A influencer transgênero muçulmana, Nur Sajat kamaruzzaman, foi presa por autoridades da Malásia por insultar o Islã. Sendo assim, o insulto foi em 2018 durante uma cerimônia religiosa particular.
Portanto, Nur teria feito o uso de um baju kurung. Ou seja, uma roupa tradicional feminina com mangas longas. Somente mulheres malaias usam esse tipo de traje.
Para as autoridades do país, a influencer transgênero muçulmana é vista como um homem. Por isso, ao seguir a lei islâmica, homens não podem usar roupas femininas. Caso contrário, a punição é de até três anos de prisão.
Momento da prisão da influencer transgênero muçulmana
De acordo com Nur Sajat, ela sofreu agressões, como, por exemplo, socos, chutes, empurrões e só depois disso foi presa. A jovem contou ainda que toda a situação aconteceu na frente de seus pais e de outros parentes. Sendo assim, acrescentou também que em todo o momento do anúncio da prisão cooperou com as autoridades. Contudo, a violência contra ela aconteceu do mesmo jeito.
A influencer transgênero muçulmana teve de fugir da Malásia após receber uma abordagem de servidores do Departamento de Assuntos Religiosos do Estado de Selangor (JAIS). É importante ressaltar que a denúncia contra Nur foi feita por este órgão.
Em seguida, a jovem fugiu para a Austrália. Lá, ela conseguiu cidadania. Por ser refugiada, a influencer ficou isenta da extradição e conseguiu sair da Tailândia.
Carreira de Nur Sajat
A influencer transgênero muçulmana começou o seu trabalho nas mídias sociais há sete anos quando se auto divulgava. Portanto, criou suplementos de saúde e produtos de beleza de muito destaque no mercado e também com a sua marca de corset. Por isso, virou uma empresária de sucesso na Malásia.
Nur chamou a atenção de milhares de seguidores virtuais com sua ótima aparência e posts hilários nas mídias sociais. Dessa forma, se tornou rapidamente uma celebridade no País. No entanto, também gerou burburinhos devido ao seu gênero.
No entanto, sua vida pessoal nunca foi um segredo. A influencer muçulmana já entrou e venceu um notável concurso de beleza transgênero. A disputa aconteceu em 2013 na Tailândia. Sendo assim, recebeu um prêmio pela ótima performance na dança.
Ser muçulmana
Nur Sajat é muçulmana praticante e postou fotos com o uso do véu islâmico para mulheres, o famoso hijab. Após a repercussão, a jovem explicou que nasceu com as duas diferentes genitálias. Sendo assim, uma intersexual. Portanto, nesses casos, o tratamento é mais tolerante no Islã para a mudança de um sexo.
A cirurgia havia sido feita em 2017. Além disso, postou uma declaração do médico com a confirmação. No entanto, o Departamento de Desenvolvimento Islâmico (JAKIM) resolveu investigar para saber se ela realmente nasceu intersexual. Ademais, ofereceram auxílio para Nur no que intitularam de “confusão de gênero”.
Por usar roupas femininas em locais religiosos chamou a atenção de mulçumanos conservadores. Por isso, a influencer transgênero muçulmana chegou a pedir desculpas publicamente pelo alvoroço. Porém, um ano depois ela recebeu a informação sobre as acusações criminais.
Nur sobre as acusações criminais
Em entrevista à mídia local, Nur contou que acredita possuir direito de expressar a própria religião da maneira como ela é. Além disso, aponta que não existe razão para que eles a condenem como se estivessem fazendo o trabalho de Deus.
Religião e LGBTQ na Malásia
Segundo o consultor islâmico sênior do Estado de Perlis, na Malásia, Mohammad Asri Zainul Abidin, o caso de Nur não se mistura com outras pessoas transgênero. O motivo, de acordo com ele, é que a jovem provocou a reação das autoridades religiosas.
A Malásia tem um sistema de lei islâmica em 13 estados no País e outros 3 territórios federais. Sendo assim, regulam assuntos morais e familiares para 60% das pessoas muçulmanas. Ou seja, um grande problema para o grupo LGBTQ.
A fundadora do grupo Irmãs no Islã, que trabalha com os direitos das mulheres no Islã e apoiou Nur Sajat, Rozana Isa, também falou sobre o assunto. Segundo ela, há 30 anos a Malásia já foi tolerante com a comunidade transgênero. Porém, houve várias mudanças com a implementação da política de islamização. Portanto, para atrair novos eleitores, o foco sempre é o centro do País, onde vivem famílias conservadoras.
Reflexão sobre a influencer transgênero muçulmana
Além das agressões, Nur também teve de deixar seus dois filhos adotivos para trás, um menino e uma menina. Por isso, as crianças tiveram de ficar sob a criação da família de Sajat na Malásia.
A fundadora de Irmãs no Islã falou ainda e de maneira pública que a população na Malásia seja mais receptiva e madura sobre as mídias sociais. Além disso, ressaltou que Nur não prejudicou ninguém com as postagens e muito menos por estar na Meca. Ademais, ponderou nos policiarmos mais ao invés de policiar os outros.
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