De acordo com os dicionários de língua portuguesa, tédio é uma sensação de desgosto ou aborrecimento sem causas evidentes. Em alguns casos, a sensação de desânimo também está associada à espera longa e monótona por algo.
Por outro lado, uma recente pesquisa deu uma nova definição à palavra. Segundo os estudos de James Danckert, professor de neurociência cognitiva na Universidade de Waterloo, em Ontário, a sensação se resume na “experiência adversa de querer, mas não conseguir, exercer uma atividade gratificante”.
Sendo assim, podemos classificar como tediosa qualquer situação que envolve alguma dificuldade com estímulos. Em contraste com a apatia, o tédio conta com alguma motivação para obter satisfação, mas nenhuma atividade que possa suprir o desejo.
Principais sintomas do tédio
Primeiramente, é preciso esclarecer que o tédio não esta associado a nenhuma condição patológica, vírus, bactéria ou outra parasita. Ele se manifesta quando há dificuldade em reagir ao desânimo e falta de estímulos de satisfação e gratificação, ou mesmo em lidar com o fracasso.
Existem diversos fatores que podem contribuir para a condição, mas não necessariamente o sujeito entediado pode ser culpado pelo sentimento.
Uma vez que não é propriamente uma doença, é difícil apontar sintomas gerais para o tédio, mas há indicadores comuns. Entre eles, é possível mencionar o desânimo para realizar atividades rotineiras, bem como desinteresse e desânimo diante da realidade. Em situações normais, esses sinais não perduram, mas quando são recorrentes, podem indicar um quadro de depressão.
De acordo com Danckert, pacientes com depressão não respondem da mesma forma a tratamentos que buscam a realização de atividades prazerosas em pacientes entediados.
Morrer de tédio
Um estudo feito pela University College London, no Reino Unido, analisou mais de 7 mil funcionários públicos durante a década de 80. Entre 1985 e 1988, os trabalhadores foram entrevistados pela primeira vez e retornaram para o estudo em 2009.
No retorno, a pesquisa detectou que aqueles que relatavam tédio frequente apresentaram 37% mais chance de morte do período. Dessa maneira, os autores da pesquisa relacionaram o tédio ao risco de morte, especialmente pela correlação com a depressão e outras condições de saúde.
Outras curiosidades
Lesões cerebrais: Danckert também explica que pacientes com tédio apresentam mais disposição a lesões na região do córtex frontal do cérebro. A região é responsável por realizar funções importantes, como de autocontrole.
Tecnologia: ainda que existam muitas relações entre tédio e tecnologia, não há comprovação científica que conecte o uso de dispositivos tecnológicos com a condição.
Cura: não existe uma cura científica para o tédio, mas há formas de aliviá-lo. Danckert defende que o cérebro pode ser treinado para que algumas tarefas pareçam menos maçantes. Para isso, é preciso tentar atribuir significados mais profundos aos fazeres, enxergando além do que eles podem oferecer na superfície.
Fontes: Brasil Escola, Mega Curioso
Imagens: Metro Parent, How Stuff Works, Whyy, Forbes