Em algum momento você, com certeza, já ouviu falar o nome Suzane von Richthofen. Isso porque, em 2002, ela ficou muito famosa por planejar o assassinato dos seus pais, Manfred e Marísia. A brutalidade e frieza dos assassinos tornou esse caso destaque nos principais meios de comunicação do Brasil e do mundo.
Como resultado, o crime planejado e conduzido por Suzane foi considerado um dos casos criminais mais chocantes do Brasil. No dia, ela contou a ajuda do namorado, Daniel Cravinhos, e o cunhado, Cristian Cravinhos, para concretizarem o plano da morte dos pais.
Assim como Suzane, os irmãos Cravinhos também se tornaram manchete. No entanto, o principal questionamento de todos foi sobre os motivos que levaram a filha a arquitetar a morte dos próprios pais.
No post de hoje, você relembra esse crime impactante no Brasil. E conhece, sobretudo, os motivos de Suzane, como tudo aconteceu, e os desdobramentos do caso até os dias de hoje.
O caso de Suzane von Richthofen
Família
Suzane von Richthofen estudava direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Manfred, o pai, era um engenheiro alemão, mas naturalizado brasileiro. A mãe, Marísia, era psiquiatra. O irmão mais novo, Andreas, na época, estava com 15 anos.
Era uma família de classe média que morava no Brooklyn e criara os filhos de forma bem rígida. Segundo relatos dos vizinhos, eles sempre foram muito discretos e dificilmente realizaram festas na casa.
Em 2002, Suzane namorava Daniel Cravinhos. Relação essa não aprovado e proibido pelos pais, pois viam um relacionamento explorador, abusivo e obsessivo por parte de Daniel. Ao mesmo tempo, não concordavam com os constantes presentes caros e empréstimos de dinheiro que Suzane dava ao namorado.
Como aconteceu
O início do fatídico “Caso Richthofen” se deu no dia 31 de outubro de 2002, quando os agressores, Daniel e Cristian Cravinhos, atingiram Manfred e Marísia com vários golpes de barras de ferro na cabeça.
Na manhã do dia seguinte, as vítimas foram encontradas sem vida, na cama em que dormiam. Uma cena com muitos indícios de crueldade e que logo chamou a atenção da polícia.
Além do quarto do casal, somente mais um cômodo da mansão estava revirado.
Motivo
A família von Richthofen não aprovava o relacionamento de Suzane e Daniel, e segundo os assassinos, esse foi o motivo para darem prosseguimento ao homicídio. Afinal, para eles, essa seria a solução para continuarem o relacionamento.
Após a morte do casal, os namorados teriam uma maravilhosa vida juntos e sem as interferências dos pais de Suzane. Além disso, teriam ainda acesso à herança deixada pelo casal von Richthofen.
Enquanto os pais dormiam, a garota foi quem abriu as portas da casa para para que os irmãos Cravinhos pudessem entrar na residência. Assim, eles tiveram livre acesso e a certeza de que o casal estava dormindo. No entanto, a intenção do trio sempre foi simular um latrocínio. Ou seja, roubo seguido de morte.
O crime
Os irmãos Cravinhos
Na noite do crime, Suzane e Daniel levaram Andreas, irmão de 15 anos de Suzane, para uma lan house. No plano deles, o garoto não ia ser assassinado, assim como não queriam que ele presenciasse o crime.
Após deixarem Andreas, o casal buscou Christian Cravinhos, irmão de Daniel, que já os esperava nas proximidades. Ele entrou no carro de Suzane e os três seguiram para a mansão dos von Richthofen.
Suzane von Richthofen e os Cravinhos entraram na garagem da mansão por volta da meia noite, segundo o vigia da rua. Ao adentrarem a casa, os irmãos já estavam com as barras de ferro que seriam usadas no crime.
Então, Suzane averiguou se os pais estavam dormindo. Quando a situação foi confirmada, ela acendeu as luzes do corredor para que os irmãos pudessem ver as vítimas antes da atrocidade acontecer.
