Expressões e ditados populares são termos utilizados para explicar situações diversas a partir de conhecimentos passados de geração em geração. Muitas vezes essas expressões possuem origens desconhecidas e incertas, além de passarem por transformações em diferentes épocas e regiões.
Geralmente, a evolução desses ditados é um elemento importante da evolução cultura de um local. Isso vale tanto para regiões menores como países inteiros e atinge todas as classes sociais.
Apesar de populares, no entanto, nem sempre conseguimos traçar a origem do real significado de expressões populares. Por outro lado, algumas podem ter o passado traçado, e são essas que apresentaremos aqui.
Expressões populares históricas
Corredor Polonês
A expressão é atualmente utilizada para referenciar passagens estreias formadas por fileiras de pessoas, muitas vezes de forma intimidadora. Sua origem, no entanto, data da Segunda Guerra Mundial. Após perder uma faixa de terra para a Polônia, em 1919, com o Tratado de Versalhes, a Alemanha retomou a região em 1939. Na ocasião, os poloneses ficaram encurralados pelo exército adversário, com alemães posicionados dos dois lados.
Erro crasso
Ninguém fica feliz ao cometer um erro crasso, um erro claro e estúpido demais, mas talvez o pior deles tenha sido cometido pelo próprio Crasso. O imperador romano Marco Licínio Crasso dividia o poder com Júlio Cesar e Pompeu, durante o Primeiro Triunvirato. O imperador, no entanto, tomou a decisão de atacar a cavalaria inimiga em campo aberto e foi dizimado de uma maneira terrível e histórica, também criando um dos ditados populares mais difundidos da história.
De meia-tigela
A expressão tem origem ainda durante o período da monarquia portuguesa. Na época, funcionários da realeza recebiam alimentos de acordo com a função desempenhada e o grau de importância na corte. Sendo assim, os funcionários de hierarquia mais baixa acabavam recebendo apenas meia tigela de comida, por serem considerados inferiores na classificação.
Segurar vela
Segurar vela tem uma origem bem literal, ainda no período da Idade Média. Na época, as velas eram as principais fontes de iluminação das casas e era comum que algumas pessoas exercessem a função de segurar a vela para que os mais experientes pudessem trabalhar. Na França, por exemplo, alguns criados seguravam velas enquanto seus patrões tinham relações sexuais.
Negócio da China
As relações do mercador Marco Polo com o povo chinês foi responsável por originar essa expressão. A partir do século XIII, o oriente passou a atrair a atenção de comerciantes por oferecer acordos e produtos mais vantajosos do que os de outras regiões. Na época, a expressão ganhou versões em vários idiomas, incluindo no português.
Expressões populares mitológicas
Voto de Minerva
O voto de Minerva surgiu no latim, mas com referências na mitologia grega. Na história, foi o voto da deusa Minerva (ou Atenas) que decidiu o fim de Orestes, depois que ele matou a própria mãe e seu amante. Logo após um empate na votação por um júri de 12 pessoas, a deusa da justiça decidiu o caso, inocentando Orestes e dando origem a um dos ditados mais conhecidos.
Calcanhar de Aquiles
Assim como voto de Minerva, essa é uma das expressões populares que também parte da mitologia grega. A história de Aquiles diz que ele era mortal até ser mergulhado no rio Estige por sua mãe. Para isso, no entanto, a mulher segurou o bebê pelo calcanhar, que não foi banhado e manteve-se como seu único ponto franco. Na Guerra de Troia, portanto, Aquiles foi atingido exatamente no calcanhar, e morreu.
Expressões populares literárias
Elefante branco
Um elefante branco é um presente, geralmente de custo desproporcional à utilidade, que não pode ser ignorado. A expressão tem origem na obra O Bode Expiatório, de Ari Riboldi. No livro, o rei de Sião presenteava membros da corte com um raro elefante branco. Os animais davam muito trabalho para cuidar e geravam muitos custos, mas não podiam ser recusados. Isso porque esse povo considerava o elefante branco – bem como o presente real – como um presente sagrado.
Pagar o pato
Esse é mais um dos ditados populares com origem na literatura. A expressão tem origem no texto Facetiae, do italiano Giovanni Bracciolini. Na obra, uma mulher queria comprar patos de um camponês, mas pagando pelos animes com serviços sexuais. A negociação, no entanto, termina com o marido da mulher descobrindo a situação e pagando pelo pato com dinheiro para pôr fim à situação.
