Apesar de algumas narrativas contrárias e forte resistência da oposição, Joe Biden (Partido Democrata), nas vésperas dos seus 78 anos, tornou-se o novo presidente dos Estados Unidos da América. Após uma disputa acirrada contra o atual presidente do país, Donald Trump (Partido Republicano), ele provavelmente deve tomar posse no dia 20 de janeiro de 2021.
Joe Biden foi uma grande aposta do partido Democrata para as eleições presidenciais de 2020. Discreto, experiente e, principalmente, diplomático, ele sempre foi o contraponto ideal à personalidade forte, extravagante e inflexível de Donald Trump. Ou seja, Biden era um dos poucos rostos na política americana capaz de rivalizar com Trump.
A estratégia, sobretudo, funcionou na prática. Com 88% das urnas apuradas, Biden conseguiu ser o candidato mais votado da história do país, conseguindo – até o momento – 75 milhões de votos. O recorde anterior era de Barack Obama, que havia angariado 69,5 milhões de votos, em 2008 – também impressionante.
Apesar disso, é preciso ressaltar que a contagem dos votos – até a data de publicação desse artigo – ainda não terminou nos EUA. Tudo indica que, provavelmente, ela deve se estender até meados de dezembro de 2020. Se você não entende muito bem como funciona as eleições americanas, clique neste link e entenda melhor.
Ainda assim, com a quantidade de urnas apuradas até o momento, Joe Biden já conquistou os 270 delegados necessários para ser considerado o novo presidente. Dito isso, quem é Joe Biden? O Segredos do Mundo fez um artigo especial para você conhecer, e entender, o novo democrata no poder.
Quem é Joe Biden?
Talvez você já tenha escutado falar de Biden muitas vezes na TV, antes de 2020, e certamente isso não foi coincidência. O democrata já esteve na Casa Branca, e não faz muito tempo. Ele foi o Vice-presidente de Barack Obama, em suas duas gestões, de 2009 até 2016.
Apesar disso, engana-se quem acha que a sua carreira se resume à sombra de Barack Obama. Biden está inserido no universo político norte-americano há 50 anos. Esse período está dividido em oito anos como Vice-presidente, duas tentativas falhas de tornar-se presidente dos EUA e 36 anos no Senado.
Ele se denomina como “Joe da Classe Média”, e é conhecido por sua capacidade diplomática. Tanto em política externa, assuntos internacionais, quanto nas pautas norte americanas, Biden certamente esbanja capacidade de negociação. Ele também é conhecido por sua desenvoltura para as conciliações e acordos entre os dois lados – Democratas e Republicanos.
De acordo com a Forbes, o novo presidente dos Estados Unidos possui uma fortuna líquida estimada em 9 milhões de dólares. Além disso, ele é casado com Jill Biden, a nova primeira dama, desde 1977. Com ela tem apenas uma filha, Ashley Biden; sendo seu outro filho fruto do primeiro casamento.
Ele também é advogado, e promete um recomeço para os EUA. Agora que você foi apresentado ao novo presidente dos Estados Unidos, está na hora de conhecer sua origem e história!
Origens de Joe Biden
Primeiramente, Scranton é uma cidade da Pensilvânia, famosa por ser o lar da Dunder Mifflin, empresa fictícia da série de comédia The Office. Além disso, essa é a cidade-natal do novo presidente dos Estados Unidos. Joseph Robinette Biden Jr. nasceu na pequena cidade, em 20 de novembro de 1942.
Sua família tem antecedência irlandesa, com forte cultura católica. Filho de Joseph Biden e Catherine Eugenia, ele é o mais velho entre quatro irmãos – Francis W. Biden, James Brian Biden e Valerie Biden.
O jovem líder mudou-se de Scranton aos 10 anos de idade, logo após seu pai perder o emprego devido à recessão americana, que assolou o país no fim da Segunda Guerra Mundial. Consequentemente, seu novo lar passou a ser Delaware.
Além disso, a década de 1950 não foi muito fácil para o rapaz. O democrata, que no período estudava em colégio de freiras, sofria com a gagueira. Sua dificuldade de fala certamente foi motivo para deboche e piadas. Apesar disso, ele conseguiu superar o problema nos anos seguintes.
Profissão: advogado
Após a infância e a adolescência, Biden tornou-se um adulto promissor. Em 1968, ele se formou em Direito. Logo depois, ele conseguiu o seu primeiro trabalho na área.
O novo presidente dos Estados Unidos podia até não saber naquela época, mas certamente esse trabalho mudaria sua vida para sempre. Ele entrou em uma firma de advocacia de um membro dos Democratas.
Não demorou muito tempo para que o chefe o convidasse para entrar no partido Democrata. E assim Joe Biden fez. Esse foi o primeiro passo na sua carreira política.
