Por décadas, pais, médicos e diretores escolares se preocuparam com os perigos das drogas. Na era digital, eles têm um novo motivo de preocupação: as drogas sonoras. Em suma, são ondas sonoras que, segundo especialistas, afetam o cérebro como qualquer outro alucinógeno.
A ciência por trás desses sons em particular são as batidas binaurais. O conceito básico é semelhante a um diapasão; ou seja, uma frequência toca no ouvido direito e uma segunda frequência ligeiramente diferente toca no ouvido esquerdo.
A mente cria um zumbido que é um equilíbrio perfeito entre os dois. Seria um tipo de ASMR, só que mais viciante e com sons mais fortes.
Vamos saber mais sobre as drogas sonoras e quais efeitos elas criam no cérebro neste artigo.
Como as drogas sonoras funcionam?
As batidas binaurais foram descobertas em 1839 por Heinrich W. Dove. Desse modo, é um método terapêutico que usa frequências de ondas cerebrais como meio para superar vários problemas.
Em suma, essa técnica funciona usando a diferença na frequência dos ouvidos esquerdo e direito para obter a frequência desejada.
Por exemplo, você deseja inserir ondas alfa com uma frequência de 10 Hz para criar condições de relaxamento profundo, então as batidas binaurais tocarão um tom com uma frequência de 500 Hz no ouvido esquerdo e um tom com 510 Hz no ouvido direito.
Ao inserir essas diferentes frequências, o cérebro operará e nos fará compensar a diferença entre as duas frequências e poderá criar a frequência exata das ondas cerebrais na frequência de 10Hz.
O ruído geralmente é usado para ajudar na meditação, no estado de alerta e até mesmo como um auxílio para dormir. Mas os produtores de algumas faixas afirmam induzir o mesmo efeito que as drogas químicas.
O que a ciência diz sobre as drogas sonoras?
Um estudo recente da Universidade RMIT da Austrália, intitulado “Quem usa drogas digitais?” afirma que essas batidas são frequentemente rotuladas com o nome da droga para o tipo de euforia que devem produzir. Por exemplo, faixas de meditação e atenção plena podem ter o nome de drogas ingeríveis, como cannabis e MDMA.
“Drogas digitais, ou batidas binaurais que alegam provocar estados cognitivos ou emocionais específicos, são um fenômeno sobre o qual pouco se sabe”, diz o esboço da pesquisa sobre o estudo que visava “descrever correlações demográficas e de uso de drogas do uso de batidas binaurais, padrões de uso, motivos de uso e métodos de acesso.”
Porta de entrada para outras drogas?
Já segundo a Pesquisa Global sobre Drogas de 2021, as taxas mais altas de uso de batidas binaurais relatados, em ordem, foram nos EUA, México, Brasil, Polônia, Romênia e Reino Unido.
Mesmo que os ouvintes de batidas binaurais, também conhecidas como drogas digitais, sejam muitas vezes pessoas mais jovens, a pesquisa conclui que é improvável que esses clipes sirvam como uma porta de entrada para outras substâncias ilícitas.
As descobertas também sugerem que, quando se trata de obter esse tipo de áudio, a maioria dos consumidores migra para sites de streaming de vídeo como YouTube e Vimeo, seguidos por aplicativos como o Spotify. No entanto, um dos canais mais famosos que reúne esse conteúdo sonoro é chamado de i-doser.
Os usuários também reconheceram que estavam usando essa experiência para “conectar-se a si mesmos” ou “algo maior que eles mesmos”. Uma em cada vinte pessoas desejava alcançar um “estado alterado” tentando ouvir batidas binaurais.
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