Quem foi e o que defendia Carlos Marighella, o inimigo nº 1 da ditadura

O líder revolucionário brasileiro Carlos Marighella foi morto a tiros pela ditadura militar há 52 anos, saiba quem era esse militante.

Carlos Marighella: quem foi e o que defendia o inimigo nº 1 da ditadura

Você já ouviu falar sobre Carlos Marighella? O líder revolucionário brasileiro Carlos Marighella morreu na época da ditadura militar há 52 anos, em 4 de novembro de 1969, em São Paulo.

Ele era escritor, político e guerrilheiro, e é lembrado como um nome importante da história por suas tentativas de convencer o povo a enfrentar a censura do Estado. No entanto, o governo da época fez todo o possível para silenciar e minimizar externamente as ações do grupo guerrilheiro.

Com efeito, a defesa da dignidade e da justiça levou à violência e ao terrorismo e Marighella tornou-se o inimigo público número um da ditadura militar. Saiba mais sobre ele abaixo.

Onde nasceu Carlos Marighella?

Marighella nasceu em Salvador, Bahia em 5 de dezembro de 1911, filho de um imigrante italiano e de uma negra descendente dos haussás. Seu pai era um mecânico, mas desde o início Carlos não esboçou nenhum interesse pela profissão do pai.

Aos 4 anos de idade já conseguia ler, o que deixou seu pai feliz. Aliás, geografia e história eram as suas matérias favoritas. Quando adolescente Marighella já tinha interesse pelas lutas sociais, no ginásio já escrevia poemas, e em março de 1931 na colação de grau obteve o titulo de bacharel onde se habilitou para ser professor.

Em 1934, ele entrou para a Escola Politécnica da Bahia para cursar engenharia civil, entretanto não chegou a finalizá-lo. Então, ele se tornou militante do Partido Comunista.

Em sua vida, Marighella enfrentou a realidade das prisões quando era adolescente. Um desses episódios ocorreu quando ele escreveu uma carta de crítica ao interventor Juracy Magalhães. Então, após ser solto, ele se mudou para o Rio de Janeiro.

Como foi a participação do guerrilheiro na ditadura militar?

Carlos Marighella: quem foi e o que defendia o inimigo nº 1 da ditadura

Em 1º de maio de 1936 durante o período da ditadura de Getúlio Vargas, Marighella foi preso por subversão e torturado pela polícia de Filinto Muller onde ficou preso por um ano.

Dois anos depois, ele foi novamente preso, em 1939, ficando encarcerado até 1945, quando ganhou a anistia pelo processo de redemocratização do país. Posteriormente, Marighella elegeu-se deputado Federal Constituinte pelo PCB baiano em 1946.

Todavia, ele perdeu o mandato em 1948, por causa da repressão do governo Dutra contra os comunistas. Por este motivo, ele passou o resto de sua vida na clandestinidade até sua morte em 1969.

Como ​Marighella morreu?

Carlos Marighella: quem foi e o que defendia o inimigo nº 1 da ditadura

​Com as ações cada vez mais frequentes por parte dos movimentos de luta armada, o governo intensificou seu combate aos guerrilheiros. Com efeito no dia 4 de novembro de 1969 Carlos Marighella foi morto por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), em São Paulo. No comando desta operação estava o delegado Sérgio Paranhos Fleury.

O líder revolucionário pagou o preço com sua vida pelo seu combate à ditadura militar no Brasil e sua opção pela luta armada como forma de enfrentamento.

A ocasião da morte do guerrilheiro ainda hoje está imersa em controvérsias, com muitas versões para o mesmo fato. Contudo, sabe-se que o DOPS se utilizou do sequestro de frades dominicanos que tinham relações com a ALN (Ação Libertadora Nacional) e os obrigaram a marcar um encontro com Marighella.

Chegando ao local, na Alameda Casa Branca, em São Paulo, os policiais o surpreenderam e o executaram com quatro tiros, também acredita-se que alteraram a cena do crime.

7 fatos sobre Carlos Marighella

Carlos Marighella: quem foi e o que defendia o inimigo nº 1 da ditadura

1. Convite para viajar para a China

Marighella chegou a ser convidado pelo CC (Comitê Central) do PCB a passar os anos de 1953 e 1954 na China a fim de conhecer mais a fundo a revolução chinesa.

2. Diretor de jornal

Em 1960, Marighella foi diretor do jornal ” hoje”, jornal diário do Rio de Janeiro para apoiar a candidatura a presidência da república do general Henrique Lott contra a de Jânio Quadros.

3. Expulso do PCB

Em 1967, ele optou pela luta armada contra a ditadura escrevendo “A crise brasileira”, um artigo que expos seu descontentamento com o PCB e a estrutura de classes do Brasil. Todavia, devido à sua crítica ao Partido neste artigo, ele foi expulso do PCB em 1967.

4. Fundador da ALN

Depois de romper com o Partido Comunista, Marighella fundou a ALN (Ação Libertadora Nacional) onde começaram os assaltos em que, segundo Marighella, o dinheiro era tirado da burguesia para o combate à ditadura pois queriam apenas o dinheiro dos donos de banco, enquanto do povo não os interessava. Aliás, ele usava o termo “expropriação” ao invés de “assalto”.

5. Inimigo número 1 da ditadura

Em junho de 1969 Marighella conclui o Mini Manual do Guerrilheiro Urbano onde haviam dicas para luta nas cidades. Aliás, o manual incluía guerra de guerrilhas de Che Guevara.

6. Comandou a invasão à Rádio Nacional

Em agosto de 1969, o guerrilheiro organizou a invasão à Rádio Nacional em São Paulo com 12 companheiros, como fundo musical foi posto o hino da internacional comunista e o hino nacional.

Desse modo, a gravação anunciou o nome de Carlos Marighella e reproduziu o manifesto lido por ele. A rádio ficou em poder dos guerrilheiros durante meia hora, na mensagem revolucionária o povo era chamado a lutar contra o regime militar.

7. Participou do sequestro do embaixador

No mês seguinte, em setembro de 1969 a ALN sequestrou o embaixador norteamericano Charles Elbrick em troca da liberdade de 15 presos políticos. A ação foi conjunta com o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Além disso, deram 48 horas para a ditadura libertar os presos, caso contrário o embaixador seria morto.

A revolução de um poeta

Em suma, Carlos Marighella passou quatro vezes na prisão, onde passou mais de sete anos de sua vida e onde sofreu torturas sistemáticas que o deixaram uma marca permanente que o levou a sempre carregar consigo cápsulas de cianeto, e assim evitar ser preso vivo em caso de outra emboscada.

Por fim, em 4 de novembro de 1969, não teve tempo de retirá-los da mochila porque cerca de trinta policiais da ditadura com armas pesadas atiraram nele em São Paulo, apesar de estar desarmado.

Anos antes, o poeta Marighella escreveu sobre a liberdade que durante anos lhe foi privada:

“(…)E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome.”

Então, achou legal saber mais sobre a vida de Carlos Marighella? Pois, leia também:  Golpe militar de 1964, o que foi e por que aconteceu a intervenção militar

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