O medo de uma guerra nuclear começou a tomar conta do mundo a partir do início da Guerra Fria. Na época, a tensão entre as principais potências do mundo pós-Segunda Guerra – EUA e União Soviética – deixou todo o planeta com medo dos efeitos de uma catástrofe mundial.
Desde então, nosso planeta nunca realmente viu uma guerra desse nível, mas o medo não deixou de existir. Pensando nisso, por exemplo, especialistas analisam possibilidades e simulações de conflitos nucleares em várias ocasiões.
Um grupo da Universidade de Princeton, nos EUA, está entre esses especialistas. Com um projeto de simulação chamado Plano A, os pesquisadores analisaram a devastação que uma possível guerra nuclear traria ao mundo.
Vítimas de guerra nuclear
A primeira previsão aterrorizante dos efeitos de uma guerra nuclear é direta: em poucas horas, haveria cerca de 34 milhões de mortos. Além disso, outros 57 milhões de feridos completariam a lista.
Para isso, o cálculo considerou um ataque com início com um míssil nuclear de “advertência” na Europa. A partir daí, os envolvidos começam a disparar outras ogivas nucleares e mísseis de curto alcance em bases e tropas inimigas.
Em média, um ataque de cerca 45 minutos com 5 a 10 ogivas nucleares pode matar por volta de 3,4 milhões de pessoas. Ou seja, com a multiplicação dos ataques, o número rapidamente poderia chegar a dez vezes esse valor.
Ao número de mortos, então, acrescenta-se todos os feridos durante a guerra nuclear. As expectativas assumem quase o dobro de feridos, em comparação com mortos, o que quase triplica o número total de vítimas. Ao todo, cerca 91,5 milhões de pessoas seriam afetadas em poucas horas.
E se você pensa que isso já é tudo, o número poderia ser ainda pior. Isso porque os especialistas não levaram em conta as mortes causadas a longo prazo por efeitos da radiação e seus resíduos na região.
Cálculos do fim do mundo
De acordo com os especialistas de Princeton responsáveis por simular os efeitos da guerra nuclear, os cálculos são “razoáveis”. Eles explicam que a simulação considerou comportamentos de EUA e Rússia, bem como possíveis objetivos militares e políticos dessas potências.
Além disso, o poder de destruição das armas utilizadas também influenciou diretamente nos valores totais. O número de mortos teve base no NukeMap, uma ferramenta “altamente precisa”, de acordo com a professora de política internacional da Universidade Western, Erika Simpson.
Outros especialistas que comentaram a simulação, consideram que o projeto traz “informação vital para o público”. Segundo Dinshaw Mistry, especialista em proliferação nuclear da Universidade de Cincinnati e autor do livro “Contendo a Proliferação de Mísseis”, exercícios assim ajudam a estimular reflexões sofre os efeitos de uma guerra nuclear no planeta.
Controvérsias
Apesar das vantagens do efeito, especialistas também alertam que o trabalho de previsão tem algumas limitações. Isso porque supõe-se que uma guerra nuclear de proporções gigantes seria menos provável. Ao invés disso, seria mais normal visualizar um efeito de pequena escala, especialmente na etapa inicial do conflito.
Outros especialistas apontam que é importante tratar do controle dos conflitos e da contenção de danos. “Seria útil acrescentar à simulação mais informações e ações que poderiam ser adotadas para reduzir o perigo”, explicou Matthew Bunn, professor da Universidade de Harvard, especialista em medidas de controle da proliferação de armas nucleares.
Inverno nuclear
Um outro estudo da Universidade Rutgers, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas (NCAR) e da Universidade do Colorado também aplicou simulações para estudar uma possível guerra nuclear.
Além do alto número de mortes, o estudo destacou efeitos como o inverno nuclear. Como resultado dos ataques, nuvens de fuligem e fumo provocariam uma redução global de 30% nas precipitações nos primeiros meses. A falta de luz solar também poderia reduzir as temperaturas médias do planeta em cerca de 9 ºC.
Considerando o uso de todas as armas nucleares que EUA e Rússia possuem atualmente, a nuvem poderia cobrir todo o hemisfério norte em uma semana. O hemisfério sul, no entanto, não fica a salvo. Dentro de duas semanas, ele também ficaria coberto.