O Brasil vive um momento político delicado, aonde a polarização fica mais evidente e os ânimos se mostram exaltados. A diferença entre a esquerda e a direita está mais evidente do que nunca e figuras icônicas da história do Brasil voltam a povoar o imaginário popular. Uma dessas pessoas é Carlos Marighella.
A volta de um dos principais nomes da resistência a ditadura militar brasileira (1964 – 1985) se dá em meio do filme “Marighella“, de Wagner Moura. Apesar de ainda não ter sido lançado comercialmente, sua estréia em festivais internacionais de cinema, como o de Berlim, trouxe o longa para a pauta.
Quem foi Carlos Marighella?
O baiano Carlos Marighella nasceu em 1911, e sempre dividiu a opinião da população em geral. Sua personalidade e ações é um divisor de águas na direita e na esquerda, e mesmo nessa última, ainda á quem ache extremista o seu padrão revolucionário.
Marighella foi o principal nome da guerrilha comunista no Brasil, durante a ditadura militar no Brasil, sendo considerado o inimigo número 1 do estado na segunda metade dá década de 1960.
Mas para quem acha que ele se tornou um simbolo da resistência nesse período, está muito enganado. Ele começou sua luta em 1930, durante o governo de Getúlio Vargas.
O inicio
Na década de 1930, Carlos Marighella abandou o curso de engenharia em Salvador para integrar Partido Comunista Brasileiro (PCB). Quando Getúlio Vargas instalou seu modelo ditatorial inspirado no Fascismo europeu, o Estado Novo, Marighellla se mudou para o Rio de Janeiro. Ele chegou a ser torturado pelo estado mais de uma vez durante esse período, e acabou sendo preso. Foi solto em 1945, quando a ditadura varguista chegou ao fim.
No mesmo ano, com o alvorecer do período democrático, ele se tornou deputado federal pelo PCB. Sua atuação foi barrada pelo governo de Eurico Gaspar Dutra, levando Marighella a entrar na clandestinidade. Em 1953 ele foi convidado pelos chineses para conhecer seu modelo revolucionário. Quando voltou ao Brasil no ano seguinte, viu crescer as guerrilhas pela América Latina, incentivadas por Che Guevara, além do surgimento da Guerra Fria.
Regime Militar
Quando o Regime Militar foi instaurado no Brasil, Marighella rompeu com o PCB, pelas diferenças de opinião e conduta naquele momento. Baseado nas guerrilhas sul-americanas, ele fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN). A Organização se tornou a maior promotora de ações terroristas de guerrilha urbana no Brasil, como assaltos, emboscadas e sequestros. Marighella esteve envolvido em alguns ataques.
Na época, Mariguella escreveu vário panfletos sobre a luta armada e a resistência, como “Por que resisti à prisão”, “A crise brasileira”, “Algumas questões sobre a guerrilha no Brasil”, “Chamamento ao povo brasileiro”, “Pronunciamento do Agrupamento Comunista”, “Quem samba fica, quem não samba vai embora”, “Manual do Guerrilheiro Urbano”, e vários outros.
Marighella morreu em 1969, em uma emboscada pelo delegado Sérgio Fleury, chefe do grupo de extermínio daquele estado. A emboscada de Fleury partiu de informações obtidas a partir da tortura de freis dominicanos que tinham conexão com a ALN.
Filme
“Marighella” é o filme de estréia do consagrado ator Wagner Moura na direção, e traz o músico Seu Jorge no papel principal. O longa metragem traz a terceira parte da biografia da personalidade histórica, “Marighella – O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo” (Companhia das Letras), escrita pelo jornalista Mário Magalhães, que se passa entre os anos de 1964 e 1969, quando o revolucionário foi morto pelo regime.
Ainda não existe previsão de estréia, porém, o filme já foi aplaudido em sua estréia no Festival de Berlim.
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Fonte: Medium Brasil Escola
Imagem: Guia de Estudante Gazeta do Povo
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