Os personagens da Turma da Mônica são ícones dos quadrinhos e da cultura pop brasileira, que estão sempre em contato com crianças (e adultos, como eu!) de várias gerações. O responsável pela propriedade intelectual é o criador Maurício de Sousa, artista responsável por delinear os traços de cada figura.
Durante décadas, os personagens vivem várias aventuras no icônico bairro dos Limoeiros, nas histórias em quadrinhos. Mas não é só na nona arte que essa turminha apronta. Atualmente, eles já alcançara, até mesmo, as telas do cinema.
Além da linha de quadrinhos tradicionais da Turma da Mônica, também existe o selo de animes, A Turma da Mônica Jovem, e a Graphic MSP, histórias dos personagens do estúdio, feitas por artistas brasileiros, com estilos diferentes e únicos.
Desde 1959, com a criação dos personagens, a Mauricio de Sousa Produções já publicou, basicamente, um bilhão de revistas, representando 86% das vendas da HQ no Brasil. Além disso, a Turma da Mônica também foi exportada para cerca de 30 países.
Origem do cartunista Maurício de Sousa
Filho de um casal de poetas, Maurício Araújo de Sousa nasceu em 27 de outubro de 1935, em Santa Isabel (SP). O cartunista é membro da Academia Paulista de Letras e, sobretudo, o grande criador dos quadrinhos da Turma da Mônica.
Seus pais, Antônio Maurício de Sousa e Petronilha Araújo de Sousa, o criaram cercado de arte, livros e cultura. O artista morou boa parte da infância em Mogi das Cruzes.
Certamente, o interesse de Mauricio pelos gibis foi incentivado pela mãe, que utilizava a nona arte como ferramente para ensinar o garoto a ler. Além disso, a infância do artista também foi marcada por pescarias, brincadeiras de rua e reuniões nas casas de seus vizinhos.
Mesmo que essa primeira infância não denunciasse o dom do cartunista, ele certamente ganhou o Brasil, em 1959, com a criação dos personagens de quadrinho mais famosos do Brasil.
Primeiro trabalho
Ao crescer, o cartunista começou a desenhar cartazes e pôsteres para os jornais da cidade. Logo, ele decidiu que queria viver dos desenhos e ouviu do pai: “Maurício, desenhe de manhã e administre à tarde”. Ou seja, recebeu do pai o maior incentivo para continuar a desenvolver a carreira.
Por incrível que pareça, Maurício de Sousa começou seus desenhos nas paredes da sua casa. Todos os seus traços, sobretudo, são influência do pai e do avô.
Aos 19 anos de idade, Maurício de Sousa foi para a capital, São Paulo, com o intuito de ingressar no mercado de trabalho como ilustrador. Dessa forma, o criador da Turma da Mônica tentou um emprego no antigo jornal Folha da Manhã. Apesar das pretensões, ele conseguiu apenas uma vaga como repórter policial.
Em suma, mesmo não sendo o trabalho desejado, ele permaneceu na função por cinco anos. Mas, o que motivava Maurício era que ele também ilustrava as próprias reportagens, que fazia sucesso entre os leitores.
Depois disso, em 1959, sua primeira tirinha foi publicada no jornal Folha da Tarde, com seus primeiros personagens, o cão Bidu e Franjinha. Em seguida, a carreira como ilustrador tomou forma e, assim, ele deixou o jornalismo.
Censura no período da Ditadura
Desde o início da Ditadura, em 1964, os cartunistas tiveram receio da censura e, consequentemente, dificuldade na produção de arte. Acima de tudo, o movimento nacionalista dividiu os ilustradores entre: narrativas tipicamente brasileiras e outros que incorporavam alguns padrões norte-americanos.
Na época, o criador da Turma da Mônica estava à frente da Associação de Desenhistas de São Paulo (ADESP), e não tomou partido. Contudo, deixou o cargo e permaneceu escrevendo suas histórias. Assim, uma vez ou outra cutucava a censura militar. Apesar disso, Maurício de Sousa não teve nenhuma história censurada no regime ditatorial.
Porém, sem seguir o movimento, perdeu seu emprego no jornal Folha da Tarde e entrou para a lista negra de cartunistas de São Paulo. Como resultado disso, Maurício de Sousa passou a ilustrar jornais de paróquias.
Perseguição aos gibis
Ainda na década de 1950, os gibis sofreram perseguição no Brasil. A decisão do governo foi baseada no psiquiatra alemão Fredric Wertham, que alegou que os quadrinhos influenciavam o comportamento de jovens e, assim, poderia estimular a criminalidade e a delinquência. Sua tese consta no livro Seduction of the Innocent (Sedução do Inocente, em tradução livre). Consequentemente, a tese deu voz à caça aos gibis.
