É difícil não começar esta história mencionando o contexto em que se deu a vida de Bonnie e Clyde, especialmente durante seus últimos anos.
No final dos anos 1920 e início dos anos 1930, os Estados Unidos estavam passando por uma crise econômica sem precedentes, conhecida como Grande Depressão, que empurrou muitos desempregados e sem esperança para o crime.
Nesse contexto, a infância de ambos foi cheia de tentações de se apropriar do que era dos outros, especialmente no caso de Clyde. Em suma, o casal viveu o amor à sua maneira, entre balas, crimes e mortes, o que os tornou verdadeiras “celebridades” entre muita gente. Vamos ver os detalhes de suas vidas a seguir.
Quem foram Bonnie e Clyde?
Bonnie e Clyde ficaram famosos nos Estados Unidos a partir da década de 30. Apesar da fama, o casal, na verdade, era responsável por realizar crimes pelo país, incluindo assaltos e homicídios.
Durante a Grande Depressão, na década de 30, a dupla agia com outros parceiros principalmente na região central dos EUA. A carreira de crime do casal terminou em 1934, quando foram mortos em uma ação policial.
Mesmo durante a carreira de crime, Bonnie e Clyde já eram considerados ídolos pelos EUA. Vistos como estrelas de cinema por muitos, eles eram tidos como símbolos da luta contra a opressão do Estado.
Bonnie
Bonnie Elizabeth Parker nasceu em 1910 e veio de uma família de classe média. Sua mãe era costureira e seu pai pedreiro. Depois que seu pai morreu (quando ela tinha 4 anos), sua mãe levou ela e seus outros filhos para o Texas.
Lá Bonnie desenvolveu um amor pela literatura e poesia. Na adolescência, casou-se com aquele que mais tarde seria seu carcereiro: Roy Thornton. Infelizmente, o casamento não foi feliz. A jovem família sofria constantemente com dificuldades financeiras.
Bonnie foi forçada a trabalhar como garçonete, mas após o fechamento de seu café, a situação da família tornou-se verdadeiramente desastrosa. Além disso, o próprio Roy não procurou sustentar sua jovem esposa.
Não era incomum que ele desaparecesse por semanas sem contar a Bonnie o que estava fazendo. O divórcio tornou-se inevitável e logo após terminar com Bonnie, Roy acabou na cadeia.
Clyde
Clyde Chestnut Barrow, nasceu em 1909 no Condado de Ellis (Texas). Ele também veio de uma família humilde. A crise econômica a sufocou em dívidas, então aos 17 anos, Clyde começou a roubar.
A princípio ele roubava apenas para comer, junto com seu irmão mais velho Marvin (apelidado de Buck). Mas, pouco a pouco, a intensidade dos roubos foi aumentando até se tornarem assaltos, sequestros e incursões. Aos 21 anos, Clyde já havia passado duas vezes pela cadeia.
Dizem que os dois se conheceram na casa de alguns amigos que tinham em comum por volta do início da década de 1930. O encanto foi tão mútuo quanto imediato, razão pela qual foram morar juntos pouco tempo depois.
Ela sonhava em se dedicar à literatura (alguns de seus poemas são famosos) e ele planejava arrumar um emprego e viver dentro da lei. No entanto, este último durou apenas alguns meses, já que Clyde voltou a roubar e foi preso.
Separados, ambos enviaram cartas de amor e entenderam que não conseguiriam viver sem estarem juntos. Foi assim que Bonnie deu um revólver a Clyde e ele conseguiu escapar de uma prisão onde havia sido estuprado e submetido a condições extremas de trabalho. Assim, a lenda começou a tomar forma.
Crimes cometidos por Bonnie e Clyde
Bonnie e Clyde montaram uma gangue criminosa com outras 4 pessoas (incluindo o irmão de Clyde e sua esposa) e começaram uma série de roubos que mais tarde levariam a derramamento de sangue.
Em princípio, a opinião pública da época falava deles como uma espécie de “Robin Hood” moderno, já que os assassinatos eram contra agentes de segurança. Ao mesmo tempo, era difícil capturá-los, pois fugiam rapidamente para estados onde os crimes cometidos não tinham jurisdição.
