O desvio de septo é uma condição caracterizada pelo desalinhamento do septo, que desenvolve-se de maneira tortuosa ao invés de reta. A estrutura separa as duas narinas com uma espécie de “parede” formada de osso e cartilagem.
Apesar de atingir cerca de 25% da população mundial, o problema só precisa de intervenção quando apresenta sintomas graves, como dificuldades para respirar. Nos casos em que esse desvio é mais intenso, a correção cirúrgica é a única forma de intervir na tortuosidade do septo de maneira eficaz.
Na maioria dos casos, no entanto, os sintomas costumam ser mais contidos. Dessa maneira, muitos pacientes podem viver com a condição sem nem saber que a possuem.
Causas do desvio de septo
A condição pode sugerir tanto antes como depois do nascimento do indivíduo. Em casos de traumas no parto ou alterações no desenvolvimento dentro do útero, por exemplo, algumas microfraturas podem danificar a cartilagem. Sendo assim, o crescimento da área acontece de maneira anormal, gerando o desvio.
Já em pacientes que nascem com o septo intacto, lesões traumáticas ao longo da vida podem gerar os danos. A intensidade do desvio de septo, nesses casos, tende a ser inversamente proporcional à idade do paciente.
Isso porque, durante a infância e especialmente fase de estirão de crescimento na adolescência, mesmo lesões leves podem influenciar no padrão de desenvolvimento da cartilagem local.
Sintomas
Os sintomas só costumam aparecer em pacientes com desvio de septo mais acentuado. Dessa maneira, muitos indivíduos nem mesmo descobrem que tem essa alteração de desenvolvimento ao longo da vida.
Dependendo da intensidade, pode haver diferença no tamanho das cavidades do nariz. Com uma mais longa que a outra, então, o fluxo de ar sofre alterações, podendo passar por momentos de obstrução de ar com frequência.
Essa influência no fluxo de ar também pode levar a um ressecamento da mucosa do septo nasal. Nesses casos, então, é comum que ocorram episódios de sangramento nasal ou mesmo quadros de sinusite de repetição.
Diagnóstico
Para um diagnóstico preciso de desvio de septo, o médico irá analisar histórico de traumas na região, bem como sintomas e uma análise visual da cavidade nasal. Para isso, a especialização apropriada na hora da consulta é a otorrinolaringologia.
O desvio é facilmente percebido com a ajuda de um espéculo nasal. A ferramenta permite que a narina fique aberta para uma inspeção apropriada da área interna do nariz. Em casos mais delicados, o médico pode optar por inserir uma microcâmera no nariz, a fim de analisar o septo posterior.
Tratamentos e cirurgia para desvio de septo
Quando os sintomas são leves e pontuais, o médico pode sugerir um tratamento com medicamentos que aliviam o problema. Entre eles, estão corticoides intra-nasais, anti-histamínicos e lavagens com soro fisiológico.
Entretanto, casos mais graves só podem ser tratados com cirurgia de correção do desvio, a septoplastia.
A correção do desvio de septo é realizada com aplicação de anestesia local ou geral e dura cerca de 60 a 90 minutos. Dependendo da gravidade do caso, as partes com desvio podem ser reajustadas ou completamente removidas do nariz.
O principal objetivo da intervenção cirúrgica é eliminar a obstrução dos canais nasais, promovendo melhoria da respiração e reduzindo sintomas de inflamações como a sinusite crônica. Quadros de problemas com origem alérgica, como a rinite, por exemplo, podem não sofrer alterações.
A recomendação é esperar pelo menos até 15 ou 16 anos de idade para realização da cirurgia, uma vez que antes disso o desenvolvimento da face ainda está ocorrendo.
Pós-operatório
Em média, o paciente que operou desvio de septo recebe alta cerca de três a quatro horas após a cirurgia. É comum que o rosto não sofra com inchaço ou aparição de manchas, caso o procedimento também não inclua rinoplastia.
Durante um período de 5 a 10 dias (dependendo do método utilizado), o paciente ainda deverá respirar pela boca, utilizando um tamponamento nasal. Nesse período, também é comum perceber alguma quantidade de muco ou sangue escorrendo pelas narinas ou pela boca.
Entre os principais cuidados, não deve-se tocar no nariz, assoar ou fazer esforço físico. Além disso, a alimentação deve ser pastosa e fria e o paciente não pode nem mesmo viajar de avião.
Também é recomendado utilizar camisas com botão, para que elas não passem pelo nariz na hora de vestir.
Fontes: Drauzio Varella, MD Saúde, Saúde Bem Estar, Fernanda Philippi
Imagens: ENT New York, Sepam, Medical News Today, Westside Head & Neck, Sinus Center, ct scan machine