Carreira política de Joe Biden
Bastou quatro anos, desde o inicio da carreira política de Joe Biden, para a sua primeira estádia no Senado norte-americano. Em 1972, ele foi eleito senador, com apenas 29 anos. Sobretudo, ele se tornou o segundo americano mais jovem a ocupar o cargo – até aquele momento.
Como resultado desse feito, ele ficou reconhecido nos EUA como o “menino de ouro do partido Democrata”. Antes disso, de 1970 até 1972, ele foi um dos membros do Poder Legislativo norte-americano.
Sua primeira vitória no senado, certamente, tem ligação com as causas defendidas, que foram todas debatidas em conversas cara a cara com os cidadãos – uma vez que não tinha dinheiro para a campanha. Ele defendia pautas como:
- Fim da guerra no Vietnã;
- Defesa do meio ambiente;
- Diminuição dos impostos;
- Ampliação dos direitos civis.
Sobretudo, seus 36 anos no Senado lhe deram muita experiência. Em 1980, ele já era amplamente conhecido no país e tinha um alto índice de popularidade.
Tentativas em corridas presidenciais
Apesar da fama e da força, o “Joe da Classe Média” não conseguiu se tornar presidente dos Estados Unidos em suas duas primeiras tentativas.
Em 1988, um jovem Biden tentou pela primeira vez. Sua popularidade ajudou a receber muitas doações para a campanha. Além disso, ele era visto como um dos candidatos mais promissores e fortes.
Apesar disso, alguns contratempos impedirem que ele seguisse a campanha, terminando com ele se retirando da corrida eleitoral. Além das brigas internas da equipe, outro motivo para a desistência foi um discurso plagiado que acabou pegando muito mal.
Anos depois, no fim da era George W. Bush, ele tentaria mais uma vez o maior cargo público dos EUA – e segundo alguns, do mundo. Em meio a uma recessão, e após duas guerras no Oriente Médio, o experiente senador achou que era o momento de tentar de novo.
Novamente, ele não alcançou a intenção de votos necessários nas primárias do partido Democrata. Consequentemente, ele mesmo desistiu da candidatura novamente.
Vice-presidente
Certamente, os americanos acharam que era o fim, mas ainda estava longe de ser. Meses depois de desistir da corrida presidencial, ele foi convidado por Barack Obama para ser o seu vice-presidente. Obviamente, o convite foi aceito e, sobretudo, a parceria foi um sucesso.
Durante os oito anos no cargo, Biden foi destaque em certas questões, principalmente pela sua capacidade de negociação. Acima de tudo, ele foi o responsável por tomar conta da Guerra no Iraque.
Além disso, ele foi o responsável por aprovar grandes políticas de governo. O principal destaque vai para uma das maiores conquistas do governo Obama: Obamacare, o sistema de saúde pública dos EUA.
Riqueza de Joe Biden
Certamente, o Joe da Classe Média já deixou de ser da classe média há muitos anos. Inicialmente, ele ganhava cerca de 42 mil dólares por ano, como senador. Nos seus últimos anos como senador, esse valor já havia subido para 174 mil dólares por ano.
Logo depois, quando se tornou vice-presidente, seu salário passou para 230 mil dólares por ano. Apesar disso, nos primeiros anos de carreira, ele era conhecido como o membro mais pobre do Senado.
Mas, o seu crescimento financeiro não aconteceu devido ao alto salário. Sobretudo, ele investiu em outros campos.
Mercado imobiliário
Primeiramente, a maior renda de Joe Biden advém dos seus investimentos no mercado imobiliário. Além de comprar imóveis, ele também os aluga. Inclusive, ele iniciou essa trajetória ainda bem jovem, logo quando enveredou pela política.
Livros
Joe Biden também lucra com a venda dos seus dois livros. Eles são Promises To Keep (2007) e Promises Me, Dad (2017). O segundo já vendeu mais que 200 mil exemplares, estando no topo da lista de mais vendidos americana por algum tempo.
Palestras
Uma das fontes de renda de Joe Biden são as palestras que ministra com frequência nas últimas décadas. Além disso, ele tem conta poupança e também possui alguns investimentos na Bolsa de Valores.
Novos ganhos
Finalmente, como presidente dos Estados Unidos, Joe Biden irá ganhar muito mais. O salário será de 400 mil dólares por ano. Além disso, recebe 50 mil dólares para ajudar em todas as despesas relacionadas ao cargo.
Tragédias pessoais de Joe Biden
A vida de Joe Biden, certamente, está longe de ter sido apenas flores. O Joe da Classe Média já passou por imensas tragédias e perdas pessoais.
