O que é vodu? Há quem acredite que seja uma religião em si, embora a definição mais aceita seja aquela que diz que é uma mistura de crenças africanas e cristãs. Atualmente o vodu continua a ser praticado por grupos étnicos no Togo e no Benin.
O tráfico de escravos da África para a América fez com que se sintetizasse com as religiões nativas, dando origem a crenças como o vodu haitiano, a quimbanda brasileira e outras manifestações na Colômbia e Porto Rico.
Devido à sua ampla gama de rituais, é definido como animista, pois dá almas aos objetos e teísta, porque possui várias divindades. Os praticantes entram em estado de transe para se comunicar com divindades e acreditam em sacrifícios na forma de oferendas.
Em suma, o vodu acredita na existência de uma entidade que não é acessível aos seres humanos e que é responsável por governar o mundo sobrenatural. Portanto, os seres humanos, por meio de entidades chamadas loas, comunicam-se com o outro universo.
História do vodu
As raízes do vodu podem ser encontradas nas várias religiões indígenas do que hoje é a Nigéria, Benin e Togo na África Ocidental. A partir do século XV, milhões de indígenas da África Ocidental foram sequestrados, levados à força para as Américas e/ou Caribe e forçados à escravidão brutal. Esses povos indígenas trouxeram consigo sua religião.
Desse modo, em toda a América do Sul, América Central, América do Norte e Caribe, existem diferentes tradições religiosas baseadas na África Ocidental, incluindo Santeria, Candomblé e Umbanda.
Rituais
O vodu se manifesta como uma religião complexa e organizada, com sacerdócio, templos, calendário de cultos e uma série de rituais e cerimônias bem estruturados. Entre essas cerimônias, o culto dos ancestrais assume um significado especial.
Assim, quando um membro da comunidade morre, uma estátua representando a sua alma é colocada no templo e recebe homenagens durante as cerimônias que compõem o funeral.
Boneca vodu
A boneca vodu tem a imagem e a forma de uma pessoa. Com efeito, ela é feita de tecido com as características da pessoa que você quer representar. Uma vez que a boneca está pronta, ela é posta junto com diferentes objetos pertencentes à pessoa em questão.
Há uma tendência a acreditar que os bonecos de vodu servem apenas para produzir o mal em uma pessoa, mas também podem atrair aspectos muito positivos, como sucesso, proteção, fortuna ou amor. Além disso, elas foram feitas originalmente para ajudar os feiticeiros a curar as pessoas.
Portanto, podem ser utilizados para diversos fins, tendo sempre em mente que podem estabelecer contato com a mente, a alma e o espírito de uma pessoa, mesmo que esteja a grande distância.
Dentro das crenças do vodu, a boneca é vista como um meio pelo qual pensamentos, emoções e sentimentos podem ser transmitidos. Ela atua como um instrumento com o qual se estabelece uma conexão direta entre o feiticeiro e a pessoa que deseja influenciar.
Em suma, os bonecos de vodu são representações de pessoas em forma humanóide para produzir mudanças, positivas ou negativas, em suas vidas por meio de rituais mágicos.
Hierarquia
Sacerdotes vodu (oungan) e sacerdotisas (manbo) são responsáveis por invocar forças espirituais para abrir a porta que conecta a realidade humana com o reino espiritual.
Papa Legba é a divindade que age como intermediária entre as duas esferas, por isso, é sempre invocado no início das cerimônias. Ele é descrito como um homem velho que se move lentamente.
Os sacerdotes vodu podem receber um oráculo ou chamado espiritual a qualquer momento de sua vida. Quando isso acontece, eles se juntam à congregação familiar, onde assumem suas responsabilidades religiosas.
Aliás, no vodu há também um sacerdócio de mulheres, transmitido através de uma linhagem matriarcal em que o primogênito recebe a posição de rainha-mãe. Ela é responsável por gerenciar as cerimônias relevantes do clã, de casamentos a funerais.
Mitos sobre o vodu
O contato com o cristianismo produziu consequências negativas para a fé vodu, que tem sido desprezada e fadada ao mal-entendido permanente.
A demonização desse sistema religioso pelo Ocidente está relacionada principalmente à Revolução Haitiana de 1791-1804, que levou à revolta das populações afro-caribenhas haitianas contra os franceses e culminou na independência do país.
Foi também o acontecimento que levou Napoleão a vender a Louisiana aos Estados Unidos. Nesse e em outros movimentos insurrecionais contra a opressão e a escravidão, a religião vodu ajudou a manter unidas as comunidades africanas escravizadas.
Portanto, o vodu tornou-se uma forma de expressão da própria identidade e da vontade de resistir na luta contra os colonizadores. É por isso que os europeus viam a crença como algo perigoso e ameaçador.
Vodu no Brasil
O vodu compartilha muitas coisas com o candomblé, sendo, inclusive, consideradas variações da mesma fé em alguns casos. Além disso, alguns Orixás do Candomblé possuem atribuições e qualidades semelhantes aos Loas, como ocorre com o Orixá e com o Loa Ogum, representado como o senhor das guerras e do metal em ambas as crenças.
Desse modo, é possível afirmar que o Vodu chegou ao Brasil, mas recebeu outro nome: Candomblé Jeje. Suas manifestações são vistas principalmente na Bahia, no culto aos Vuduns, pois também veio com os escravos originários do Reino de Daomé, da etnia Jeje.
Fontes: Brasil Escola, Wikipédia, Revista Galileu, Infoescola, Congresso em foco
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