Todos os anos, milhões de muçulmanos vão até a cidade sagrada saudita de Meca para a peregrinação do hajj. Todavia, essas cerimônias massivas representam um grande desafio de segurança e logística para as autoridades da Arábia. Ocasionalmente, a Grande Peregrinação e os eventos que a cercam foram marcados por acidentes e tragédias, como a debandada do hajj.
O hajj é um dos cinco pilares do Islã, portanto todos os muçulmanos saudáveis são obrigados a realizá-lo ao menos uma vez na vida. Além disso, o hajj é visto como uma oportunidade de limpar os pecados do passado e começar de novo.
Confira abaixo uma linha do tempo com as tragédias que aconteceram nos últimos 40 anos durante a peregrinação do Hajj.
Eventos mortais e tragédias da história do hajj
Incêndio em Mina
Em dezembro de 1975, um incêndio em uma cidade de tendas em Mina, alguns quilômetros a leste de Meca, matou cerca de 200 pessoas durante as celebrações do hajj. Conforme as autoridades, o incêndio foi causado pela explosão de um tanque de gás dentro de uma tenda em uma área onde a maioria dos muçulmanos turcos e nigerianos estavam acampados.
Ataque terrorista
Quatro anos depois, em dezembro de 1979, várias centenas de militantes armados invadiram a Grande Mesquita no último dia do Hajj, levando milhares de peregrinos como reféns e exigindo que seu líder fosse reconhecido como o messias. Como resultado, mais de 230 pessoas foram mortas.
Protesto xiita
Alguns anos mais tarde, em julho de 1987, peregrinos xiitas iranianos realizaram uma manifestação na véspera do Hajj na Grande Mesquita de Meca. Todavia, o protesto saiu do controle quando as forças de segurança sauditas tentaram suprimi-lo. Então, mais de 400 pessoas, a maioria xiitas iranianos, foram mortas durante o motim que durou horas.
Atentado à bomba
Duas bombas explodiram em julho de 1989 durante o hajj anual, matando um e ferindo mais de uma dúzia de pessoas. Mais tarde, a Arábia Saudita condenou 16 muçulmanos xiitas do Kuwait por plantarem as bombas e os decapitou em público. Ademais, as autoridades sauditas culparam o Irã por ordenar os ataques. No entanto, o Irã negou a acusação.
Asfixia no túnel de Mina
Certamente, a pior tragédia do haj da história ocorreu em julho de 1990, quando 1.426 pessoas morreram dentro de um túnel de pedestres que ia de Meca à cidade de Mina. Com efeito, muitos morreram sufocados. Além disso, na época, as autoridades sauditas culparam os peregrinos por não “seguirem as instruções de segurança”.
Apedrejamento de Satanás
Um ritual comum durante o hajj é o “Apedrejamento de Satanás”. Para esclarecer, nele, os peregrinos jogam pedras nos pilares que representam o diabo. Contudo, em maio de 1994, durante o ritual, cerca de 270 pessoas foram mortas enquanto uma multidão avançava para uma área parcialmente fechada na cidade de Mina.
Por este motivo, o apedrejamento é considerado um momento de alto risco durante a peregrinação, por ser palco de várias tragédias do hajj, como você verá a seguir.
Incêndio em Mina
Em abril de 1997, um incêndio matou mais de 300 pessoas e feriu mais de 1.000 em uma cidade de tendas de peregrinos em Mina, perto de Meca. O incêndio foi supostamente iniciado pela explosão de botijões de gás de cozinha e propagado devido a ventos fortes. No entanto, testemunhas disseram que muitas das mortes foram, na verdade, causadas por uma corrida de pessoas em pânico.
Apedrejamento de Satanás
O ritual do apedrejamento de Satanás fez mais vítimas em abril de 1998. No último dia do Hajj daquele ano, pelo menos 118 pessoas foram mortas na Ponte Jamarat, uma passarela elevada que ficou lotada durante o rito. Por este motivo, diversas pessoas foram pisoteadas enquanto outros caíram para a morte. O incidente começou quando pessoas tropeçaram em bagagens que haviam caído na ponte.
Apedrejamento de Satanás
Outros 35 peregrinos morreram pisoteados em março de 2001, novamente durante o ritual “Apedrejamento de Satanás”. Por conseguinte, o então Ministro do Interior da Arábia Saudita, Príncipe Nayef bin Abdul Aziz, admitiu que as autoridades sauditas têm responsabilidade parcial por não terem organizado adequadamente o grande evento.
Acidente de trânsito
Em dezembro de 2001, um ônibus que transportava principalmente peregrinos egípcios que voltavam de Meca saiu da estrada no sul da Jordânia, matando todas as 52 pessoas a bordo. Desse modo, autoridades jordanianas disseram que o acidente aconteceu devido a uma falha nos freios dos veículos, que trafegava numa estrada montanhosa cheia de curvas perto de Aqaba.
Apedrejamento de Satanás
Dois anos depois, em fevereiro de 2003, 14 peregrinos muçulmanos foram mortos em uma debandada durante o ritual “Apedrejamento de Satanás”, quando milhares de pessoas passavam por uma passagem estreita entre o Monte Arafat e os acampamentos em Mina.
Apedrejamento de Satanás
No ano seguinte, em fevereiro de 2004, cerca de 244 pessoas foram mortas e outras 200 feridas durante outro tumulto no “Apedrejamento de Satanás”. A debandada teria durado 27 minutos antes que as autoridades o controlassem. Como resultado, após o incidente, a Arábia Saudita ergueu barreiras de segurança para evitar que outra tragédia desse tipo ocorra no futuro.
Desabamento de hotel
Durante o Hajj em 2006, um hotel de quatro andares a apenas 60 metros da Grande Mesquita de Meca desabou, matando 76 pessoas e ferindo dezenas de outras. Contudo, a maioria dos hóspedes do hotel estava orando na hora do desabamento, ou seja, a estrutura estava praticamente vazia. Por este motivo, muitos dos mortos eram pessoas que passavam pelo local.
Alguns dias após a tragédia do hotel, uma debandada em Mina matou mais de 345 peregrinos, tornando-se o incidente mais mortal desde 1990. A debandada aconteceu na ponte Jamarat, onde incidentes semelhantes haviam ocorrido antes. Eventualmente, mais tarde, as autoridades sauditas substituíram a ponte por uma estrutura de 4 andares para melhorar a superlotação.
Desabamento de guindaste
Por fim, em setembro de 2015, dez dias antes do Hajj, um guindaste desabou durante uma forte tempestade, quebrando o telhado da Grande Mesquita durante as orações de sexta-feira. Pelo menos 107 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas.
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