A Coreia do Norte é o país mais fechado do mundo, uma relíquia da Guerra Fria do século XX. A Guerra da Coréia, que dividiu a península coreana entre Norte e Sul, socialismo e capitalismo, começou em 1950 e teve apenas um armistício em 1953. A paz, oficialmente, nunca foi assinada, portanto, a rigor, o conflito não terminou.
Mantida pelo governo de uma mesma família (com o poder passado de pai, para filho, para neto) a Coreia do Norte é, na prática, uma espécie de monarquia socialista com os meios de produção controlados pelo Estado.
Enquanto o Sul se transformou num dos Tigres Asiáticos, com suas empresas como a LG, Samsung, Hyunday, filmes ganhando o Oscar, séries, doramas e K-bands tomando o mundo, o Norte se fechou num regime cada vez mais fechado, até por conta das sanções internacionais.
Atualmente, o país depende quase que exclusivamente do gigante do norte, a China, para garantir a sua subsistência. Por sua vez, a China usa a Coreia do Norte como um “colchão”, armado com bombas nucleares, que a separa das tropas americanas ainda acantonadas ao Sul da península.
Todo esse isolamento deu margem para que as mais diversas teorias proliferassem sobre o exótico e fechado país. Para tanto, filtramos algumas informações comprovadas sobre o país.
10 curiosidades e fatos interessantes sobre a Coreia do Norte
1. A origem do país Coreia
O passado: a Coreia (em coreano, Hanguk) foi povoada pela primeira vez, no paleolítico, pelas tribos Tungus. A história da Coreia tem o início ligado à legendária dinastia de Tangun, cujo primeiro rei governou a partir do ano 2333 a.C. Esse primeiro reino, com capital em Pyongyang, durou 12 séculos e dele se conservam alguns monumentos, altares e tumbas.
O presente: A Coreia do Norte, ao contrário do Sul high-tech, permaneceu como uma fotografia de outra época, a dos regimes stalinistas dos anos 1950, típicos do Leste europeu e da União Soviética. Com os imensos monumentos e prédios no estilo “realismo socialista”, e a exibição de um vasto arsenal, inclusive nuclear.
Recentemente, por sinal, mísseis norte-coreanos assustaram o Japão, sobrevoando seu espaço aéreo.
2. O maior estádio do mundo
O maior estádio de futebol do mundo, digno da era Soviética, fica na Coreia do Norte. O Maracanã é pequeno diante do Rungrado 1º de Maio, localizado em Pyongyang, capital da República Popular Democrática da Coreia.
O estádio foi inaugurado em 1989 e tem capacidade para mais de 150.000 pessoas. Está disponível para eventos esportivos e cerimônias políticas, gigantescas, bem ao estilo socialista antigo.
Curiosamente, um pequeno time brasileiro, já extinto, o Clube Atlético Sorocaba, da cidade do interior paulista, jogou contra a seleção local diante de 80 mil norte-coreanos. O jogo aconteceu em 2009. O clube brasileiro foi convidado pelo reverendo Sun Myung Moon, um dos investidores do clube sorocabano. O time de Sorocaba fez quatro viagens à Coreia do Norte entre 2009 e 2015.
3. O metrô mais profundo do mundo
Os habitantes de Pyongiang se orgulham de ter o metrô mais profundo do mundo (e que pode ser usado como abrigo anti-nuclear, inclusive), com 110 metros no subsolo.
Dentro da estação com visitação permitida aos estrangeiros, com grossas colunas de mármore, lustres luxuosos, estátuas dos líderes e mosaicos de ladrilho exibindo a prosperidade e a devoção do povo por seus comandantes.
Ela é mais profunda que a estação de metrô Arsenalna, localizada em Kiev, capital da Ucrânia, a maior da Europa, que tem uma profundidade de 105,5 metros abaixo da superfície.
4. A Coreia do Norte tem apenas um candidato, sempre
O PTC é o Partido dos Trabalhadores da Coreia. Oficialmente, ele convive com outros dois partidos criados “pela reunificação da pátria”. Porém, quem governa e sempre governou é o PTC, que também controla o exército. E são, ambos, controlados pela família dominante.
Amparado na “Juche”, a ideologia criada pelo avô de Kim Jong-un, o partido combina marxismo, coletivismo e nacionalismo. Há eleições a cada cinco anos, mas apenas um candidato, sempre com o mesmo sobrenome. Kim Jong-un é o atual Líder Supremo.
