cuidou de seu povo e construiu templos aos deuses, bem como outros edifícios públicos. O costume egípcio ditava que um faraó, considerado um deus, não podia se casar com uma mortal. Como resultado, os faraós escolheram cônjuges de dentro da família real. Por este motivo, seu marido era seu meio-irmão.
Curiosamente, no final do reinado de Tutmés III, alguém tentou destruir todas as evidências da existência de Hatshepsut, destruindo sua imagem em estátuas e pintando-a com figuras masculinas em hieróglifos.
Contudo, eles fizeram isso de forma muito desajeitada, felizmente, porque os arqueólogos e historiadores foram capazes de devolvê-la à história. Hoje, ela é considerada uma das faraós de maior sucesso do Egito. Conheça sua história, a seguir.
Quem é Hatshepsut?
Hatshepsut era a mais velha de duas filhas nascidas do rei egípcio Tutmés I e da rainha Ahmose Nefertari. Sua irmã mais nova morreu na infância, o que significa que Hatshepsut era a única filha sobrevivente de Tutmés I de seu casamento com a rainha.
No entanto, Tutmés I, como outros faraós egípcios, mantinha esposas secundárias, também conhecidas como esposas de harém. Quaisquer filhos nascidos desses relacionamentos podem ascender à posição de faraó caso o rei e a rainha sejam incapazes de produzir um herdeiro homem.
Portanto, a posição de faraó ignorou Hatshepsut e, em vez disso, o trono foi para seu meio-irmão, Tutmés II. Ela ainda chegou ao poder como Rainha do Egito quando se casou com seu meio-irmão, aos 12 anos. Nesse sentido, o casamento serviu a um propósito vital de estabelecer a legitimidade de Tutmés II como rei.
Problemas na linhagem real
Ser filho da esposa do harém de Tutmés I era apenas um de seus problemas. Além disso, o avô de Hatshepsut também não gerou nenhum herdeiro do sexo masculino. Assim, Tutmés I se tornou rei após se casar com um membro da família real, diminuindo ainda mais a reivindicação de Tutmés II ao trono. Mas, ao se casar com sua irmã, ajudou a solidificar seu vínculo com a linhagem real.
As gravuras do reinado de Tutmés II pareciam mostrar Hatshepsut desempenhando o papel de uma rainha obediente e submissa. Embora a união não tenha gerado um filho; sua única herdeira era uma filha chamada Neferure.
Então, quando Tutmés II morreu pouco depois de assumir o comando, seu filho de uma esposa secundária se tornou o próximo faraó. Exceto que havia um problema – Tutmés III era apenas uma criança na época da morte de seu pai e muito jovem para ascender ao trono.
Ascensão como rainha do Egito
Por conseguinte, Hatshepsut se encarregou de administrar o governo egípcio como regente de seu sobrinho enteado. Então, em algum ponto durante os primeiros sete anos do reinado de Tutmés III, Hatshepsut deu um passo sem precedentes e se declarou faraó e co-governante de Tutmés III.
Naquela época, outras mulheres já haviam sido faraós, e não havia leis que a proibissem explicitamente de ocupar o cargo. No entanto, essas outras mulheres faraós só assumiram a posição quando não existiam herdeiros homens na família real, e Tutmés III estava bem vivo.
Anteriormente, egiptólogos atribuíam sua decisão de assumir como simples ambição e desejo de poder. No entanto, mais recentemente, essa ideia foi amplamente rejeitada e acredita-se que sua aquisição tenha sido para proteger o trono de Tutmés III. Ademais, teoriza-se que uma crise política pode tê-la forçado a assumir o papel de rei ou correr o risco de Tutmés III perder sua posição para sempre.
Poder compartilhado
A evidência parece apoiar essa teoria, já que Hatshepsut poderia facilmente ter ordenado a morte de Tutmés III enquanto faraó, livrando-se de qualquer pessoa que reivindicasse o trono. Em vez disso, ela se certificou de que ele recebesse uma educação de alto nível normalmente reservada para escribas e sacerdotes, criando uma espécie de futuro rei erudito.
Mais tarde, Tutmés III entrou para o exército. Depois que ele ganhou experiência e provou ser digno, Hatshepsut finalmente nomeou Tutmés III o comandante supremo de seus exércitos. Nesta posição, se ele tivesse escolhido, ele poderia tê-la derrubado do trono com facilidade, mas não fez tal movimento.
O governo de Hatshepsut
Hatshepsut governou o Egito Antigo por cerca de duas décadas, muito mais do que a maioria dos faraós conseguiu. Durante esse tempo, o Egito desfrutou de relativa paz e grande prosperidade.
Assim, ela supervisionou projetos de construção grandiosos em todo o seu reino, sendo um dos mais prolíficos de todos os faraós na instituição de tais projetos, tanto em número quanto em escala. Ela também orquestrou um comércio significativo com uma terra chamada Punt, bem como cultivou muitas outras redes de comércio para o benefício do Egito.
Os historiadores acreditam que Hatshepsut morreu por volta do ano 1458 a.C. Com base no estudo de seu corpo, acredita-se que ela morreu de complicações causadas por diabetes ou câncer ósseo.
Tentativa de banimento da história
Seja qual for o caso, após sua morte, Tutmés III ascendeu à posição de faraó. Conforme mencionado, ele agora presidia um Egito que havia prosperado muito sob o governo de Hatshepsut. No entanto, cerca de duas décadas após o início de seu reinado, por motivos não esclarecidos hoje, ele começou a ordenar a seus homens que removessem as menções a Hatshepsut como faraó.
Com efeito, seu nome e imagem foram destruídos, gravuras foram arranhadas e suas estátuas derrubadas, mas isso não foi o suficiente para apagá-la completamente da história.
Descobertas Arqueológicas de vestígios da rainha do Egito
O sarcófago vazio de Hatshepsut foi descoberto por Howard Carter em 1902 em uma câmara mortuária localizada no Vale dos Reis. A câmara também continha o sarcófago pertencente a seu pai, Tutmés I.
Posteriormente, em 2006 o arqueólogo egípcio e ex-ministro egípcio de Antiguidades Dr. Zahi Hawass, anunciou que ele e sua equipe acreditavam ter descoberto a múmia de Hatshepsut enquanto filmavam um documentário para o Discovery Channel.
A equipe trouxe quatro múmias não identificadas para o Museu do Cairo e as submeteu a tomografias computadorizadas. A descoberta acidental de um dente na caixa de madeira com inscrições de Hatshepsut permitiu que a equipe identificasse provisoriamente a mulher mumificada obesa de 40 a 50 anos como o faraó, sendo uma das maiores descobertas sobre o Egito Antigo no século XIX.
Curiosidades sobre Hatshepsut
- O nome Hatshepsut significa “Acima de tudo das nobres damas”;
- Seu pai Tutmés I era um general, mas se tornou Faraó porque o Faraó anterior não tinha um filho;
- Os arqueólogos pensam que Tutmés III foi responsável por destruir estátuas e referências a Hatshepsut;
- Como forma de justificar se tornar faraó, ela alegou ser filha do deus Amon;
- Seu sobrinho Tutmés III era conhecido como o “Napoleão do Egito” por causa de como ele expandiu o Império Egípcio por meio da guerra.
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Fontes: Brasil Escola, Aventuras na História, BBC, Memphis Tours
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