O vegetarianismo e o veganismo tem ganhado cada vez mais adeptos na sociedade. Isso porque as pessoas estão buscando mais informações sobre os efeitos do consumo de carne e outros produtos de origem animal. Ainda que pareça difícil cortar o ingrediente por completo do cardápio, existe um pequeno projeto capaz de provocar grandes transformações: a campanha Segunda Sem Carne.
Assim como o nome indica, o projeto propõe a redução do consumo de carne em apenas um dia da semana. Além de focar em preservar o meio ambiente e melhorar a saúde das pessoas, o programa também propõe aumentar o consumo de frutas, verduras e leguminosas.
A segunda-feira foi escolhida, exatamente, por marcar o início da semana. Uma vez que a maioria das pessoas já escolhe o dia como momento ideal para começar novos hábitos, há mais abertura para o projeto.
História
Atualmente, a Segunda Sem Carne é um projeto de mais de 40 países, como Estados Unidos, Reino Unido e Brasil. A fim de ganhar ainda mais relevância e destaque, a campanha já conseguiu o apoio de diversos líderes internacionais, celebridades e empresas.
O projeto surgiu durante a Primeira Guerra Mundial, durante a dificuldade de fornecimento de alimentos para tropas. Dessa maneira, a U.S. Food Administration, responsável pelos estoques teve uma ideia.
O plano consistia em incentivar família a reduzir o consumo de alguns alimentos, que seriam enviados para os militares. Assim, nasceram os projetos Segunda Sem Carne e Quarta Sem Trigo. Durante a Segunda Guerra Mundial, a campanha voltou a acontecer.
Foi em 2003, então, que Sid Lerner reviveu a ideia nos Estados Unidos, na intenção de prevenir problemas de saúde provocadas pelo consumo excessivo de carne.
Segunda Sem Carne no Brasil
No Brasil, a campanha ganhou força e desdobramentos por meio de projetos governamentais. Em São Paulo, por exemplo, desde 2011 acontece o projeto da Alimentação Escolar Vegana. Por meio dele, alunos da rede pública de ensino se alimentam de refeições livres de ingredientes com origem animal. Com a medida, cerca de 1 milhão de alunos são atingidos, o que garante uma economia de 436 toneladas de carne por ano.
Além disso, a transformação também acontece em restaurantes populares, assim como o Bom Prato. Nas unidades do restaurante, por exemplo, as segundas-feiras oferecem apenas proteína vegetal, ao invés de animal. Só para ilustrar o impacto, em 2017, o consumo de carne foi reduzido em 34 toneladas.
Ao mesmo tempo, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) luta para que mais programas de governo apoiem a iniciativa. Dessa forma, eles acreditam, haverá benefícios para as pessoas, para a natureza e para os animais.
Motivos para aderir
Preservação de animais
Anualmente, mais de 70 bilhões de animais são mortos no mundo tudo. Isso porque os números falam apenas sobre animais terrestres, não incluindo os animais marinhos que também têm o mesmo destino. No Brasil, por exemplo, o último relatório do IBGE sobre animais abatidos tem dados alarmantes. A cada segundo, morre 1 boi, 1 porco e 190 frangos.
Pecuária
Além de ser responsável por abater os animais, a pecuária tem outros impactos no meio ambiente. A atividade consome muita água, grãos para ração, combustíveis fósseis, pesticidas e drogas. Além disso, para se produzir apenas 1 kg de carne bovina, cerca de 335 kg de CO2 são emitidos na atmosfera. Dessa maneira, produzir um quilograma de carra é equivalente a dirigir um carro por cerca de 1.600 quilômetros, o equivalente a dirigir de Brasília até Porto Alegre.
Saúde
Pesquisas nutricionais sugerem que desenvolver dietas com base vegetal poderia reduzir o número de mortes do mundo em até 8 milhões, até 2050. Não é à toa, por exemplo, que grupos como a Associação Dietética Americana e Nutricionistas do Canadá, American Institute for Cancer Research, American Heart Association, Food and Drug Administration, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos recomendam dietas sem carne. A alimentação vegetal pode evitar condições como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, obesidade, diversos tipos de câncer e diabetes.
Condições sociais
Para alimentar os animais abatidos, 60% do milho e da cevada e 97% do farelo de soja do mundo se destina à ração. Portanto, a quantidade de grãos poderia fazer a diferença no combate à fome de mais um bilhão de pessoas nessa condição. Da mesma forma, as áreas destinadas a criação de animais poderiam ser convertidas em plantações para alimentação humana.
Além disso, de acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a situação dos trabalhadores no ramo é terrível. Isso porque, segundo a CPT, 51% dos casos de trabalho escravo estão ligados ao ramo da pecuária.
Fontes veganas de proteínas
Na hora de cortar a carne da dieta, muita gente pode ficar sem referência de proteínas vegetais. Primeiramente, é importante destacar que a mudança radical na dieta deve ser acompanhada por um nutricionista. Entretanto, para quem tem curiosidade de saber que opções de proteína estão disponíveis para veganos, podemos listar alguns exemplos.
- Quinoa
- Folhas verdes
- Tofu
- Ervilhas
- Brócolis
- Sementes de cânhamo
- Feijões
- Cogumelos
- Lentilha
- Abacate
- Chia
- Nozes
- Tempeg
- Trigo
- Soja
- Grão de bico
Fontes: SVB, Awebic, UFRGS, Extra
Imagens: Independent, imgur, Socientifica, Rio Negro, Paradigma Matrix, Sentient Media, Farofa Magazine, My Vega