Preparação
No preparo do plano, ela chegou a separar sacos e luvas cirúrgicas para tentar esconder as provas do crime.
Eles combinaram que Daniel golpearia Manfred, e Christian iria em Marísia. Esta, aliás, foi encontrada com fraturas nos dedos e a perícia afirma que, provavelmente, foi na tentativa de se proteger dos golpes, colocando a mão sobre a cabeça. Segundo o depoimento de Christian, uma toalha chegou a ser usada para abafar os ruídos de Marísia.
Visto que era para ser a cena de um latrocínio, após verificar que o casal estava morto, Daniel plantou uma arma, calibre 38, no quarto. Em seguida, revirou a biblioteca da mansão para simular um assalto.
Neste meio tempo, não se sabe ao certo se Suzane esperava no térreo ou se ajudou os irmãos em determinado momento do crime. Na reconstituição, algumas hipóteses foram levantadas sobre a sua posição enquanto os pais eram assassinados: aproveitou para roubar o dinheiro na casa, ajudou os irmãos a sufocar os pais ou guardou as armas do crime em sacos plásticos.
Cada passo calculado
Como parte do plano, Suzane abriu uma maleta de dinheiro de seu pai. Dessa forma, ela pegou cerca de oito mil reais, sendo seis mil euros e cinco mil dólares, além de algumas jóias da mãe. Quantia essa logo entregue para Cristian, como pagamento pela sua participação no crime.
Os namorados, na desesperada necessidade de conseguir um álibi, foram até um motel na zona sul de São Paulo. Chegando lá, pediram pela suíte presidencial no valor de R$380 e pediram que fosse emitida uma nota fiscal. Todavia, esse ato desesperado foi visto como suspeito na investigação, já que não é usual emitirem notas fiscais para quartos de motel.
Já de madrugada, por volta das 3h da manhã, Suzane buscou Andreas na lan house e deixou Daniel em sua casa. Na sequência, Andreas e Suzane von Richthofen seguiram para a mansão e chegaram lá por volta das 4h da manhã. Então, ao adentrarem, Suzane “estranhou” que a porta estaria aberta, enquanto Andreas seguiu para a biblioteca. Vendo tudo revirado, o garoto gritou por seus pais.
Suzane, como havia planejado, disse para Andreas esperar do lado de fora e ligou para Daniel. Este, por sua vez, ligou para a polícia.
Ligação para a polícia
Após a ligação de Suzane e depois de acionar a polícia, Daniel dirigiu-se à mansão. Ele disse, ao telefone, que havia uma suspeita de assalto na casa da namorada.
A viatura chegou ao local e os policiais ouviram os depoimentos de Suzane e de Daniel. Então, tomando os devidos cuidados, os policiais ingressaram na residência e se depararam com a cena do crime. Contudo, perceberam que apenas dois cômodos estavam bagunçados, gerando estranheza e novas suspeitas na investigação.
O policial Alexandre Boto, cautelosamente, contou aos filhos von Richthofen sobre o ocorrido e, instantaneamente, desconfiou da reação fria de Suzane enquanto ouvia sobre a morte de seus pais. Sua reação teria sido: “O que eu faço agora?“, “Qual o procedimento?“. Sendo assim, Alexandre, de pronto, entendeu que algo estava errado e isolou a casa para preservar a cena do crime.
Investigação do caso
Desde o início da investigação, a polícia desconfiava que não se tratava de um latrocínio. Isso porque apenas o quarto do casal estava bagunçado. Além disso, algumas jóias e a arma da vítima tinham sido deixados na cena do crime.
Quando a polícia começou a investigar as pessoas mais próximas da família, não tardou para descobrir que o relacionamento de Suzane von Richthofen com Daniel Cravinhos não era aceito pelos pais da garota. Logo, isso fez com que Suzane e Daniel fossem considerados os principais suspeitos do crime.