5. A Coreia do Norte tem o 5º maior exército do mundo
Além de mísseis intercontinentais e nucleares, o exército do país é o quinto maior do mundo. Ele emprega quase 5% da população total do país, que tem 26,4 milhões de habitantes. Atualmente, o primeira é o da China, seguido dos EUA, Rússia e Índia.
Para os norte-coreanos, inexiste “outra Coreia”, no caso a do Sul. Existe apenas uma Coreia, a República Popular Democrática da Coreia. Portanto, se um dia você for à Coreia do Norte, evite chamá-la assim e, principalmente, não mencione a República da Coreia, que é o nome oficial do país vizinho do Sul.
6. A Coreia do Norte tem um calendário próprio
No país, não estamos em 2023, mas sim no ano 107. Pois foi há 107 anos que nasceu o Grande Líder, o fundador da Coreia do Norte, Kim Il-sung, avô do atual governante.
Em toda parte é possível ver retratos e estátuas gigantescas dos líderes históricos do país, quase como deuses ou profetas. No entanto, os norte-coreanos sentem necessidade de mostrar aos estrangeiros que existe liberdade de religião no país. Entretanto, Bíblias são terminantemente proibidas, e apenas uma única Igreja Ortodoxa Russa é tolerada, além de uma imagem de Buda, bem escondida, no interior.
7. Carne de cachorro
A dieta do povo norte-coreana é considerada saudável, mas pouco farta, dada a dificuldade em adquirir mantimentos do exterior devido às sanções internacionais. Além disso, o país também tem um clima frio e pouco propício a uma agricultura variada.
Basicamente, a dieta norte-coreana é composta por vegetais, arroz e macarrão, seguidos de frango magro, peixes e porco. E cachorro! Resquício de épocas de grandes fomes, como na China, a carne de cachorro também está disponível no cardápio. Segundo os guias locais, no entanto, atualmente há maior rigor na criação, abate e inspeção de procedimentos dos animais.
9. Vigiando estrangeiros
A partir do momento que você, um raro estrangeiro, entra na Coreia do Norte, não é possível se portar como um turista comum. São três guias da agência de turismo do governo, sempre de olho.
Eles definem todo lugar em que você pode ir, e controlam tudo o que você pode fazer: desde quando atravessar uma rua ao momento permitido de tirar fotos.
O hotel é autossuficiente para que os estrangeiros não queiram sair à noite, dispondo de bares, sinuca, karaokê e até boliche. Pelo menos, o álcool não é proibido e você pode até provar da cerveja local, a Taeddongang e do Sonju, seu aguardente de arroz.
9. O andar que não existe
O Hotel Yanggakdo, um dos únicos da Coreia do Norte, tem um “andar que não existe”. Estrangeiros puderam notar que no elevador não existe o quinto andar. Segundo os funcionários, entretanto, o quinto andar seria uma área apenas para os funcionários do hotel. Guias vigilantes acompanham os estrangeiros que saem do hotel para evitar ao máximo o contato deles com os locais.
10. Suiça e Dennis Rodman
Segundo a jornalista Anna Fifield, autora de The Great Successor: The Divinely Perfect Destiny of Brilliant Comrade Kim Jong-un (O Grande Sucessor: O Destino Divinamente Perfeito do Brilhante Camarada Kim Jong-un, em tradução livre), o jovem líder norte-coreano, teve uma infância e juventude solitária, sendo preparado pelo pai para sucedê-lo na dinastia.
Ele é o terceiro filho na linha de sucessão. O primeiro caiu em desgraça ao tentar entrar no Japão com um passaporte falso, o segundo foi considerado inepto. Portanto, só restou Kim Jung-un. Mas a subida ao poder, no entanto, não se deu sem esforço.
Apesar da retórica anticapitalista do pai, as melhores escolas da Suíça tiveram Kim Jung-un como aluno de forma anônima. Pessoas que o conheceram afirmam que ele gostava de filmes de ação de Hollywood, especialmente animações da Disney, mas não há fontes seguras que confirmem essa informação. Entretanto, Kim Jong-un é conhecido por ser um grande fã de basquete, e teria acompanhando os jogos da NBA americana.
Ele chegou a organizar um jogo de basquete com Dennis Rodman em 2014, quando o ex-jogador americano visitou a Coreia do Norte a seu convite. Rodman se tornou um grande amigo do líder norte-coreano e voltou diversas vezes ao país, recebido com festa e distinção.
- Leia mais: agora que você conheceu (um pouquinho) da Coreia do Norte, conheça um pouco sobre a cultura da Coreia do Sul: Doramas e Round 6
Fontes: Yspanuslanguages, Invictus, Caminhos me levem