Se você tem um medo mortal de cobras, esta ilha no Brasil não é um lugar para você visitar. A menos de 160 quilômetros da cidade de São Paulo, na região Sudeste do país, fica a Ilha das Cobras ou Ilha de Queimada Grande.
Em suma, a ilha está infestada de cobras e é o lar de uma das cobras mais mortíferas do mundo, a víbora dourada ou jararaca-ilhoa. Aliás, é o lar de cerca de 4.000 serpentes venenosas, portanto, esta ilha é vista como um dos lugares mais perigosos do mundo. Veja as principais curiosidades sobre este local a seguir.
20 curiosidades sobre a Ilha da Queimada Grande
1. A ilha é completamente habitada por cobras mortais
Estima-se que existam mais de 2.000 a 4.000 jararacas-ilhoa na Ilha da Queimada Grande, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio. Ou seja, são muitas cobras em uma única ilha.
2. A jararaca-ilhoa presente é uma das mais mortais do mundo
A jararaca ilhoa (Bothrops insularis) é uma das cobras mais mortais do mundo. Aliás, o veneno da cobra pode ser fatal em uma hora se você for mordido. Isso não deixa muito tempo para chegar em segurança a um hospital se você for mordido.
Ademais, com a Ilha da Queimada Grande a 35 quilômetros da costa do Brasil, seria preciso um barco muito rápido para voltar à costa e um hospital a tempo.
3. Antigamente pessoas viviam lá
No início de 1900, havia um faroleiro na ilha para mantê-lo funcionando. Como diz a lenda, o último faroleiro e sua família não conseguiram escapar, pois acredita-se que as cobras entraram em sua casa pelas janelas abertas. É assustador pensar que alguém moraria na ilha e, pior ainda, ter medo do que está lá fora o tempo todo.
4. Há inúmeras lendas sobre o local
Há também um conto de piratas jogando as cobras na Ilha das Cobras para proteger um tesouro enterrado, enquanto na verdade, as cobras estão evoluindo na ilha desde 11.000 anos atrás, quando o nível do mar subiu para separar a ilha do Brasil continental, causando a imensa infestação de serpentes.
5. As cobras não são o único perigo da Ilha da Queimada Grande
Além do enorme número de cobras, nessa ilha não existe fonte de água potável. A temperatura é muito alta, e o desembarque é muito complicado, pois sua costa é repleta de penhascos e rochedos. Não é de se espantar que em 2010, o site Listverse elegeu essa ilha como o lugar mais perigoso do mundo para se visitar.
A chegada à ilha é tão perigosa que, anos atrás, quando os pescadores locais precisavam desembarcar nela, eles só conseguiam após atear fogo nas encostas, espantando as inúmeras serpentes. Por isso a ilha recebeu esse nome, Queimada Grande.
6. A ilha é restrita para visitantes sem autorização
Como não foi possível conter a infestação de víboras e a área não disponibiliza praias ou estruturas de embarque, apenas biólogos do Instituto Butantan frequentam a região a fim de realizar estudos, prática iniciada em 1984.
Além disso, essa ilha só pode ser acessada por meio da cooperação da Marinha do Brasil; bem como é exigido que um médico esteja presente em qualquer visita legal, para o caso de algum ataque acontecer.
7. As cobras da Ilha da Queimada Grande são vítimas do mercado ilegal
Acontece que devido à demanda do mercado negro, por cientistas e colecionadores, os traficantes de animais selvagens se aventuram na Ilha da Queimada Grande, em busca de capturar cobras. Uma única jararaca pode custar até 100 mil reais.
8. A jararaca-ilhoa está ameaçada de extinção
A caça, junto com a degradação do habitat e doenças afetaram a população da ilha, que diminuiu quase 50% nos últimos 15 anos. Além disso, a Jararaca-Ilhoa está atualmente na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.
9. A jararaca-ilhoa evoluiu para se adaptar ao ambiente
Os hábitos e o veneno da jararaca-ilhoa são uma resposta de adaptação às condições da ilha, como a falta de mamíferos terrestres que a levou a caçar aves.
Além disso, a jararaca encontrada no continente, ao atacar sua presa, apenas dá o bote e a solta. Assim, depois de um tempo, ela rastreia a sua presa já morta para se alimentar, evitando assim que o animal reaja e ela acabe sendo ferida.
10. Outro diferencial da espécie jararaca-ilhoa é a sua reprodução
Em vez de colocar ovos, a jararaca ilhoa gera filhotes de maneira similar aos mamíferos. Desse modo, a reprodução ocorre geralmente entre os meses de julho e setembro, sendo que a gestação tem um período estimado de 120 a 150 dias.
