Mulheres magras, com barrigas negativas e cinturas finas; homens com abdômen tanquinho e braços fortes. Ser magro é o padrão de beleza reconhecido mundialmente (embora com algumas pequenas variações segundo as culturas) e você, provavelmente, tenta ou já tentou se encaixar nele. Não é mesmo?
Mas, porque será que ser magro é sinônimo de beleza? Quem disse que uma mulher com curvas e dobrinhas não é tão bonita quanto uma supermodelo longilínea, alta e com coxas finas?
Gordurinhas já foram desejáveis
Em entrevista à revista Superinteressante, a coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza e representante da Fundação Dove para a Autoestima no Brasil, a psicóloga Joana de Vilhena Novaes, explicou que o padrão de beleza está longe de estar apenas ligada à saúde. O conceito de beleza está estritamente ligado a status social e ao que está disponível apenas a uma pequena parcela da população.
Não entendeu? Então vamos voltar um pouco no tempo, mais exatamente no século 17, quando a oferta de comida era escassa e morrer de fome não era algo comum entre a maior parte da população.
Nessa época, por incrível que pareça, o padrão de beleza era o rosto redondo, coxas e quadris largos e algumas dobrinhas. Ser magro era coisa de plebeu e nem passava pela cabeça dos ricos restringir a quantidade de calorias ingeridas.
Ser magro x minoria
Por outro lado, hoje em dia, a maior parte das pessoas tem acesso a comida, especialmente à industrializada, rica em gorduras, açúcares e toda a espécie de aditivos que você já conhece. Além disso, para conseguir tudo o que você quer, é preciso apenas ir ao supermercado, escolher, pagar e armazenar na geladeira por longos períodos.
Logo, quando grande parte não tem mais problemas para conseguir se alimentar, ser magro é coisa para poucos. Como todo mundo sabe, é difícil resistir à tentação de se jogar nas calorias disponíveis por aí, no fast food e em tudo o mais que o a indústria alimentícia lança e é difícil também se manter em forma, comendo alimentos orgânicos, livres de gorduras ruins, lactose, glúten e assim por diante.
Isso, claro, sem contar o dinheiro necessário para as cirurgias estáticas, que deixam as pessoas ainda mais próximas à perfeição. Ou seja, ser magro, simplesmente, não conta. É preciso ser perfeito, ter o corpo tonificado, livre de imperfeições como celulite, estrias e assim por diante.
Imposição social
Entendeu o dilema? Mas o problema não é somente esse.
O fato de ser magro para ser bonito também tem muito a ver com a necessidade de aceitação da mulher na sociedade. Pelo menos é isso que a jornalista americana Naomi Wolf explica em seu livro O Mito da Beleza.
Segundo ela, a partir do momento que a mulher passou a fazer parte, ativamente, da sociedade, trabalhando, assumindo postos de liderança e assim por diante; novos desafios e barreiras foram impostas a elas. O mito da beleza e da juventude prolongada, as dietas malucas, o fato de passarem vontade de comer alguns alimentos, as cirurgias e assim por diante, estão ligados, diretamente, com a necessidade da mulher ser aceita.
Homens x Mulheres
Claro que os homens também sofrem pressão social para serem bonitos e apresentarem corpos esculturais, mas de uma forma menos intensa. Ninguém condena um homem por estar bebendo ou comendo algo gorduroso. As pessoas até exaltam a beleza masculina quando os cabelos do homem começam a ficar platinados.
Enquanto isso, se uma mulher bebe ou come, se não tinge os fios brancos, ela é mal vista. De alguma forma, ter vontades e envelhecer é entendido como algo ruim, como um desleixo. Dá para entender?
Esse assunto, obviamente, é muito mais complexo e renderia inúmeras páginas de discussão, mas, basicamente, são os parâmetros que discutimos aqui que definem, hoje em dia, que ser magro é desejável. Por mais que a maioria de nós não tenha consciência de tudo isso.
E você, o que acha do que acabamos de postar? Acredita que é preciso ser magro para ser bonito? Você se encaixa no padrão de beleza atual ou já tentou (tenta) se encaixar nele?
Agora, falando em ditadura da beleza, essa mulher é um exemplo de quem não dá a mínima para padrões. Aliás, ela está, definitivamente, “nadando contra a corrente”, como você confere a seguir: Ela engordou 140 kg para ficar famosa na internet.
Fonte: Superinteressante
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