Conhecido com Tebas, Joaquim Pinto de Oliveira foi responsável por várias obras na arquitetura paulistana. Entretanto, só foi reconhecido como arquiteto 200 anos após a sua morte.
Nascido em Santos, em 1721, filho de Clara Pinta de Araújo, com uma provável origem africana, Tebas foi escravizado ainda jovem por um mestre de obras português chamado Bento de Oliveira Lima. Foi levado para São Paulo e, com ele, Joaquim começou a reforma da Catedral da Sé, em torno de 1750.
Bento faleceu antes mesmo da obra terminar. Posteriormente, Tebas foi vendido para a igreja, pela família do mestre de obras, que se encontrava com dívidas.
Em síntese, o uso de pedras no trabalho de Joaquim revitalizou São Paulo. Até então, as obras da cidade eram erguidas com taipas, construções de barro que tinham formatos estéticos limitados.
A história de Tebas
Tebas tinha um grande talento em cantaria, a arte de talhar pedras para serem usadas em construções, e além disso, ele ajudava a criar projetos para edificações, principalmente as religiosas. Assim, alguns acreditavam que suas habilidades tinham sido herdadas da provável família africana.
Foi a partir de suas técnicas que Joaquim ficou reconhecido. Ainda escravizado, trabalhou em algumas obras, e por fim conseguiu sua alforria aos 58 anos, após processar a esposa de Bento. Para isso, ele recebeu o apoio de alguns religiosos para quem trabalhou.
Entretanto, existem algumas histórias que afirmam que Tebas trabalhava de forma autônoma, assinando contratos, mesmo estando escravizado. Dessa forma, ele conseguiu comprar a própria liberdade – trocando-a em projetos. Outros relatos também dizem que o próprio Bento lhe deu a alforria em testamento.
Em suma, Tebas deixou sua marca não só na arquitetura paulista, como também na cidade escravocrata.
Mesmo livre, Joaquim continuou a trabalhar com arquitetura até falecer. É ele o responsável pelo primeiro chafariz público de São Paulo. O local possuía um sistema onde era canalizado as águas do ribeirão Anhangabaú. O chafariz acabou se tornando um ponto de encontro de escravos que saíam para buscar água para seus senhores e aproveitavam para conversar sobre Joaquim Pinto, o escravo alforriado que construíra o chafariz.
Tebas faleceu em 1811, com 90 anos, e deixou toda a sua história para trás, entrando para o esquecimento. Um século depois, sua existência começou até mesmo a ser questionada.
Foi apenas em 2018 que recebeu, como homenagem, o reconhecimento como arquiteto pelo Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (SASP). Sua história chegou a ser usada de inspiração para o compositor e cantor Geraldo Filme, que escreveu um samba, em 1974, baseado na vida de Joaquim.
Suas obras arquitetônicas
Mesmo com a morte de Bento, Tebas terminou a reforma da antiga Catedral da Sé, que foi demolida em 1911. O chafariz público se manteve na capital paulista até 1886, quando foi retirado após o processo de canalização de água.
Seu trabalho era cuidadoso e bem feito. Por isso, Tebas passou a se tornar bastante reconhecido na cidade e disputado por várias ordens religiosas.
Foi ele o responsável pela ornamentação da antiga igreja do Mosteiro de São Bento, em 1766. Também participou da construção da Igreja da Ordem Terceira do Carmo, em 1777, e da Igreja das Chagas do Seráfico Pai São Francisco, em 1783. As duas últimas, aliás, ainda estão em pé, no centro de São Paulo.
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Imagens: Governo de São Paulo, Google, São Paulo in Foco.
Fontes: Hypeness, VejaSP, CasaVogue, Saopauloinfoco, Elpais.