Os jerboas são pequenos roedores que parecem ratos com pernas de canguru. Por causa disso, e normal que saltem por aí quando precisam se movimentar pelo Deserto de Gobi, na Mongólia, onde são encontrados.
Ainda que pareçam ter apenas pernas, e não braços, possuem sim membros superiores. Eles, no entanto, são tão pequenos, que ficam praticamente invisíveis, cobertos sob a pelagem.
Além disso, os joelhos também estão escondidos. Isso significa que articulação que parece um joelho ao contrário é, na verdade, o equivalente ao tornozelo dos humanos.
Salto alto
A parte inferior e comprida das pernas das jerboas não são sua canelas. Na verdade, se tratam do equivalente ao nosso pé. É como se todos os metatarsos de um humano estivessem unidos em um longo osso único. Assim, o que se parece com o pé do animal, é o equivalente a nossos dedos.
Com essa formação peculiar, consegue saltar com facilidade. O tipo de movimento é um ótimo jeito de evitar o contato com as areias da região onde vivem, que são muito quentes. Com uma média de altura de menos de 10 centímetros, esses animais podem pular a até 1,8 m de altura.
Além de contar com as patas, os roedores precisam de uma outra parte fundamental na movimentação. Sem as caudas, não conseguiram se equilibrar ou mudar de direção com agilidade durante a fuga de predadores.
Hábitos das jerboas
As jerboas tem hábitos noturnos, em razão do grande calor diurno dos desertos. Além disso, costumam se alimentar de sementes e insetos pequenos. Quando se alimentam, também consomem o líquido da comida e, portanto, nunca precisam beber água.
Ainda que pareçam agitados, por causa do movimento rápido, passam a maior parte do tempo procurando sementes sob o solo e cochilando. Também gostam muito de tomar banhos de areia, para se limpar. Quando precisam correr, no entanto, conseguem chegar a até 24 km/h.
Preferem fazer suas tocas perto de áreas com vegetação, bem como entre rochas. Isso porque, dessa forma, é mais fácil se esconder dos seus predadores, geralmente aves de rapina.
Movimento singular
A maioria do conhecimento sobre a movimentação de jerboas – e outros animais – vem de análises de padrões em linha reta e velocidades quase constantes, sobre esteiras. Pensando no movimento imprevisível desses roedores, entretanto, Talia Moore, bióloga evolucionista da Universidade de Michigan, decidiu fazer análises diferenciadas.
Para isso, portanto, focaram em uma métrica de aleatoriedade capaz de observar a imprevisibilidade dessa movimentação. Esse, inclusive, foi o primeiro estudo focado em analisar movimentação animal terrestre em espaços tridimensionais.
Graças a uma série de análises em laboratório, a pesquisa percebeu que a espécie muda o passo-a-passo na marcha. Dessa maneira, consegue provocar mudanças frequentes na direção, velocidade e comprimento dos passos e saltos. Assim, se baseia em explosões de aceleração, além de ziguezague e saltos acrobáticos.
Inspiração para robôs
Ao lado de pesquisadores da Universidade de Harvard e da Universidade da Califórnia, San Diego, e um engenheiro mecânico da U-M, Moore fez outras observações. A pesquisadora descobriu que habilidade de fuga dos roedores acontece por conta da marcha diferenciada da espécie.
Ainda que espécies como ratos-cangurus ou ratos saltitantes australianos tenham estruturas semelhantes, somente jerboas conseguem utilizar três padrões de saltos ou marchas. Assim, conseguem se movimentar com pulos, corridas e desvios.
De acordo com as conclusões do estudo, os padrões observados podem inspirar o desenvolvimento de robôs biométricos. Isso porque parte da pesquisa com robôs inclui movimentos previsíveis e suaves. Assim, acrescentar padrões de imprevisibilidade pode ajudar na adaptação de robôs que imitam seres vivos.
Fontes: Mega Curioso, Umich, National Geographic
Imagem de destaque: Cultura Mix