A mitologia grega é repleta de figuras conhecidas, mas você já ouviu falar da deusa Ilítia? Sobretudo, essa divindade mitológica ficou conhecida como a deusa dos partos. Apesar de haver pouco material sobre ela, desempenhou um importante papel na Antiguidade, em especial para as mulheres.
Curiosamente, os deuses gregos apresentam múltiplas representações. Por exemplo, Poseidon é conhecido como um dos grandes deuses do Monte Olimpo. Porém, ainda é apresentado como deus dos mares, dos oceanos, das tempestades, dos lagos e dos cavalos.
Em contrapartida, a deusa Ilítia representa unicamente os partos. Desse modo, era cultuada no período das gestações e nascimentos, a fim de que os procedimentos fossem tranquilos. Porque na época em que fazia parte do imaginário popular os nascimentos eram processos mais rudimentares, os gregos apostavam na fé para encontrar sucesso.
Por outro lado, essa divindade é a única do panteão grego que não possui origem latino-europeia em seu nome. Basicamente, a origem de sua nomenclatura parte do grego eleutho cujo significado está associado a auxílio ou alívio. Porém, seu equivalente na mitologia romana é chamada de Lucina.
Origem e mito de Ilítia
Em primeiro lugar, Ilítia apareceu inicialmente nos poemas de Hesíodo, que viveu na Grécia a partir do ano 700 a.C. Desse modo, foi descrita como filha de Hera e Zeus. Porém, os gregos também a associaram com Ártemis e Hera, ainda que sem caráter próprio.
Sobretudo, ela aparece no Hino Órfico a Prothyraeia, um conjunto de 87 poemas hexamétricos utilizados no culto órfico. Em outras palavras, refere-se a um documento histórico datado no final da era helenística e no início da era imperial romana. Comumente, sua autoria é associada ao poeta lendário Orfeu, mas existem teorias que afirmam que o documento foi regido por diversos autores.
Nesse sentido, a deusa Ilítia é descrita em associação à castidade Ártemis, em um processo onde ambas auxiliam as mulheres no parto. Porque a deusa da caça era patrona das mulheres, a associação das divindades surge como forma de conectar a deusa do parto ao panteão do Monte Olimpo de certa forma.
Porém, a divindade dos partos aparece como um contrapeso à Ártemis, tendo em vista que a deusa nunca quis engravidar ou se casar. Portanto, representa uma dualidade e um equilíbrio, onde a deusa da caça protege as mulheres e Ilítia protege seus filhos. No geral, a figura de ambas é associada, tanto que os cultos de Ilítia aconteciam majoritariamente nos templos de Ártemis.
Em contrapartida, existem versões que colocam essa deusa como irmã de Hefesto, Ênios, Ares, Hebe e Éris. Entretanto, também foi apresentada como meia-irmã de vários deuses e semideuses, como Hércules e Hermes. Ademais, existem mitos que narram sua presença no nascimento de Atenas, assim como de Ártemis e Apolo.
Curiosidades e simbologia
Primeiramente, a deusa Ilítia era vista como protetora dos partos, o que a envolvia como protetora dos recém-nascidos e da gestante. Desse modo, não somente ela estava presente nos rituais de nascimento, como também nos processos da gestação e posteriormente ao parto.
Nesse sentido, a deusa do parto tinha incontáveis santuários em locais da Grécia, o que foi documentado como forma de mostrar sua importância para mulheres gráficas e famílias. Além disso, as pessoas deixavam ofertas para ajudar na fertilidade ou em um parto seguro. Mais ainda, era comum oferendas como agradecimento por um nascimento bem sucedido.
Sobretudo, vale ressaltar que as parteiras eram figuras extremamente respeitadas e bem vistas na Grécia Antiga. A princípio, o que é conhecido hoje como doula surgiu dessa profissão na Antiguidade, desempenhada por mulheres de todas as classes sociais. Comumente, o treinamento empírico e teórico em obstetrícia e ginecologia era suficiente para criar uma parteira.
Dessa maneira, até mesmo escravas e estrangeiros poderiam desempenhar esse papel. Antes de mais nada, essa diversidade é um importante marco na Grécia Antiga. Em especial porque somente eram considerados cidadãos os homens nascidos na Grécia, com pais gregos e com mais de 21 anos.
Sendo assim, as parteiras eram regidas pelos princípios do culto à Ilítia, principalmente pelo fato do trabalho ser orientado pela deusa. Como consequência, Ilítia ainda esta associada à ginecologia e obstetrícia, tendo seu símbolo associado à profissão atualmente.
E aí, gostou de aprender sobre Ilítia? Então leia sobre Cidade mais antiga do mundo, qual é? História, origem e curiosidades
Fontes: Amino | Fantasipedia | Spartacus Brasil
Imagens: Amino | Fantasipedia