A primeira aconteceu em 18 de dezembro de 1972, logo após ser eleito senador pela primeira vez. Naquele infame dia, Biden recebeu uma ligação de seu irmão, informando que sua primeira esposa, Neilia, e sua bebê de um ano, Naomi, haviam morrido em um acidente de carro.
Além disso, seus outros dois filhos – Beau, 3 anos, e Hunter, 4 anos – também estavam no acidente. Apesar dos ferimentos, os dois se recuperaram e sobreviveram.
Décadas depois, em 2015, Joe Biden passou pelo luto trágico novamente. Dessa vez, seu filho Beua, o mais velho, morreu vítima de um câncer, aos 46 anos de idade.
Polêmicas envolvendo Joe Biden
Finalmente, Joe Biden está longe de nunca ter se envolvido em polêmicas. Entre plágios e caso de abuso sexual, certamente, Joe da Classe Média teve que suar a camisa para manter sua integridade frente à uma nação.
Plágios
Como já foi dito anteriormente, Joe Biden abandonou a sua primeira campanha presidencial devido à acusação de plágio em sua campanha. Em um debate em Iowa, ele recitou uma passagem do discurso do líder do Partido Trabalhista britânico da época, Neil Kinnock, sobre a classe trabalhadora. A polêmica, sobretudo, envolveu o fato dele não citar a fonte original.
Um adversário do partido oposto notou o plágio e fez questão de falar sobre isso. Consequentemente, um caso da vida universitária de Biden veio à tona: ele copiou trechos de um outro artigo acadêmico em seu próprio, sem atribuir à fonte original. Certamente, ele tinha problemas em citar os autores originais em sua juventude!
Sexismo
Em 1991, Joe Biden presidia o Comitê Judiciário do Senado. Nesse período, Anita Hill, professora de Direito na Universidade de Oklahoma na época, acusou Clarence Thomas, segundo negro indicado à Suprema Corte, de assédio sexual várias vezes.
O acusado reagiu, afirmando em depoimento que havia um “linchamento promovido por negros arrogantes”, termo historicamente racista nos EUA.
Por fim, Biden, ao lado dos companheiros democratas, precisavam decidir qual versão estava certa. Acontece que, devido a maioria dos colegas, eles optaram pela versão de Thomas.
Isso foi usado muitas vezes, em argumentos contra Biden. Nesse momento de sua história política, por medo de ser acusado de racismo contra um homem negro na suprema corte, eles não deram nenhuma chance à Anita Hill, pendendo para o sexismo.
Enfim, a história de Anita Hill virou filme pela HBO. Em 2016, Kerry Washington viveu Anita Hill no telefilme Confirmação.
Contra as minorias
Inicialmente, desde as décadas de 1980 e 1990, Joe Biden sofria acusação de alguns pares da sociedade de ir contra as minorias, mesmo defendendo publicamente os direitos civis.
Em resumo, alguns dizem que ele apoiou políticas contra o aumento de crimes violentos e relacionados às drogas, nas duas décadas citadas acima, que afetaram minorias étnicas – de forma ruim.
Em 1988, ele apoiou a Lei Antidrogas, com penas mais duras para quem usasse certos tipos de drogas muito comuns em bairros habitados por minorias étnicas.
Além disso, ele criou um projeto de lei, em 1994, que expandiu as sentenças mínimas e aumentou o financiamento federal para departamentos de polícia e prisões.
Em síntese, essa lei citada por última, é vista como uma das responsáveis pelos EUA ter uma das maiores populações carcerárias do mundo, como também um agravante nas ações policiais racistas que tanto se vê nos jornais.
Assédio sexual
Apesar de ter criado a Lei da Violência Contra a Mulher, Biden já foi acusado de má conduta com as mesmas. Pouco antes da campanha eleitoral de 2020, ele foi acusado publicamente por várias mulheres por um mau comportamento para com elas. Elas acusavam ele de tocá-las de forma intima, e constrangê-las com uma postura nada convencional.
Sobre isso, ele gravou um vídeo em que pediu desculpas e afirmou que seria mais respeitoso com as mulheres, dali para frente.
Ainda pior, em março deste ano, foi a acusação de abuso sexual, vinda de Tara Reade. Meses depois, ele se pronunciou e afirmou que as alegações eram falsas. As próprias investigações da mídia americana encontrou erros e contradições na acusação da moça.
Ainda assim, a acusação foi suficiente para levantar suspeitas e burburinhos. Acima de tudo, se tornou arma política na mão dos adversários.
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Fontes: BBC, The Cap Finanças, Correio do Povo, Eldo Gomes e G1.
Fontes das imagens: I44News, DW, Vaticano News, The Focus, BBC, Time, New York, Mundo ao Minuto, Vanity, ABC News, Vanity 2, NPR, Suno e Folha.