Bode expiatório
A origem da expressão bode expiatório também está na Bíblia. Segundo a narrativa do capítulo 16 de Levítico, o povo hebreu tinha um ritual de purificação que contava com dois bodes. No ritual, um dos bodes era sacrificado e outro abandonado no deserto. Isso porque o segundo bode era escolhido para representar todos os pecados do povo de Israel, ou seja, deveria ser mandado para longe do povo.
Expressões populares brasileiras
Casa da Mãe Joana
No século XIV, Joana era rainha de Nápoles até que tornou-se fugitiva depois de se envolver na conspiração de assassinato ao seu marido. Após ser perseguida pelo cunhado, Luís X, acabou fugindo para Avignon, na França, onde reinou. Ali, Joana passou a regulamentar os bordéis, que ganharam o nome Paço da Mãe Joana. Mais tarde, no Brasil, os estabelecimentos ganharam o nome Casa da Mãe da Joana.
Cheio de nove horas
Analisar a história de um povo e se deparar com a origem de ditados populares pode dizer muito sobre eles. No Brasil do século XIX, por exemplo, era incomum que fossem organizados eventos sociais após as 9h da noite. Quem escolhia estar na rua depois do horário era visto como suspeito, boêmio e mau-exemplo. Com o tempo, no entanto, a expressão passou a referenciar pessoas que se prendiam demais às regras, como ao toque de recolher às 21h.
Só para inglês ver
Esse é mais um dos ditados com origem na história do Brasil. A origem mais provável da expressão está nas relações do Império do Brasil com a coroa inglesa. Isso porque a Inglaterra exigia medidas de combate ao tráfico de escravos, mas o Império só tomava medidas para que os ingleses acreditassem que algo estava sendo feito. Por outro lado, na realidade, nenhuma medida era de fato aplicada.
Dizer cobras e lagartos
É uma das expressões populares tão difundidas que chegou até a virar nome de novela no Brasil. Sua popularidade provavelmente se deve ao uso de formas diferentes, ainda que tenham o mesmo sentido. Quando diz-se que alguém disse cobra e lagartos para alguém, estamos falando de uma situação de desabafo em tom de ofensa. Por outro lado, quando se fala cobras e lagartos de alguém, críticas estão sendo feitas sobre ela.
A origem está no comportamento de disputa entre esses animais na natureza.
Sem eira nem beira
Outro dos ditados com mais de uma origem conhecida. Uma delas faz referência à eira das fazendas, terreno onde grãos são deixados para secar. Numa fazenda sem eira (nem beira, as extremidades da eira) o vento poderia levar os grãos embora, desperdiçando a produção.
Por outro lado, uma segunda origem sugere que as casas da região Nordeste tinham telhado com três partes: eira, beira e tribeira. Essa realidade, no entanto, era frequente nas casas dos ricos, já que os mais pobres podiam sustentar apenas uma fileira, sem eira, nem beira.
171
O termo é utilizado para classificar pessoas em situações em que há algum golpe, trambique ou estelionato. A origem, na verdade, é bem simples e faz referência direta ao artigo 171. Isso porque é exatamente esse o artigo do Código Penal que tipifica o crime de estelionato.
Outras expressões populares
Do arco da velha
Assim como o nome sugere, a expressão sugere algo realmente muito velho ou antigo. No entanto, em sua origem significa algo fantástico ou surpreendente. Na Bíblia, logo após o grande dilúvio, Deus propôs uma aliança com os homens simbolizada por um arco-íris no céu. A partir daí, portanto, o arco era um símbolo da velha aliança entre humanos e deuses.
Apesar disso, existe uma outra origem que sugerem que havia um antigo tipo de baú, ou arca, onde senhoras guardavam relíquias. Sendo assim, a arca da velha acabou ganhando o sentido de coisas antigas.
Ter o rei na barriga
Naturalmente, a expressão tem origem num período em que a monarquia tinha mais destaca. Isso porque quando a rainha ficava grávida ela ganhava um novo status na corte. Como carregava o sucessor do trono, ela recebia tratos especiais e mais atenção, sendo vista como arrogante por parte da corte e da população.
Colocar panos quentes
Essa é mais uma das expressões populares com uso figurado que tem origem em situações explícitas. O uso de tratamentos com panos quentes aplicado sobre dores ou ferimentos, por exemplo, ajuda a combater sintomas e aliviar os músculos. Sendo assim, ainda que não cure uma situação, colocar panos quentes pode ajudar a amenizar problemas e dar uma solução temporária.
Fontes: Super, Toda Matéria, Brasil Escola
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