Se alguém se senta ao seu lado comendo pipoca ou outros alimentos crocantes (e até não crocantes também) e você se irrita instantaneamente, fique sabendo que isso é uma espécie de distúrbio. Segundo pesquisadores da Newcastle University e da University College London, no Reino Unido, pessoas que odeiam o som de pessoas mastigando, sons de respiração e outros do mesmo tipo, sofrem de misofonia.
O problema, de acordo com pesquisadores cientistas britânicos, é muito mais intenso que, simplesmente, o fato de “não gostar” de certos sons. Quem tem a condição tem reações intensas, que beiram ao ódio, quando ouvem o som de pessoas mastigando, por exemplo. É como se o cérebro, por algum motivo, enviasse a mensagem para lutar ou fugir, como relatou Olana Tansley-Hancock, de 29, que participou dos estudos e que convive com a misofonia há duas décadas.
O que se passa na cabeça de quem odeia o som de pessoas mastigando?
Para entender o que se passa na cabeças dessas pessoas, os pesquisadores do Reino Unido escanearam as reações cerebrais de Olana e de outras 42 pessoas que sofriam com o mesmo problema, 20 “normais” e 22 que sofriam com o distúrbio. Enquanto participaram da pesquisa, os voluntários tiveram que ouvir vários tipos de sons, enquanto estavam ligados à ressonância magnética, entre eles sons neutros, como o da chuva; sons mais incômodos de maneira geral, como gritos; e sons que ativavam a doença, como o da respiração ou o som de pessoas mastigando.
O que eles perceberam foi que, a parte do cérebro que une as emoções com a sensações, o córtex insular anterior, entra em atividade excessiva quando exposto a sons que ativam a misofonia. Além disso, nos participantes do estudo, que sofrem com a condição, as conexões e interações com outras partes do cérebro ocorriam de forma diferente.
Dessa forma, foi possível perceber que o que eles sentem, ao ouvir sons de mastigações, por exemplo, não é nojo nem desgosto. A emoção predominantes é a raiva, que começa como uma resposta normal, mas acaba se tornando uma resposta exagerada.
Quais as consequências no dia a dia?
Como você já deve ter percebido, esse é um tipo de transtorno que pode se tornar um sério problema na vida das pessoas, uma vez que a raiva que se sente é difícil de se controlar. Por isso, é comum que quem sofre de misofonia evite certos tipos de lugares, como o cinema, onde o consumo de pipocas e outros lanches é bastante comum.
Há casos ainda mais sérios, como a de Olana, que citamos acima, em que a misofonia a impedia de trabalhar. Ela ficava tão irritada com sons de respiração, de pessoas mastigando e do farfalhar de folhas, que ela passava a maior parte do expediente chorando ou tentando se contar, até que abandonou o serviço.
Misofonia tem tratamento?
A má notícia sobre isso tudo é que não existe um tratamento para o transtorno, pelo menos por enquanto. Os pesquisadores esperam que o entendimento sobre como funciona o cérebro dessas pessoas possam ajudar a desenvolver um tratamento futuramente. Uma possibilidade, por exemplo, é o uso de uma corrente elétrica de baixa intensidade que ultrapasse o crânio, já que sabe-se que esse método tem a função de ajustar as funções cerebrais.
Mas, até que tudo isso saia do papel, pessoas com misofonia precisam aprender a lidar sozinhas com suas limitações. No caso de Olana, ela conseguiu ter uma qualidade de vida melhor e voltar a trabalhar depois do uso de tampões de ouvidos.
Tenso, não? E você, sofre com esse mal ou conhece alguém que não suporte algum tipo de som? Não deixe de nos contar nos comentários!
E, para mostrar o quanto o cérebro humano pode ser complicado e o quanto nossas fobias podem ser diferentes, não deixe de conferir também: 22 comidas matam de agonia quem sofre de tripofobia.
Fonte: Uol