Para piorar a situação dos criminosos, foi descoberto que Christian Cravinhos havia comprado uma motocicleta e pagado em dólar. Ele, aliás, foi o primeiro a sucumbir, ao ser interrogado. Conforme relatos da polícia, ele confessou dizendo: “eu sabia que a casa ia cair“. Levando, em seguida, a queda de Suzane e Daniel.
Julgamento
Dias depois do crime, ainda em 2002, os três foram presos preventivamente. Em 2005, conseguiram habeas corpus para aguardar o julgamento em liberdade, mas um ano depois já estavam presos novamente. Em julho de 2006 foram à júri popular, que durou aproximadamente seis dias, com início em 17 de julho e fim na madrugada do dia 22 de julho.
As versões apresentadas pelos três foram conflitantes. Suzane e Daniel receberam a sentença de 39 anos e seis meses de prisão, enquanto Cristian foi sentenciado a 38 anos e seis meses de prisão.
Suzane afirmava que não tinha envolvimento e que os irmãos Cravinhos teriam executado seus pais por conta própria. Entretanto, Daniel dizia que Suzane era a maestra de todo o plano do assassinato.
Christian, por sua vez, tentou inicialmente, por a culpa em Daniel e Suzane, afirmando que não tinha envolvimento no crime. Posteriormente, o irmão de Daniel prestou um novo depoimento confessando sua participação.
Suzane von Richthofen, durante toda a investigação, processo e julgamento, demonstrou-se fria e sem reações acaloradas. Aliás, muito diferente da relação pais e filha que ela dizia existir.
Plenário
Durante o plenário, os peritos apresentaram as provas que incriminavam Suzane, Daniel e Christian. Na oportunidade, ainda leram todas as cartas de amor trocadas pelo casal, e essas foram escutadas friamente por Suzane.
Após a votação na sala secreta, os jurados consideraram os três réus culpados da prática do duplo homicídio qualificado.
Casamento dentro da prisão
Durante o cumprimento de sua pena na prisão, Suzane von Richtofen se “casou” com Sandra Regina Gomes. Conhecida como Sandrão, a parceira de Suzane é uma detenta condenada à 27 anos de reclusão por sequestrar e matar um adolescente de 14 anos.
Atualmente
No fim de 2009, Suzane pediu, pela primeira vez, o direito do regime semiaberto. Esse foi negado, pois os psicólogos e psiquiatras que a avaliaram a classificaram como “dissimulada”.
O irmão de Suzane, Andreas, entrou com uma ação para que a irmã não tenha direito à herança deixada pelos pais. A justiça aceitou o pedido e negou à Suzana o recebimento da herança, avaliada em 11 milhões de reais.
Suzane continua presa no presídio de Tremembé, mas hoje está com direito ao regime semiaberto. Ela tentou iniciar os estudos em algumas faculdades, mas não deu continuidade. Os irmãos Cravinhos também cumprem pena no regime semiaberto.
Filmes sobre o caso
Toda essa história parece de cinema, não é mesmo!? Sim. Ela está nos cinemas.
As versões do crime de Suzane Von Richthofen e Daniel Cravinhos resultaram nos filmes ‘A Menina que Matou os Pais’ e ‘O Menino que Matou Meus Pais’. Então, veja algumas curiosidades sobre os dois longas:
Produção do filme
É importante ressaltar que nenhum dos criminosos receberá valor financeiro pela exibição do filme.
Carla Diaz interpreta Suzane von Richthofen; Leonardo Bittencourt é Daniel Cravinhos; Allan Souza Lima é Cristian Cravinho; Vera Zimmerman é Marísia von Richtofen; Leonardo Medeiros é Manfred von Richtofen. E para produção dos filmes, os atores acima citados, relataram que não tiveram nenhum contato com Suzane Richtofen ou os irmãos Cravinhos.
E aí, o que achou dessa matéria? Então, confira a próxima: Ted Bundy – Quem é o serial killer que matou mais de 30 mulheres.
Fontes: Aventuras na História; Estadão; IG; JusBrasil;
Imagens: O Globo, Blasting News, Veja, Último Segundo, Jornal da Record, O Popular, A Cidade On