Uma mulher foi acusada de bruxaria pelo seu próprio irmão após seu pai desmaiar e morrer de um ataque cardíaco. Além disso, recebeu ameaças por tortura até a morte por realizar feitiçaria. O registro foi feito em Papua Nova Guiné, na Oceania.
A mulher acusada de bruxaria teve que fugir da cidade natal para que sua própria família não a matasse. Sendo assim, teve que viver em exílio em uma província fora do país, no sudoeste do Pacífico.
Ela se chama Monica Paulus e acredita que o irmão a acusou de matar o próprio pai com o uso de feitiçaria para ficar com a herança.
Depois que a mulher foi acusada de bruxaria
Após a acusação, Monica conseguiu escapar de sua família para que não a matassem. Ela alega que em seu país, após receber esse tipo de denúncia, não é necessário provas de que uma mulher seja realmente, ou não, uma bruxa.
Paulus não pôde comparecer ao funeral do próprio pai. Ademais, a população colocou fogo na casa da mulher para que não voltasse. Sob ameaça, teve de deixar o País. Atualmente, Monica mora na Austrália como refugiada. Por isso, seus 3 filhos ficaram em Papua Nova Guiné.
Bruxaria em Papua Nova Guiné
Segundo Monica, casos como matar e torturar mulheres acusadas de bruxaria são aceitos de forma comum na comunidade devido às crenças locais. No entanto, houve mudanças com o decorrer do tempo. Antes, as mulheres sofriam tortura e eram mortas sem que o restante da tribo soubesse.
Atualmente, elas são expostas. As pessoas as levam para uma praça pública ou nas ruas para crucificá-las. De acordo com o governo local, aproximadamente 6 mil casos que envolvem violência com relação à acusação de feitiçaria aconteceram nos últimos 20 anos.
Jovens e mulheres adultas recebem este tipo de acusação todos os anos no País. Sendo assim, sofrem violência física e sexual. Geralmente, as denúncias ocorrem após mortes repentinas ou doenças inexplicáveis.
Outros casos
De acordo com a gerente sênior de iniciativas para a Ásia da entidade Human Rights Watch, Stephanie McLennan, existem diversas situações de extrema violência. Ainda segundo a mulher, que já atuou na questão das acusações de feitiçaria, já houve casos de encontrar vítimas em cativeiro.
Além disso, ficam nuas durante todo o tempo. A comunidade as coloca em barras de ferro, as torturam e as queimam até a morte. Mary Kopari, por exemplo, recebeu a acusação depois da morte de uma criança de 2 anos.
Mary vendia batatas em um mercado local quando um grupo de pessoas a agrediu e depois colocou fogo na mulher que ainda estava viva. Apesar dos registros em vídeo e o caso receberem repercussão internacional, ninguém foi preso.
Outra mulher foi acusada de bruxaria após reagir a um estupro e arrancar sua língua com os dentes. Portanto, foi apedrejada até a morte em uma praça pública.
Relação com a pandemia
Segundo a Human Rights Watch, o número de casos de violência com ligação às acusações de bruxaria e feitiçaria aumentaram depois da pandemia do novo coronavírus. A polícia encontrou em cativeiro uma mulher de 45 anos e a filha de 19.
O motivo seria a morte do marido da mulher por Covid-19. As duas sofreram fraturas pelo braço e queimaduras feitas com barras de ferro quente em diversas partes do corpo. O presidente de Papua Nova Guiné, Hon Charles Abel, gerou uma comissão parlamentar para tratar deste assunto e acabar com este tipo de violência.
O presidente do País ressalta ainda que mesmo sendo considerada uma nação cristã, essa atitude violenta em relação a mulheres acusadas por bruxaria não é um comportamento cristão.
Mulher acusada de bruxaria protege outras
Agora, Monica Paulus trabalha para proteger outras mulheres da caça às bruxas depois do que passou com sua família. Por isso, criou o Movimento das Mulheres Defensoras dos Direitos Humanos das Terras Altas. Após a criação do programa sem fins lucrativos, um número superior a 500 de pessoas já foram salvas desde a fundação, há 15 anos.
Os integrantes do movimento analisam os casos das mulheres, oferecem lugares de moradia, alimentos e aconselhamentos jurídicos para responsabilizar os criminosos.
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