A partir disso, surgiu o código de ética Comics Code Authority, ou seja, um selo que identificava os quadrinhos que poderiam ser publicados. Muitos gibis foram queimados na época.
Personagens da Turma da Mônica
Curiosamente, a maior parte dos personagens dos gibis da Turma da Mônica são inspirações reais da própria família. Primeiramente, Maurício de Sousa é pai de dez filhos, portanto, colocou-os em suas histórias. Assim: as filhas Mônica, Magali, Marina e as gêmeas Vanda e Valéria, inspiram personagens centrais dos quadrinhos.
Todos os demais personagens também foram inspirados em pessoas reais, da família ou conhecidos de Maurício. Além disso, Bidu era um cachorro da família. Cebolinha e Cascão, por exemplo, eram amigos do seu irmão; e Horácio, o dinossauro, representa o ego do cartunista.
Inspirações dos personagens centrais
- Chico Bento: na realidade, Chico Bento era irmão de Dita, que nas histórias em quadrinhos é seu neto. Não obstante, o personagem surgiu em 1961, nas tirinhas de Hiro e Zé da Roça. Logo depois, passou a ser protagonista
- Vó Dita: é a avó de Chico Bento, representada com os trejeitos da avó do cartunista. Aliás, ser boa contadora de histórias foi uma das características que mais marcou a sua criação.
- Rolo: Márcio, é o irmão de Maurício, e em 1969, era característico pelo seu look meio hippie, cabeludo e barbado. Contudo, o nome advém dos “rolos” que Márcio entrava.
- Mônica: representa a segunda filha, cujas características reais foram transferidas para os quadrinhos. Ou seja, baixinha, gorducha, dentuça e voluntariosa. Assim, a personagem surgiu em 1963 como coadjuvante de Cebolinha, porém tomou o destaque.
- Cebolinha: Luiz, era amigo de Márcio e, portanto, invertia a letra R pelo L. Devido a isso, e pelo cabelo espetado, surgiu Cebolinha, apelido atribuído pelo pai de Maurício de Sousa.
- Magali: foi criada após a Mônica. Segundo o próprio cartunista, sua filha realmente conseguia comer uma melancia inteira.
- Cascão: criado em 1960, logo, também foi inspirado em um amigo de Márcio, que certamente não tinha muita higiene.
- Bugu: esse personagem foi criado por Márcio, como um autoretrato. Ele também trabalhou nos estúdios da Turma da Mônica. Sendo assim, por ser um pentelha surgiu o bordão “Alô, mamãe!”
- Bidu: por fim, foi o primeiro personagem criado em 1959, representando o cachorro da infância. Aliás, o Franjinha, dono do Bidu, tinha características do cartunista.
Outros personagens
- Tina: essa personagem é a representação da colega de escola de Maurício de Sousa, criada em 1964. Basicamente, era meio hippie e com a mesma faixa etária da Mônica. No entanto, na década de 1980, passou a ter uma aparência mais envelhecida.
- Do Contra: um dos filhos do cartunista, ou seja, o nono deles, era diferente da família. Com isso, torcia contra o Brasil na Copa e ainda usava roupa preta. Além disso, nos quadrinhos era irmão de Nimbus e apareceu em 1994.
- Nimbus: também criado em 1994, o personagem baseia-se em Mauro que aprendeu a falar perguntando sobre chuva.
- Marina: caricatura da sétima filha que passou a infância pedindo para também ser um personagem. Portanto, em 1994, com 9 anos surgiu nos Gibis.
- Maria Cebolinha: com quatro casamentos no currículo, a primogênita inspirou a irmã caçula de Cebolinha, sendo criada em 1960, quando Mariângela ainda era bebê.
- Zé Lelé: Provavelmente, o irmão gêmeo de Chico viveu grandes “aventuras” na vida real, em Mogi das Cruzes (SP). Pois, consequentemente, nas HQs, deu vida ao Zé Lelé, parceiro ingênuo do caipira.
41 curiosidades sobre a Turma da Mônica
- 18 de julho de 1959 é a data do nascimento da Turma da Mônica com a estreia das tirinhas do Bidu e do Franjinha na “Folha da Tarde”.
- O primeiro personagem criado foi o Capitão Picolé, quando o desenhista ainda estava na escola.
- O Capitão Picolé nunca teve uma tirinha ou um gibi próprios, mas apareceu em m algumas revistas da Turma, como a especial “Mônica 35 anos” (1998) e a “Lostinho” (2006).
- A primeira a ganhar uma revista foi a Mônica, em 1970.
- A primeira tiragem da revista da Mônica foi de 200 mil exemplares.
- Em 1973 Cebolinha ganhou revista própria.
