Jô Soares aos 84 anos morre em São Paulo

Jô Soares se foi, e deixará na lembrança de milhões de pessoas seu bom humor e alegria, e o seu famoso bordão “beijo do Gordo”.

Jô Soares aos 84 anos morre em São Paulo

O apresentador, ator, humorista, escritor e diretor Jô Soares faleceu às 2h20 desta sexta-feira (5), aos 84 anos. Jô Soares estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, desde 28 julho. A causa da morte não foi divulgada.

Nas redes sociais, amigos e fãs lamentaram sua morte do artista que retratava a vida do brasileiro através do Social, da Política, da Economia e do Humor.

Morte de Jô Soares

De acordo com a Globo, Jô Soares foi internado para tratar uma pneumonia. A ex-mulher dele, Flavia Pedras Soares, foi a primeira a publicar nas redes sociais sobre a morte dele.

“Faleceu há alguns minutos o ator, humorista, diretor e escritor Jô Soares. Nos deixou no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, cercado de amor e cuidados. O funeral será apenas para família e amigos próximos. Assim, aqueles que através dos seus mais de 60 anos de carreira tenham se divertido com seus personagens, repetido seus bordões, sorrido com a inteligência afiada desse vocacionado comediante, celebrem, façam um brinde à sua vida”, escreveu ela.

Infância e adolescência de Jô Soares

José Eugênio Soares, o Jô Soares, nasceu em 16 de janeiro de 1938, no Rio de Janeiro, filho do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e de Mercedes Leal Soares.

Na infância, Jô estudou em colégio interno. “Chorava muito. Era uma coisa excessiva, uma coisa de sensibilidade quase gay”, disse ao Fantástico. O motivo era o medo de tirar nota baixa e não ter direito a voltar para casa nos finais de semana.

Na escola, seu apelido era poeta. “Sendo gordo e ter o apelido de poeta – acho que já era uma vitória.” Aos 12 anos de idade, foi estudar na Suíça, onde ficou até os 17. Lá, passou a se interessar por teatro e shows. Mas o plano original não era seguir carreira nos palcos.

“Eu pensei que ia seguir a carreira diplomática”, explicou ao Memória Globo. “Mas sempre ia ao teatro, sempre ia assistir a shows, ia para a coxia ver como era. E já inventava números de sátira do cinema americano; fazia a dança com os sapatinhos que eu calçava nos dedos.”

Como os negócios do pai fracassaram, a família teve de retornar ao Rio. Nesta época, Jô estava disposto a encarar a vocação recém-descoberta nas artes. “Imediatamente comecei a frequentar a turma do teatro, a mostrar meus números, e a coisa engrenou quase que naturalmente”, lembrou.

Carreira

Jô Soares estreou no cinema e na televisão no final dos anos de 1950, como argumentista e ator, nomeadamente no Grande Teatro da TV-Tupi. Ele atingiu sucesso maior cerca de dez anos depois quando chegou à TV Globo com o programa “Faça Humor Não Faça Guerra”, que escrevia e interpretava.

Aos 20 anos, porém, de regresso ao Brasil, foi seduzido pelo cinema, aceitando um papel no filme “O Homem do Sputnik”, de Carlos Manga, onde o talento é reconhecido e lhe abre as primeiras portas da televisão e dos palcos.

No final da década de 1950, ele estreia em canais como TV Rio, nos programas “Noite de Gala” e “TV Mistério”e na TV Continental, para os quais também escrevia, e no “Grande Teatro”.

Mas a sua presença é também notada nos palcos, depois da estreia em “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, interpretando um bispo, e noutras produções, ao lado de atores já consagrados, como Paulo Autran e Tônia Carrero.

Programas na TV Record

Durante os anos de 1960, manteve-se na TV Record, destacando-se em programas de humor como “La Revue Chic”, “Jô Show”, “Praça da Alegria” e “Família Trapo”, numa alusão à família de “Música no Coração”.

A cada etapa, Jô Soares afirmava cada vez mais um estilo que o levaria à Globo, onde se estreou com “Faça Humor Não Faça Guerra”, em 1968, no auge do movimento ‘hippy’.

Além disso, participou de “Satiricom”, uma sátira à informação censurada, e “Planeta dos Homens”, que chegou igualmente a Portugal.

Passagem em outras emissoras

Foi na TV Globo que se cruzou com o seu amigo Raul Solnado, pela primeira vez, no especial “O Descobrimento do Brasil”, emitido em 1973.

O fim da ditadura no Brasil e a realização de eleições diretas, em 1985-86, coincidiu com o termo de “Viva o Gordo”, e a nova abordagem de “Veja o Gordo”, desta vez no canal SBT, onde completou 17 anos de emissões e a composição de mais de 240 personagens.

Ainda nos anos de 1980, Jô Soares optou por um modelo de ‘talk show’ mais próximo do norte-americano, intercalando convidados, entrevistas, ‘sketches’ e música.

Surgiu assim “Jô Soares Onze e Meia”, ainda na SBT. Aliás, foi ele que deu origem, mais tarde, a “O Programa do Jô”, de novo na Globo que chegou a Portugal através do canal por cabo GNT.

Foi neste programa que fez uma das intervenções mais sérias e pessoais do seu percurso; ao evocar o seu único filho, Rafael Soares, Rafinha, que morrera dias antes, aos 50 anos. “A perda de um filho, o pesadelo de todo o pai”, disse então Jô Soares.

Autista, Rafinha era companheiro de percursos urbanos de Jô Soares, uma inspiração para o autor e escritor, que o lembrou como pianista, músico de ouvido absoluto, apaixonado pela rádio.

“Como era autista, permaneceu menino (…). E esse caminho limitado que a vida lhe deu, me dá muito orgulho”, afirmou.

Admirador de pintura, Jô Soares também pintava e chegou a expor na Bienal de Artes de São Paulo, na década de 1960.

Teatro e escrita

Como escritor, assinou títulos como “O Xangô de Baker Street”, “O Homem Que Matou Getúlio Vargas” e “Assassinatos na Academia Brasileira de Letras”; obras editadas em Portugal pela Presença.

Admirador de Fernando Pessoa, estreou no Teatro Villaret, em Lisboa, em janeiro de 2010, o espetáculo “Remix em Pessoa”, assente na obra do criador de Alberto Caeiro, como se criasse um novo heterónimo ao poeta dos heterónimos, uma espécie de “irmão bastardo de Álvaro de Campos”, como então afirmou.

Por fim, o seu último projeto foi no teatro, a montagem da peça “Gaslight”, de Patrick Hamilton, que a pandemia o fez adiar por duas vezes, desde 2020.

Então, quer conhecer sobre a vida e carreira de outras personalidades? Pois, leia também: A vida de Elza Soares! Biografia, curiosidades, músicas e morte

Fontes: CNN, G1, Uol

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