A representação do rosto de Cristo levanta discussões polêmicas e controversas há séculos. Na verdade, desde o início do desenvolvimento do Cristianismo, pesquisadores e religiosos tentam chegar a um consenso sobre essa imagem.
A princípio, a adoração de imagens era refutada por cristãos primitivos, bem como pelos judeus. Sendo assim, a missão de interpretar e retratar o rosto de Jesus acabou caindo na mão de artistas, nos séculos seguintes a sua morte.
Desde meados do século III até os dias atuais, a discussão perdura e tem vertentes diferentes tentando explicar e definir os verdadeiros traços de Cristo,
História da retratação
A primeira representação histórica comprovada do rosto de Cristo traz, na verdade, uma imagem depreciativa. Encontrada na parede do Pedagogium, a antiga escola da guarda imperial, a imagem provavelmente foi feita por algum soldado romano que não seguia Jesus. Isso porque, no desenho, o homem crucificado tem a cabeça de um asno.
No mesmo período, há poucas imagens e símbolos que buscam retratar o rosto de Cristo, uma vez que a idolatria de retratos não era uma prática religiosa comum dos primeiros cristãos. Ao invés disso, os religiosos se apegavam a sinais como as iniciais do nome de Jesus, bem como o desenho de peixes.
A partir do século III, então, o Cristo na forma humana passou a integrar os símbolos cristãos. Essa era uma forma de promoção e divulgação da recente religião, especialmente por meio da imagem de Cristo em meio aos animais.
Popularização do rosto de Cristo
A imagem popularizada do rosto de Cristo demorou séculos para acontecer. Foi só em 1924 que o ilustrador Warner Sallman criou a arte com Jesus jovem, barbado, com cabelo nos ombros e olhos claros.
Na época, Sallman prestava serviço como ilustrador para publicações religiosas e precisou desenhar o rosto de Cristo. A imagem criada pelo artista ficou tão popular que passou a ser reproduzida em igrejas, escolas e residências por todo o mundo. No entanto, a primeira versão do desenho era apenas um desenho feito de carvão.
Foi somente em 1940 que ele fez uma nova arte, dessa vez uma pintura a óleo. Essa nova versão, então, ficou praticamente oficializada como o verdadeiro rosto de Cristo ao redor de todo o mundo. Estima-se que a pintura tenha sido reproduzida pelo menos 500 milhões de vezes.
Controvérsia
A arte de Sallman é a principal responsável por popularizar o rosto de Cristo como um homem de cabelos claros e olhos azuis, mas não foi a primeira a pensar no Messias dessa maneira. Isso porque a ideia de um Jesus de pele clara já era difundida na Idade Média.
Na época, tons mais escuros de pele passaram a ganhar conotações negativas na sociedade, distanciando a imagem de Jesus dessas noções. Assim, o avanço do Cristianismo pela Europa contribuiu para associar Jesus a um homem de tom de pele mais claro. Uma vez que o rosto de Cristo fosse mais semelhante com o da população, a conversão e aceitação da religião seria mais eficiente.
Entretanto, essa retratação traz uma série de polêmicas. Pesquisadores defendem que seria praticamente impossível que o rosto de Cristo tivesse tons claros, considerando a época e região em que viveu.
Na Bíblia, não existem registros que apontem definições que possam sustentar quaisquer teorias, mas os indícios geográficos sugerem que cabelos, olhos e peles de Jesus tinham tons escuros.
Reprodução do rosto de Cristo
Diante da curiosidade para uma reprodução fiel, o fotógrafo holandês Bas Uterwijk incluiu o rosto de Cristo em um de seus projetos. Uterwijk atua como fotógrafo há 14 anos e também tem experiência com efeitos especiais, animação 3D e computação gráfica.
Sendo assim, o artista desenvolveu um projeto que mescla inteligência artificial e redes neurais para conseguir criar rostos a partir de estátuas, desenhos e outras imagens de referência.
Além de reproduzir o rosto de Cristo, Uterwijk já criou imagens de apresentação de outros nomes históricas, como Davi de Michelangelo, Billy the Kid e até mesmo a Estátua da Liberdade.
Fontes: Obvious Mag, História do Mundo, UOL
Imagens: Atheist Cartoons, His Kingdom, Dick Stannard, Ancient Faith Ministries, Aventuras na História