Por mais de 2 anos, eles fugiram e foram perseguidos em diferentes partes do país, como Texas, Oklahoma, Louisiana, Arkansas e Illinois. Os crimes continuaram e se tornaram cada vez mais violentos.
Bonnie e Clyde não eram mais vistos como heróis, mas como vilões. O Governo Federal dos Estados Unidos, por sua vez, abriu mão dos serviços do FBI e colocou os Rangers, uma das unidades mais letais do Exército, no comando da investigação.
Morte de Bonnie e Clyde
Depois de obter uma informação importante sobre seu paradeiro, Bonnie e Clyde são surpreendidos na madrugada de 23 de maio de 1934.
Sem possibilidade de se defender, nem de se render, nem de ser processado, Bonnie e Clyde e o carro Ford V8 em que viajavam receberam um total de 167 tiros.
Uma grande parte deles impacta seus corpos, causando-lhes morte instantânea. Isso não impede que Frank Hamer, o Ranger encarregado da perseguição, acabe com Bonnie com dois tiros.
Apesar do desejo de ficarem juntos, Bonnie Parker e Clyde Barrow estão enterrados em diferentes cemitérios na cidade de Dallas.
Referências na cultura pop
Anos depois, ocorreria o lançamento de vários filmes e séries que recriariam a vida criminosa do casal, além de obras que reinterpretassem ou transferissem seu estilo de vida para os dias atuais, como “The End of the Fucking World” ou “Assassinos por Natureza”, entre muitos outros, fazendo prevalecer até hoje o eco do mito.
Além disso, de acordo com a reportagem da mídia Bloomberg, os protagonistas do próximo GTA (GTA VI) serão um casal, que terá uma mulher de origem latina e um parceiro sobre o qual não foram divulgadas mais informações.
Este casal criminoso será um paralelo com a lenda de Bonnie e Clyde, os bandidos históricos cuja história você conferiu aqui.
7 curiosidades sobre Bonnie e Clyde
1. Violência doméstica
Antes de conhecer Clyde, Bonnie se casou com Roy Thornton. A jovem conhecera o marido na escola, aos 16 anos, e se casou em 1926. Apesar de ter encerrado o relacionamento por infidelidade e maus-tratos do parceiro, ela nunca chegou a divorciar-se legalmente.
2. Formação da gangue
Além do casal, a Gangue Barrow contava com os membros Raymond Hamilton, Joe Palmer, W.D. Jones, Ralph Fults, e Henry Methvin. O grupo também incluía Buck, irmão mais velho de Clyde, e sua esposa, Blanche.
3. Poucos roubos
Apesar de retratados como especialistas em roubos a banco, o grupo assaltou menos de quinze cofres na carreira. No total, acumularam lucros de apenas US$ 80, equivalentes a cerca de US$ 1,5 mil, hoje em dia.
4. Fotografias da gangue
As fotografias da gangue foram responsáveis por apresentar o grupo como ídolos romantizados da década de 30, quase como ídolos de Hollywood.
5. Carta para Henry Ford
Mesmo sendo fugitivo da polícia, Clyde escreveu uma carta para Henry Ford, elogiando o carro que dirigia. A mensagem dizia: “Em termos de velocidade e fiabilidade o Ford supera qualquer automóvel e, mesmo que os meus negócios não sejam exatamente legais, não deixo de dizer-lhe que tem aqui um belo automóvel.”
6. Tiroteiro que matou Bonnie e Clyde
Segundo alguns historiadores, o tiroteio entre Bonnie e Clyde e grupo de Hamer teria durado apenas 16 segundos. Por outro lado, outros defendem que ele tenha acontecido por cerca de dois minutos.
7. Veículo usado pelo casal
O veículo do tiroteiro de Bonnie e Clyde foi devolvido ao proprietário original, que não reparou o veículo. Desde então, ele passou por vários museus e hoje está em exibição no “Primm Valley Resort and Casino”, no estado do Nevada.
Fontes: Observador, Aventuras na História, Aventuras na História, DW, El País, Opera Mundi
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