- Cascão e Chico Bento viraram revistas em 1982.
- Magali foi a última a ganhar revista em 1989.
- A família da Magali é de origem nordestina. Logo, a avó é cearense.
- Magali é canhota.
Personagens de jogadores
- Pelezinho, entretanto, não foi o único personagem inspirado em um jogador de futebol. Ou seja, em 2006, Mauricio lançou uma revista do Ronaldinho Gaúcho. Logo, em 2013, do Neymar.
- Inicialmente, em 1976, Mauricio queria criar um personagem criança inspirado em Pelé. Logo depois, o jogador queria que o personagem fosse adulto, como ele. Sendo assim, Mauricio então combinou que os filhos de Pelé desempatariam a contenda. Pelezinho, basicamente, criança, estreou no mesmo ano.
Estados Unidos
- Nos Estados Unidos, o Chico Bento se chama Chuck Billy.
- Sendo assim, Rosinha virou Rosie Lee e Zé da Roça, Cousin Benny.
- Nos Estados Unidos, basicamente, a Turma da Mônica se chama Monica’s Gang.
- Penadinho se chama Bug a Boo.
- Em síntese, Cebolinha virou Jimmy Five, Cascão se chama Smudge e Magali, Maggy.
- Mauricio diz que não conseguia ver sangue, sendo assim, pedia para o fotógrafo que trabalhava com ele se aproximar das cenas de crime e descrever a situação para ele.
Chico Bento
- Em suma, os personagens principais das tirinhas, que dariam origem à Turma do Chico Bento, eram o Zé da Roça e o Hiro, e não o Chico.
- O nome verdadeiro do Zé Lelé é José Leocádio.
- Nas primeiras historinhas, o Bidu era cinza e foi inspirado na raça Schnauzer e chamava Cuíca na vida real.
- Em 2008 veio uma revista com as aventuras da turma adolescente: Turma da Mônica Jovem. Sendo assim, o Chico Bento também: “Chico Bento Moço” estreou em 2013.
- Marcio de Sousa, irmão de Mauricio que morreu em 2011, ajudou a desenhar o Louco e criou o Capitão Feio.
- O nome do Bidu veio de um concurso feito na redação do jornal onde Mauricio trabalhava.
- O nome do Sansão, o coelho azul da Mônica, também foi decidido em um concurso e, portanto, vencido em 1983 pela menina Roberta Carpi, de São Paulo.
- Nas primeiras histórias, o coelho da Mônica era amarelo.
- Horácio, o tiranossauro-rex vegetariano é, sobretudo, o único personagem que Mauricio ainda desenha pessoalmente.
- Nhô Lau, certamente uma criança guerreira, perseguia os ladrões de goiaba que atacavam suas goiabeiras dando tiros de espingarda.
- Inicialmente, as histórias de Tina e Rolo se passavam na Bahia, em uma turma de hippies.
Outros personagens
- Primeiramente, o nome completo do Piteco é Pithecanthropus Erectus da Silva.
- O personagem Bugu, cachorro amarelinho sempre disposto a roubar a cena do Bidu, também foi criado pelo irmão do Mauricio, Márcio. Portanto, o nome verdadeiro era Butandor Guglisdécio.
- Os pais do Cascão se chamam Antenor Araújo e Lurdinha Araújo.
- Os pais da Mônica se chamam Luisa Moreira Fernandes e Luís Rodolfo Castro de Sousa.
- Desde 2007, a personagem Mônica é embaixadora da Unicef. Certamente, a dentuça ganhou o mundo.
- Mingau, o gatinho da Magali tem cinco irmãos: Matias, Nestor, Tita, Percival e Lili.
- Em uma tira de jornal, publicada muito antes de surgir em revistinha própria, o Cascão torcia pelo Santos.
- A primeira edição de Chico Bento Moço, aliás, conta as aventuras de Chico Bento indo para a faculdade de Engenharia Agrônoma, teve 150 mil exemplares.
- Ademais, a Turma já vendeu mais de 1 bilhão de gibis desde 1970 e tem mais de 3 mil itens estampados com os personagens.
- O primeiro produto licenciado da Turma, afinal, foi lançado no mesmo ano da revistinha: 1970. Em suma, eram os bonecos dos personagens, licenciados pela empresa de brinquedos Trol.
- Em resumo, os quatro primeiros números da Turma da Mônica Jovem venderam 1,5 milhão de exemplares.
Por fim, você é leitor de histórias em quadrinhos? Portanto, então leia sobre História em quadrinhos – Origens, tipos, HQs pelo mundo e no Brasil
Fontes: Folha de S. Paulo Galileu Super Interessante
Imagens: B9 Uai Veja São Paulo
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