11. A densidade da espécie na ilha é tão grande que em apenas um dia é possível encontrar até 60 dessas serpentes
No continente, em contraste, estudos realizados na mata atlântica nos últimos 15 anos encontraram no máximo três jararacas comuns por dia. A superpopulação de jararacas-ilhoas na ilha da Queimada Grande pode decorrer da quase ausência de predadores de serpentes e da grande disponibilidade de alimento.
12. As serpentes tem hábitos arborícolas
Em várias espécies de jararacas do continente, incluindo a comum (B. jararaca), os indivíduos jovens têm hábitos arborícolas, mas os adultos são quase exclusivamente terrestres. Já os adultos da jararaca-ilhoa são com frequência encontrados sobre árvores e arbustos, mas também utilizam o chão da mata
13. O modo como a jararaca-ilhoa lida com aves também é diferente do modo como a jararaca comum lida com roedores
Ao picar um roedor, a jararaca comum solta-o de imediato, pois uma mordida do animal poderia feri-la gravemente. Depois, ela acompanha a trilha de cheiro até achar a presa, já imobilizada pelo veneno.
A jararaca-ilhoa, ao contrário, retém na boca a ave capturada até o veneno matá-la. Se fosse solta, a ave voaria até que o veneno fizesse efeito e, assim, não deixaria trilha de cheiro no chão. Além disso, o bico e as garras de uma ave não representam um risco de ferimento tão grande quanto os dentes de um mamífero.
14. A Ilha da Queimada Grande sofreu com o desmatamento
Embora a maior parte da ilha da Queimada Grande esteja preservada, existem áreas desmatadas no passado, hoje cobertas por capim. Ao longo dos últimos sete anos, tais áreas voltaram a ser invadidas pela mata, mas sua recuperação total deve demorar muitos anos.
15. As ilhoas não são a única espécie endêmica de Queimada Grande
A minúscula perereca Scinax peixotoi também ocorre apenas ali, vivendo no interior das bromélias que acumulam água em seu interior. Aparentemente restrita aos agrupamentos maiores de bromélias, é uma espécie bastante rara.
Outras espécies, como as populações locais de alguns lagartos e anfisbenas aguardam estudos mais detalhados (especialmente genéticos) para definir o quão distintos são das populações do continente.
16. Golfinhos e orcas são visitantes regulares na ilha
O mar ao redor da Queimada Grande é comparativamente rico, recebendo nutrientes das descargas dos estuários de Santos e do rio Itanhaém, o que atrai cardumes de diversas espécies de peixes e seus predadores.
Golfinhos-pintados Stenella attenuata são uma visão comum e baleias orcas caçam cardumes de sardinhas sobre a plataforma continental durante a primavera-verão.
17. Queimada Grande, oficialmente, é uma ARIE sob cuidados do ICMBio, com sede em Itanhaém
Há o interesse de biólogos e cientistas em transformar a ilha da Queimada Grande em um parque marinho, com o intuito de proteger milhares de corais e espécies vulneráveis e em extinção da fauna marinha. Apesar do perigo, o arquipélago guarda paisagens exuberantes.
18. Estudantes e pesquisadores fazem pesquisas regulares na ilha
De acordo com o ICMbio, órgão responsável pela manutenção da área, as pesquisas feitas na ilha são realizadas por estudantes de universidades federais brasileiras e também pelo Instituto Butantã.
Os estudos têm como foco a manutenção da jararacas e também do ambiente onde vivem. Os pesquisadores se arriscam para retirar a flora exótica da ilha e restaurar suas plantas naturais, em um delicado trabalho de reflorestamento.
19. A Ilha da Queimada Grande é considerada uma farmácia viva
A indústria farmacêutica mundial vê nossas serpentes como alguns dos tesouros da biodiversidade brasileira. Isso acontece porque as proteínas do veneno das jararacas têm alto interesse biomédico, devido às suas muitas possibilidades.
Soros antiofídicos são fabricados a partir das toxinas existentes em suas glândulas. Um importante medicamento para hipertensão também é produzido tendo como matéria-prima o veneno da jararaca.
20. A pesca é restrita no entorno da ilha
Por fim, por causa de seu endemismo e às propriedades específicas de seu veneno, sua população é constantemente monitorada desde 1984 e seu lar se tornou uma grande reserva natural.
Além disso, a Marinha do Brasil proíbe que a pesca seja realizada no entorno do local, o que também contribui para a preservação da vida aquática.
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